EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Depois de uma semana afirmando confiar na segurança de seus processos licitatórios, a Petrobrás decidiu ontem cancelar a concorrência para a escolha de agências de publicidade, que levantou suspeitas de fraude, após o vazamento dos resultados da primeira etapa. Segundo fontes, a decisão foi tomada pouco depois de a empresa ter sido notificada pelas 15 agências desclassificadas do processo de que entrariam com um mandado de segurança contra a licitação, que escolherá as três agências responsáveis pelas campanhas de 2010, um contrato de R$ 250 milhões.
Apesar de anunciar o cancelamento, a estatal manteve a sua posição de que o processo não estaria comprometido por conta do vazamento. O site Propaganda e Marketing, da Editora Referência, anunciou os nomes das três primeiras colocadas na primeira etapa da licitação com duas horas de antecedência em relação ao horário previsto para a abertura dos envelopes. Em nota à imprensa, a companhia reforçou que a divulgação dos nomes ocorreu três dias após a análise das propostas técnicas e, portanto, não teria influência sobre o processo.
Continuidade
Anteontem, a diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Graça Foster, afirmou que havia sido uma indicação do corpo jurídico da empresa a continuidade da licitação. Mas ela não soube responder como o site teve acesso aos nomes das empresas, já que as propostas analisadas pela comissão de licitação eram identificadas por números. Apenas os envelopes que seriam abertos horas depois poderiam fazer a correlação entre as propostas e as agências publicitárias envolvidas na disputa.
Esse tipo de processo licitatório apócrifo (sem identificação do proponente) foi desenvolvido pela Petrobrás em 2007, após a estatal ter os contratos de agências publicitárias questionados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2006.
As agências de propaganda Heads, Quê e Dentsu haviam sido as três primeiras colocadas no processo e teriam contrato por um ano, renovável por mais um. Entre elas, apenas a Dentsu é estreante no atendimento à Petrobrás, e substituiria a F/Nazca Saatchi & Saatchi. As demais já possuíam o contrato com a estatal, que terminou em 31 de janeiro. Os atuais contratos devem ser prorrogados até que o novo edital seja lançado.
"A decisão de anular é uma demonstração de que a Petrobrás zela pela reputação da sua marca, que é respeitada no mundo", diz Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). Para ele, diante do fato de que a empresa não descobriu os motivos que levaram ao vazamento, optou por anular a licitação. Alguns publicitários confirmaram a disposição de participar da nova licitação, embora digam temer que "os interesses políticos se sobreponham aos técnicos na hora da decisão", como dizem ter ocorrido no processo anterior.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo