São Paulo - Nem todas as marcas apostam no esporte. Aquelas que resolvem investir, pelo menos aqui no Brasil, habitualmente costumam escolher atletas de ponta, e em evidência, para serem os garotos propagandas ou embaixadores da marca, termo que está na moda no discurso das empresas.

A cultura imediatista não está apenas nas estratégias das companhias, mas também no comportamento de parte do público, que infelizmente tem se esquecido rapidamente dos campeões do passado.

Sem o patrocínio oficial da Copa do Mundo, que é da Visa, a Mastercard decidiu utilizar o seu não menos valiosos patrocínio da Seleção Brasileira de Futebol, para caminhar no caminho contrário.

Com o discurso de conectar gerações, que tem total sinergia com a atividade da empresa, a marca anunciou hoje (30) a parceria com a Associação dos Campeões Mundiais do Brasil e o projeto Visão Mundial, entidade que luta para erradicar a pobreza infantil, em evento que aconteceu no camarote Unyco, patrocinado pela marca, dentro do Estádio do Morumbi, em São Paulo.

A iniciativa também está alinhada com a campanha, que estreia na TV aberta no próximo dia (3), e que será protagonizada por cinco campeões mundiais: Zito (58), Amarildo (62), Clodoaldo (70), Mauro Silva (94) e o goleiro Marcos (02).

Nos filmes, criados pela WMcCann, cada um dos craques do passado recebe uma estrela dourada das crianças do projeto Visão Mundial.

“Em todas as regiões em que atuamos, buscamos sempre estudar e entender o que não ‘tem preço’, um ideal da marca. Essa conexão que estamos propondo diz muita coisa para nós. Esses personagens são exemplos para as crianças que também precisam sonhar”, explica Cristina Paslar, diretora de marketing para o consumidor da Mastercard.

A marca também vai entrar com um trabalho forte nas redes sociais, principalmente com ativações de hashtags como #todosjuntosvamos e #naotempreco.

Com uma longa trajetória de patrocínio na plataforma de esportes, e com inúmeras propriedades globais, a Mastercard investe não apenas em futebol (é uma das patrocinadoras da UEFA), mas também em importantes torneios de tênis como o Sony Open e Roland Garros e outras modalidades como hóquei, golfe e rúgbi.

A marca tem, portanto, bagagem para avaliar o atual cenário do marketing esportivo no país.

“Temos muito espaço e potencial para evoluirmos por aqui na comparação com outros países e culturas, e enormes oportunidades de melhorar e aprender pela frente. As agências e profissionais estão se especializando cada vez mais e isso traz uma curva rápida de aprendizado. Ainda mais agora, com Copa do Mundo e Olimpíadas, eventos que estão trazendo parte desse crescimento e amadurecimento. Ao mesmo tempo, também precisamos evoluir na questão do meio digital, trabalhar melhor as redes sociais e aproveitar todo o potencial do real time e da segunda tela”, acredita Cristina.

Ao mesmo tempo em que lida com o mercado de maneira estratégica, a campanha mostra uma generosa fatia de contribuição social.

“A ação é essencial para que as novas gerações não se esqueçam daqueles que abriram as portas do Brasil para o mundo”, defendeu Marcelo Neves, presidente da Associação dos Campeões Mundiais do Brasil, entidade que cuida da imagem dos atletas do passado.

Claudia Costa, diretora de marketing da Visão Mundial, também falou sobre a parceria.

“O encontro com os jogadores é mais que um intercâmbio, é mostrar para as crianças de várias partes do mundo como construímos uma história hoje para transformar o futuro”, acredita.

A julgar pelos sorrisos emocionados dos craques presentes no evento do anúncio oficial da parceria, entre eles os que vivenciaram uma época mais carente de mídia, como Amarildo e Zito, a iniciativa já deu o pontapé inicial marcando um bonito gol.

Para a Mastercard, também parece uma estratégia interessante, que aposta na contramão de tudo que está sendo realizado em termos de ativação para a Copa do Mundo.