Hiroki Mizobuchi, estudante japonês, na feira Hyper Japan, em Londres: em 2011, os homens japoneses de até 34 anos gastaram uma média de R$ 279 em produtos de beleza, 33% a mais que em 2010 (Matthew Lloyd/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 18h15.
Tóquio - Os jovens japoneses com idade entre 20 e 30 anos estão cada vez mais preocupados com a imagem, e na sociedade japonesa já são conhecidos como os "kireos", pessoas que buscam a perfeição estética através de cremes e tratamentos.
O termo "kireo", que denomina a nova tendência estética, provém da palavra "kirei", que significa "belo" ou "bonito", e define os novos jovens de sobrancelhas feitas, pele perfeita, penteados milimétricos e convenientemente perfumados.
Os "metrossexuais" japoneses são diferentes dos do Ocidente: na Europa e na América, a beleza se relaciona com exemplos similares para todos, nos quais os atores e cantores, com visuais mais tradicionais e parecidos, guiam as tendências da beleza masculina.
No país asiático, ao contrário, os homens buscam a beleza que os diferencie dos demais, que seja distinta da estética do homem tradicional de negócios japonês, e para isso cuidam com carinho seus penteados, do desenho da sobrancelha e da perfeição de sua pele, se aproximando à estética dos ícones musicais do oriente.
O "kireo", afastado do visual uniforme e apagado do executivo, considera que o cuidado da imagem faz com que as pessoas fiquem mais atrativas e interessantes, embora sua busca seja também uma tentativa de se reafirmar em uma sociedade baseada na solidão e no individualismo.
Segundo dados oficiais, em 2011 os homens japoneses de até 34 anos gastaram uma média de 11.000 ienes (R$ 279) em produtos de beleza, 33% a mais que em 2010, o que ressalta o aumento do interesse da classe pela estética.
O aumento desta tendência no Japão foi acompanhado pela aparição de diversos tipos de produtos e serviços para homens, desde salões de beleza especializados na estética masculina, até cremes para a face e a pele.
A moda no país asiático é tão evidente que, inclusive, nas lojas 24 horas, chamadas "combinis", dispõem de pequenos pacotes com cremes, loções e toalhas refrescantes para homens, que cada vez consomem mais este tipo de produto.
O porta-voz de uma das principais empresas do setor de cosmético no Japão, a Shiseido, considera que o segmento masculino tem "um grande potencial", embora na atualidade 90% deste mercado seja dirigido a mulheres.
A companhia lançou no ano 2003, na Europa, seus primeiros produtos direcionados ao universo masculino, principalmente loções capilares e cremes pós-barba, e em 2004 entrou no mercado japonês, onde o êxito fez crescer a um ritmo de mais de 10% por ano.
Segundo um estudo de 2011 realizado pelo instituto de beleza Beauty World Soken e divulgado pela agência local "Kyodo", 37% dos indagados, com idade entre 25 e 29 anos, disseram ter "interesse" nos cuidados e nos centros de estética. Dentre eles, 18% admitiu olhar frequentemente nas janelas de metrô para verificar se sua aparência está como a dos modelos e ídolos pop japoneses.
Na categoria de homens de entre 30 e 34 anos, o interesse pela beleza cai ligeiramente para 28%, enquanto homens entre 45 a 49 anos, o dado mal chega a 17%.
Para os fabricantes de produtos tecnológicos japoneses, o fenômeno não passou despercebido e algumas empresas, como a Panasonic, se lançaram no mercado após descobrir que produtos como a máquina para o couro cabeludo, pensado para mulheres, era adquirido em 30% dos casos por homens.
Os "kireos" são contemplados no Japão como os novos "ikemen", um termo usado há mais de uma década que provém da palavra "ikeru" (equivalente a descolado), e com a qual se definia no Japão a geração que, ao estilo dos "metrossexuais" do ocidente, cuidavam meticulosamente de sua imagem.