Maurício de Souza Produções: mais de 3 mil itens licenciados (Gustavo Scatena)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2011 às 15h42.
São Paulo - Os personagens brasileiros nunca estiveram tão em evidência no mercado de licenciamento, pelo menos é o que afirmou Mônica de Souza, responsável pela área comercial da Maurício de Souza Produções. Segundo ela, o povo brasileiro é muito criativo e tem muito conteúdo, mas faltava mais exposição e, agora, isso tem acontecido.
Mônica disse que o Brasil virou um bom negócio e quem investia apenas em produtos estrangeiros percebeu a qualidade dos produtos nacionais. Ela ressaltou, porém, que as empresas brasileiras ainda não têm a mesma força que as estrangeiras, já que eles têm mais potencial de investimento, entretanto o negócio vem crescendo significativamente.
Hoje, a Maurício de Souza Produções conta com mais de 3 mil itens licenciados, desde fralda e creme para assaduras até cadernos, mochilas, frutas, xampus e condicionador. São 200 empresas parceiras ao todo.
A executiva contou que, atualmente, o carro-chefe da empresa é a fralda da Turma da Mônica, da Kimberly-Clark, que existe desde 1989. Mas o licenciamento que ela considera mais importante é o do Extrato de Tomate Elefante, da Cica, que usava o personagem Jotalhão e toda a família da Turma da Mônica. Na época, a parceria impulsionou muito o sucesso dos personagens, que estavam começando a despontar das tirinhas nos jornais.
Outro personagem que tem se destacado no cenário nacional é o Peixonauta, animação da TV Pinguim, exibida no Discovery Kids e, mais recentemente, no SBT.
Para Ricardo Rozzino, um dos sócios da produtora, hoje o personagem já conta com 300 produtos comercializados e a tendência é crescer ainda mais.
Atualmente, o licenciamento já corresponde a 25% do negócio da TV Pinguim, mas a expectativa é de que esse número dobre. Hoje, o “Peixonauta” é um dos líderes de audiência no canal Discovery Kids, onde é exibido há dois anos, mas a veiculação no SBT deve torná-lo mais conhecido, o que deve impulsionar o negócio como um todo.
Para Kiko Mistrorigo, também sócio da TV Pinguim, o fato de ser um personagem brasileiro atrai as crianças. Ele diz que, de alguma forma, apesar delas não terem isso tão claro, elas identificam elementos, formas de falar e cenário que tornam os produtos mais próximos delas. O Peixonauta já tem sua marca licenciada em roupas, livros, pelúcias, brinquedos, materiais para festas, entre outros.
Mais um sucesso do segmento é a “Turma do Cocoricó”, programa exibido há 15 anos pela TV Cultura. Só em 2010, foram 6,5 milhões de produtos comercializados. Ao todo, são 18 empresas parceiras, em mais de 400 itens comercializados.
O filme “Rio”, de Carlos Saldanha, também é destaque no segmento. A arara Blu e seus amigos estão presentes em 550 produtos que hoje movimentam R$ 4,410 bilhões no Brasil. O longa de animação já foi visto por mais de 4,2 milhões de espectadores, o que alavancou o sucesso dos produtos.
Potencial
Para Maria Beatriz Costa, diretora da Kasmanas, agência especializada em licenciamento de marcas nacionais, as animações brasileiras vêm ganhando força. Ela disse que programas de licenciamento bem-sucedidos como “Escola pra Cachorro”, “Meu Amigãozão”, “Princesas do Mar”, “Jolie” e “Patati Patatá” mostram o reconhecimento do potencial das marcas nacionais pelos licenciados e trazem inovação para o mercado de licenciamento como, por exemplo, a proximidade com o dono de marca, fato que não acontece com produtos estrangeiros. Ela ressaltou que marcas e personagens agregam valor aos produtos que, por sua vez, ganham personalidade. Quanto maior a sinergia entre a marca, o personagem e o produto, maior o sucesso com o consumidor final.
Maria Beatriz contou que, no caso do Patati Patatá, especificamente, a dupla vem ganhando espaço no segmento. Em 2010, foi um dos brinquedos mais vendidos no Brasil, o que proporcionou o fechamento de mais de 32 contratos de licenciamento para o lançamento de 270 produtos entre álbuns de figurinha, ovos de Páscoa, bicicletas, confecção, cosméticos, artigos para festas e fantasias.
De acordo com ela, hoje a dupla é considerada o maior nome infantil do País e conquistou o seu público por meio de um trabalho corpo a corpo realizado nas escolas.
Segundo a ABL (Associação Brasileira de Licenciamento), no ano de 2009, o faturamento do setor foi de R$ 4 bilhões. Em 2010, houve um crescimento de 5%. E, para 2011, a expectativa é de crescer de 6% a 14%.