Marcelo Pontieri, diretor de marketing da divisão Enterprise da NVIDIA para América Latina (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 22 de agosto de 2025 às 16h57.
Última atualização em 22 de agosto de 2025 às 17h05.
A Nvidia, que recentemente alcançou US$ 4 trilhões em valor de mercado, aplica inteligência artificial em diversas áreas, incluindo marketing. Em painel realizado no Rio Innovation Week, Marcelo Pontieri, diretor de marketing da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina, explicou como os agentes de IA representam a evolução dos chatbots e já fazem parte do cotidiano de sua equipe.
Pontieri contou que recorre a agentes para automatizar tarefas antes feitas manualmente. “Posso pedir para buscar tudo o que foi publicado sobre a Nvidia durante a semana e receber o relatório pronto na data definida”, disse.
Ele relatou ainda experiências com a criação de diferentes agentes, cada um com funções específicas: um coleta dados, outro faz a análise e um terceiro organiza os resultados em gráficos. “Essa interação entre agentes permite que o material chegue mais rápido e estruturado para a tomada de decisão”, afirmou.
Segundo o executivo, essa evolução marca uma mudança em relação aos chatbots tradicionais. “Os chatbots tradicionais estão caindo em desuso e sendo substituídos aos poucos pelos agentes de IA modernos”, afirmou.
Ele explicou que os chatbots funcionam apenas com comandos básicos, enquanto os agentes de IA utilizam modelos de linguagem mais avançados, entendem contexto e conseguem manter uma conversa natural.
“Enquanto o chatbot só reage a um comando, o agente de IA pode oferecer soluções, sugerir a repetição de uma ação anterior ou até mesmo antecipar necessidades do usuário”, disse.
O diretor comparou os limites dos chatbots — que cumprem funções restritas, como FAQs simples e personalização genérica — com as possibilidades dos agentes de IA, capazes de análises complexas, personalização individualizada e autonomia para aprender e tomar decisões.
“No chatbot, chega uma hora que você precisa de um humano porque ele não vai resolver o seu problema. E no caso do agente de IA, ele vai aprender e tomar uma decisão”, afirmou.
Entre as aplicações, citou o comércio eletrônico, em que agentes podem identificar abandono de carrinho e acionar comunicações específicas para tentar concluir a compra. No caso de vendas B2B, destacou o potencial de acompanhamento em ciclos de negociação mais longos.
“Em alguns casos, a conversão pode levar meses. O agente de IA mantém contato com o cliente e envia conteúdos relevantes durante todo o período”, afirmou.
Para exemplificar o impacto, Pontieri apresentou experiências de empresas que já adotaram agentes. A Coca-Cola, disse, utilizou a tecnologia para engajar consumidores em tempo real em uma campanha criativa que ajustava sabores e embalagens conforme a interação do público, com segmentação por região. “Foi uma campanha que mostrou como os agentes podem gerar engajamento imediato”, contou.
Na Sephora, a tecnologia foi incorporada ao e-commerce para permitir testes virtuais de maquiagem com a câmera do celular. “É como se fosse um vendedor digital. O agente ajuda o cliente a experimentar o produto antes da compra e reduz a chance de frustração”, disse.
Ele também citou a Netflix, cliente da Nvidia, pelo uso intensivo de modelos de IA em recomendações personalizadas. “Imagine a base de dados da plataforma. É possível identificar padrões de comportamento e sugerir o próximo filme que o usuário vai assistir, garantindo que ele permaneça engajado”, explicou.
Outro exemplo foi o da HubSpot, que utiliza agentes para qualificar leads com base em interações digitais, como downloads de documentos e visitas a páginas específicas. “O vendedor já recebe a informação de que aquele contato tem maior potencial de conversão e pode oferecer a solução correta”, disse.
Pontieri ressaltou que os agentes também podem ampliar a criatividade das campanhas. “Temos hoje a capacidade de usar os agentes ao nosso favor para criar campanhas mais assertivas, com baixo custo de investimento”, afirmou.
Ele contou que, na Nvidia, há encontros semanais para que cada integrante da equipe de marketing compartilhe experiências com inteligência artificial. Segundo ele, a prática ajuda a identificar novos pontos em que a tecnologia pode contribuir para as estratégias da empresa.
O diretor também abordou o impacto na experiência do consumidor, destacando que agentes de IA permitem maior personalização e reduzem a frustração típica de interações com chatbots. “Esse tipo de interação é fundamental para retenção de clientes”, disse.
Entre os benefícios, listou a hiperpersonalização em larga escala, a automação de processos complexos e a geração de insights preditivos. “Quem souber usar IA para analisar e executar campanhas vai se sobressair”, afirmou.
Ao concluir a apresentação, destacou a velocidade das mudanças no setor. “Temos que nos conscientizar sobre onde a inteligência artificial pode ajudar a ser mais efetivo e produtivo. A mudança é rápida, e precisamos aprender rápido também”, finalizou.