Volanty: startup brasileira troca logomarca azul por novo esquema de cores (Volanty/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 14 de maio de 2020 às 11h00.
Última atualização em 14 de maio de 2020 às 11h00.
Para a startup de venda de carros usados Volanty, a crise causada pela pandemia do novo coronavírus impulsionou a realização de um sonho: um processo de venda totalmente online. A empresa, criada em 2017 no Rio de Janeiro, aproveitou sua experiência no mundo digital para atender os consumidores que precisam trocar seus automóveis mesmo com as lojas físicas fechadas.
“A nossa essência aparece mais durante a crise. Somos uma empresa digital em um mundo que se torna mais digital”, diz o fundador Maurício Feldman. O processo de encontrar o carro desejado no site da empresa segue o mesmo. O que mudou foi que as visitas que o cliente fazia na loja para inspecionar o veículo agora são feitas por chamada de vídeo com um funcionário da empresa. Se for finalizar a compra, o cliente faz o pagamento pelo internet banking e recebe o carro na porta de casa no mesmo dia, a depender dos trâmites regulatórios.
Feldman admite que não foram muitos os carros vendidos nesse modelo, mas a transição para o digital aconteceu mais rapidamente e em um volume maior do que o esperado pela empresa. “Queríamos fazer venda 100% online, mas a população não estava pronta. Agora, que é quase obrigatório fazer compras na internet, tem dado super certo”, afirma.
Para coroar as mudanças, a Volanty reformulou sua marca. A empresa fez alterações em sua logomarca e alterou o esquema de cores de suas lojas e do site. Em vez do azul escuro, agora a startup usa uma mistura de laranja e azul em suas comunicações.
A primeira marca da Volanty foi desenhada quando a empresa ainda era formada somente por Feldman e Antonio Avellar. “Não representava mais a empresa, muita coisa mudou desde então”, diz o fundador. A nova identidade visual foi pensada para refletir cada um dos 150 funcionários da startup hoje. O processo de reformulação foi conduzido pelas consultorias Geometry e Tropical.
Para se diferenciar dos concorrentes, a Volanty optou por não usar mais o ícone de carro em sua logomarca. A empresa quer ser enxergada pelo mercado como uma especialista no setor de revenda de automóveis. O objetivo é mostrar para o cliente que ele está no centro de tudo e que a startup está cuidando para que ele tenha um catálogo robusto e informações suficientes para fazer a escolha mais inteligente de compra.
A empresa conseguiu conduzir o processo de mudança agora pois tem um fôlego de caixa. Em agosto de 2019, a startup carioca recebeu um aporte de 70 milhões de reais liderado pelo fundo do conglomerado japonês SoftBank. “Sempre quis fazer a mudança em um momento com dinheiro e com o time certo. No final do ano passado, percebi que tínhamos os recursos ideais”, afirma Feldman.
Feldman e Avellar são amigos de infância e fizeram graduação e MBA na mesma época nos Estados Unidos. Em 2016, Feldman queria abrir sua própria empresa e convidou o amigo para montar um negócio próprio. Os empreendedores se lembraram de um problema antigo: a dificuldade de vender seus automóveis antes de viajar para fora do país.
Os sócios passaram um ano desenvolvendo o novo negócio e montando uma apresentação de PowerPoint. No início de 2017, um investimento seed de 2,5 milhões de reais do fundo Canary transformou a ideia em empresa formalizada. Os fundadores investiram o capital em desenvolvimento tecnológico, time e infraestrutura e colocaram a operação para a funcionar em maio de 2017. Em junho de 2018, a startup recebeu um aporte de 19 milhões de reais do fundo Monashees (Rappi, DogHero).
No começo, a empresa conectava compradores e vendedores. Agora, a companhia compra e vende diretamente os carros oferecidos na plataforma.
Quem quer vender seu carro com a Volanty precisa entrar no site da empresa, verificar quanto vale o seminovo e levar o veículo a um dos centros de atendimento em São Paulo ou no Rio de Janeiro. A empresa inspeciona mais de 120 itens no automóvel, incluindo a documentação. Com base no preço médio, liquidez do veículo, momento de mercado e estado do carro, o algoritmo da Voltanty faz uma oferta de preço.
Já para quem quer comprar, o processo é mais simples. Antes da covid-19, os automóveis ficavam disponíveis para visitação nos centros de atendimento da marca e o site oferecia um recurso de visualização 3D, que permitia aos interessados analisar o exterior e interior do carro. Agora, as visitas estão sendo feitas por vídeo chamada e o carro é entregue na casa do cliente. Em caso de necessidade, a empresa oferece o recurso de devolução garantida.
A startup, que tem cerca de 700 carros no seu estoque próprio, reduziu os custos fixos para poder sobreviver na crise. “Com o tempo, vamos nos recuperar, o coronavírus só atrasou um pouco nosso crescimento”, afirma Feldman.Por enquanto, os sócios não fizeram um plano de metas agressivas para 2020, já que ainda é difícil prever como estará a economia no futuro. A empresa aposta, no entanto, que a demanda por carros usados vai subir com a retomada econômica, já que o desemprego aumentou e há um receio maior das pessoas em usar o transporte público por causa das aglomerações.