Jimmy Donaldson, o MrBeast, expressa preocupação sobre o avanço da IA na produção de vídeos e seus efeitos no ecossistema de creators (Roy Rochlin/Getty Images)
Colunista
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 14h00.
MrBeast (Jimmy Donaldson) se tornou mais do que um fenômeno do YouTube: virou um fenômeno empresarial. Costuma-se dizer que ele é “o maior criador de conteúdo do mundo”, mas essa frase quase subestima o que ele efetivamente construiu. Seu canal principal ultrapassou 450 milhões de inscritos e lidera a lista de creators 2025 da Forbes, mas o ponto realmente revelador está nos números corporativos.
A Beast Industries, holding que reúne todos os braços comerciais do criador, faturou aproximadamente US$ 473 milhões em 2024 e deve chegar a US$ 899 milhões até o final de 2025, segundo projeções internas. Mesmo com os números impressionantes, MrBeast tem verbalizado preocupações no que diz respeito ao uso de inteligência artificial. E não sem motivo.
O YouTube integrou recursos de inteligência artificial à plataforma, como ferramentas para gerar fundos de vídeos, um chatbot no YouTube Studio capaz de orientar uploads e estratégias de engajamento com mais precisão, além de dublagens automáticas em diversos idiomas.
Segundo MrBeast, quando vídeos produzidos por IA alcançam a mesma qualidade dos conteúdos tradicionais, surge a dúvida sobre o impacto disso no YouTube e no trabalho dos milhões de criadores que hoje produzem conteúdo profissionalmente.
Em junho deste ano, ele revelou uma ferramenta que usava IA para gerar thumbnails (imagens de miniatura) automaticamente. No entanto, foi duramente criticado por usuários que alegaram que ela violava direitos autorais e prejudicava o trabalho de artistas humanos. Ele removeu o acesso ao produto, pediu desculpas e disse que queria ajudar criadores de conteúdo menores.
Apesar dessas tensões, a inteligência artificial tende a se tornar uma aliada importante para quem cria conteúdo: otimiza roteiros, acelera edição, facilita a geração de imagens e amplia o processo de brainstorming.
O receio de MrBeast é compartilhado por profissionais de áreas tão diversas quanto arquitetura, psicologia, design e nutrição, todos tentando entender como se adaptar a ferramentas que multiplicam produtividade, mas também desafiam modelos tradicionais de trabalho.
No fim das contas, não se trata de tecnologia versus creators. O ponto central é como cada mercado vai redesenhar sua forma de gerar valor. A creator economy segue baseada em autenticidade, e a IA entra como força que amplifica, profissionaliza e eleva esse potencial.