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Pegadinha em processo seletivo expõe racismo assustador

Novamente, governo paranaense faz experimento social para falar sobre racismo

Campanha do governo do Paraná: experimento social expõe racismo nas empresas (Governo do Paraná/Divulgação)

Campanha do governo do Paraná: experimento social expõe racismo nas empresas (Governo do Paraná/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 14h32.

Você aceitaria trabalhar em um ambiente hostil? Em que os colegas fazem bullying uns com os outros? Se precisasse, mudaria sua roupa e cabelo para que fosse aceito?

E sobre ganhar metade, mesmo trabalhando a mesma quantidade de tempo? Quem é branco dificilmente já teve que considerar essas possibilidades, mas caso sim, aceitaria?

A nova campanha do Governo do Paraná e Consepir “Processo Seletivo” expõe um dos principais problemas enfrentados pelos negros no Brasil: o Racismo Institucional.

Criada pela Master Comunicação e em parceria com uma empresa real de recrutamento, a campanha convidou profissionais em busca de emprego para participar de uma entrevista em uma empresa fictícia. O que os candidatos não sabiam é que estavam participando de um experimento.

Durante a entrevista, o recrutador oferece vagas difíceis de encarar, com direito a bullying, assédio moral, salários inferiores aos demais profissionais e até alterações em características físicas. “Escolhemos situações que embora pareçam irreais são vividas diariamente por negros no mercado de trabalho, e que muitas vezes são ignoradas pela sociedade”, explica Felippe Motta, diretor de criação.

No filme nenhum dos candidatos brancos aceitou trabalhar em tais condições, o que reforça o conceito da campanha: se você não aceita isso para você, por que um negro deveria aceitar?

O governo do Paraná já tinha feito outra campanha sobre racismo no ano passado, que viralizou nas redes sociais.

Para Cícero Rohr, diretor de atendimento, apesar de muitas empresas afirmarem não tolerar esse tipo de prática, as estatísticas dizem o contrário. “Toda campanha é embasada em dados que assustam como a enorme diferença salarial percebida no país que pode chegar a 40%”, enfatiza Cícero.

Para a diretora de diversidade da ABRH-Brasil, Jorgete Leite Lemos, é preciso aproveitar o momento para reflexão sobre a importância do negro na sociedade, mas de uma forma rápida, condizente com a velocidade do mundo atual: “Proponho abandonarmos a visão “nós e outros” e racionalmente alinharmos a visão do nós para corrigir a trajetória ante a finitude dos valores e da nossa sociedade”, pontua.

É a segunda vez que o Governo do Paraná encabeça uma campanha sobre o tema. No ano passado, o Teste de Imagem chocou o país e foi destaque nos principais veículos de comunicação.

De acordo com Edson Luis Lau Filho, Assessor Especial da Juventude do Governo do Paraná mais da metade da população brasileira é negra (54%), mas "o racismo institucional é uma verdade, uma situação inquestionável, da qual a maior parte das pessoas nunca havia se dado conta. Esperamos que a nova campanha, que lançamos agora, continue sensibilizando, fomentando o debate e modificando atitudes”.

Além do filme que traz as reações dos candidatos, a campanha também conta com spots de rádio e o site, que traz informações e estatísticas sobre o racismo institucional.

Matéria publicada originalmente no site AdNews.

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