A nova conta da CBF no Instagram: de olho no mercado internacional (Arte/Exame)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 25 de julho de 2025 às 10h49.
Última atualização em 25 de julho de 2025 às 11h01.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mudou o nome da conta do perfil oficial da seleção brasileira no Instagram de "CBF" para "brasil". O comunicado foi feito nesta quinta-feira, 24 de julho. À primeira vista, parece uma simples mudança de nome. Mas especialistas apontam que passar de @cbf_futebol para @brasil pode ter impactos no campo dos negócios e do marketing.
Para a CBF, o objetivo parece claro: buscar a internacionalização do perfil em busca de fãs de outros continentes e menos familiarizados com siglas do futebol nacional. A ideia, de acordo com analistas, é tornar a conta mais acessível e atrativa.
"Nomes e símbolos importam”, diz Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil, com experiência em marketing esportivo, comunicação, inovação e ESG no mundo dos esportes. “Essa mudança traz muitas camadas. Em primeiro lugar, a reafirmação da seleção como um dos principais símbolos de identidade nacional e orgulho internacional.”
Para Vasconcellos, do ponto de vista das redes sociais, "@brasil" é bem mais simples para marcações e interações, usando a comodidade em favor do aumento do alcance dos canais. Mesmo sem o "z", deve funcionar bem demais para estrangeiros, sem deixar de usar a nossa linguagem.”
Existe um precedente para essa mudança de nome. Em janeiro deste ano, o COB apresentou a identidade Time Brasil. “Essa mexida mostra que a entidade está atenta ao comportamento do consumidor e disposta a se tornar ainda mais próxima das pessoas, ao menos em seus perfis oficiais."
Entre as principais seleções do mundo, a conta do Brasil tem 18,1 milhão de seguidores e só perde para a Portugal, que conta com o astro Cristiano Ronaldo como garoto-propaganda, com 20,8 milhões de fãs.
"Existem no mínimo duas ótimas justificativas para a mudança”, diz Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas. “A primeira, uma possível questão de reputação da instituição entre os brasileiros. Fazer com que as pessoas leiam e vejam menos a sigla pode diminuir uma rejeição à equipe nacional.”
A segunda justificatifa é relacionada ao público estrangeiro. "Onze de cada dez pessoas fora do Brasil não sabem o que a sigla significa, e até o perfil da confederação portuguesa, que é de um país com população que não é de um décimo da nossa, tem mais seguidores, usando o nome do país. Não é uma inovação, mas uma iniciativa válida, que réplica o que já funcionou com outros",
Recentemente, quem fez um movimento parecido ao do Brasil foi a seleção da Inglaterra, que passou a se chamar @england no Instagram e conta com 12,4 milhões seguidores.
"Mudanças que trazem facilidades aos torcedores, especialmente aos que estão em outros continentes, são sempre importantes, e é isso que a CBF busca alterando o @ para brasil”, diz Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência de experiências esportivas.
“Esse é um movimento feito pela seleção da Inglaterra, e os números mostram que contas com nomes acessíveis são mais reconhecidas e seguidas, além de trazer um amplo leque de ganhos institucionais e comerciais. Esse crescimento em tempos de redes sociais é fundamental, mas é válido dizer que devem vir acompanhadas de ações criativas e um conteúdo que consiga atrair diferentes tipos de públicos”, afirma Lo Prete.
Os últimos acontecimentos envolvendo o afastamento do então presidente Ednaldo Rodrigues fizeram com que a seleção brasileira perdesse quase 100 mil seguidores nos últimos 30 dias. Espera-se que agora venha uma recuperação.
"A mudança é de grande valia, muito importante e necessária”, opina Rene Salviano, CEO da Heatmap e especialista em patrocínios e ativações de marketing esportivo. “Percebemos que a CBF está dando atenção ao segmento digital, que a meu ver, é um dos principais pilares de qualquer instituição desportiva não apenas para uma comunicação estratégica, mas também, para monetização."
“A gestão da CBF, apesar de pouco tempo em atividade, demonstra que as redes sociais da entidade serão geridas com outra ênfase e estratégia se comparada com a gestão anterior”, diz Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo. “Os sinais demonstram que a entidade buscará através da geração de conteúdo e da comunicação uma aproximação junto ao torcedor, principalmente aos jovens."
A Argentina, atual campeã do mundo, segue com o nome parecido ao que estava o Brasil, fazendo alusão à confederação, no caso, @afaseleccion. Atualmente, possui 14,6 milhões de seguidores. Entre as outras grandes seleções do mundo, a França tem a conta como @equipedefrance e 16,2 milhões de seguidores. A da Alemanha é das que têm menos seguidores - 7,2 milhões no total, com o nome @dfb_team, assim como da Espanha (@sefutbol), também com os mesmos 7,2 milhões Já a Itália leva o nome de @azzurri e possui 6,4 milhões.
"As redes sociais, hoje, possuem um alcance global inimaginável, e mudanças práticas e ações envolvendo essas contas podem trazer não somente ganhos de novos fãs e reputação, especialmente de fãs de outros países, mas também atrair um mercado que está infinitamente aberto para parcerias comerciais, especialmente com os atuais parceiros da seleção e futuros colaboradores", diz Henrique Borges, VP executivo de vendas, marketing e novos negócios da Somos Young.