Marketing

LeBron James ergue império com cinema, TV, publicidade e agora uma linha de cuidados pessoais

Astro do basquete aproveita poder da marca pessoal e influência para expandir negócios da sua empresa, a SpringHill

3º LeBron James US$ 128,2 milhões (R$ 657 milhões) (Steph Chambers/Getty Images)

3º LeBron James US$ 128,2 milhões (R$ 657 milhões) (Steph Chambers/Getty Images)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 15h01.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2024 às 15h08.

LeBron James foi um dos pioneiros na criação de um novo tipo de empresa, com negócios diversificados construídos em torno de sua influência direta no esporte e junto à milhões de fãs nas redes sociais. À frente da SpringHill, a lenda do basquete mira não apenas nos holofotes da NBA, mas também na construção de um império que abrange cinema, televisão, publicidade e até mesmo uma nova linha de cuidados pessoais masculinos -- exemplo de como o investimento no desenvolvimento e na gestão eficaz de uma marca pessoal pode ser uma estratégia valiosa para impulsionar o sucesso da carreira e dos negócios.

Aos 39 anos, o jogador agora busca expandir seu alcance internacional, com planos de entrada nos mercados da Europa Ocidental, Reino Unido e possivelmente Japão e África. A SpringHill, conhecida por produções como "Space Jam: Um Novo Legado", de Adam Sandler, e séries de TV como "The Shop", está explorando novas oportunidades, incluindo a possibilidade de lançar um canal de streaming gratuito, apoiado por anúncios, e a busca por aquisições, com ênfase em videogames e animação.

A empreitada, no entanto, não está isenta de desafios, mesmo para uma personalidade como James. Enquanto a SpringHill se aventura em novas áreas de negócios, enfrenta a concorrência de empresas com ambições similares no cenário do entretenimento. A incerteza do mercado de produtos de consumo e as restrições financeiras em Hollywood adicionam camadas de complexidade aos planos de expansão da empresa.

Conforme informou o The Wall Street Journal, James já demonstrou interesse em ser destaque em mais de uma área. No basquete, inclusive, é conhecido como artilheiro, mas também como passador e defensor de elite. "Sempre me senti como um canivete suíço”, comparou ele certa vez, estendendo a analogia à expansão da SpringHill para novas linhas de negócios.

Negócio de US$ 725 milhões

Em um setor no qual muitos streamings estão reduzindo investimentos, a empresa de James busca diversificar a sua oferta, enquanto lida com concorrentes, como Netflix, Amazon e Apple, que também têm apostado em conteúdos esportivos.

A SpringHill está testando um novo formato com uma série de reality show centrada em jogadores da NBA, incluindo o próprio LeBron James, destinada à Netflix. Além disso, está em estágios iniciais de desenvolvimento de um programa em parceria com a produtora de Brad Pitt, explorando novas narrativas sobre agentes esportivos.

Os investidores, por sua vez, expressam otimismo cauteloso, questionando a avaliação de US$ 725 milhões concedida à SpringHill em 2021. A empresa quer se diferenciar não se limitando aos tradicionais "sucessos" de Hollywood, mas abraçando uma abordagem mais ampla e diversificada em seus empreendimentos.

Mais que atletas

À medida que a SpringHill busca consolidar sua presença global, a saga empresarial de LeBron James continua, transcendendo as fronteiras do esporte para explorar novos territórios comerciais, inspirando outras personalidades.

Kevin Durant, Megan Rapinoe e Naomi Osaka estão entre os muitos outros atletas que lançaram empresas de comunicação social, na esperança de controlar a sua própria narrativa, causar um impacto cultural e construir um verdadeiro negócio.

O jogador nigeriano Giannis Antetokounmpo da NBA anunciou em janeiro uma nova produtora, a 'Improbable Media', cuja primeira oferta é um documentário sobre sua ascensão no Prime Video, da Amazon. Já JJ Redick lançou sua própria empresa construída em torno de podcasts. Pat McAfee, por sua vez, transformou uma carreira como apostador da NFL em um programa de sucesso no YouTube, construindo uma companhia que agora licencia sua programação para a ESPN, da Disney.

A empresa de entretenimento Omaha Productions, iniciada pelo ex-astro da NFL Peyton Manning, também tem ganhado significativa visibilidade - não apenas pelo sucesso de sua série "Quarterback", na Netflix, no ano passado, mas também por estar empenhada em desenvolver um pipeline robusto.

"Não é interessante ser uma empresa de um único truque neste negócio", afirmou David Nevins, ex-diretor da Paramount's Showtime e atual CEO da North Road, que possui participação na Omaha. Ter sua empresa associada a um atleta famoso só leva até certo ponto, destacou ele.

Poder da influência e das redes sociais

A SpringHill é uma das companhias mais consolidadas e diversificadas, com linhas de negócios que incluem consultoria de estratégia para marcas e criação de conteúdo para anunciantes como a Nike.

A maior parte dos cerca de US$ 200 milhões em receitas da empresa provém de seu negócio de estúdio e de anunciantes que a contratam para criar vídeos curtos patrocinados destinados a serem compartilhados nas redes sociais. Caso da Toyota, que fez um contrato para produzir um vídeo curto sobre a importância das faculdades e universidades historicamente negras, estrelando o ex-jogador da NBA J.R. Smith.

Ao entrar nos escritórios da SpringHill em Los Angeles, nos Estados Unidos, os visitantes são recebidos por um letreiro de néon que diz: "Eu Sou Mais Que um Atleta". Cada vez mais, torna-se evidente para mais empresas - desde mídia até artigos esportivos e produtos de luxo - que os atletas podem ter um impacto muito maior no mundo dos negócios do que simplesmente estrelar anúncios e filmes.

Há uma longa história de atletas que construíram carreiras lucrativas nos negócios. Magic Johnson, por exemplo, tornou-se bilionário não como ex-astro do Lakers, mas através de investimentos em uma companhia de seguros, cinemas e franquias esportivas, entre outras áreas.

Agora, as redes sociais permitiram que os atletas desenvolvessem uma ligação mais profunda com os consumidores, dando-lhes oportunidades ainda maiores. A SpringHill, inclusive, investe e auxilia no crescimento de empresas de produção de outros atletas, incluindo a Hana Kuma, da estrela do tênis Osaka, que recentemente se desvinculou da SpringHill, e a Miniature Géant Studio, iniciada pelo superastro da NBA Joel Embiid.

A história da SpringHill

James, o cestinha de todos os tempos da NBA e o jogador mais velho da liga, percebeu a necessidade dos atletas contarem suas próprias histórias antes que muitos de seus atuais companheiros de equipe estivessem na NBA.

A virada ocorreu quando ele e Maverick Carter, seu parceiro de negócios, foram criticados pela imprensa e pelos fãs por “The Decision”, uma transmissão ao vivo da ESPN em 2010, na qual James anunciou que estava deixando o time de sua cidade natal, o Cleveland Cavaliers, para se juntar ao Miami Heat.

Esse foi um dos motivos que levaram James e Carter a lançar o “Uninterrupted”, um site projetado para permitir que os atletas falassem diretamente com os fãs, e uma das várias empresas que se fundiram para formar a SpringHill.

Carter, que conhece James desde que eram crianças em Akron, Ohio, trabalhava com marketing na Nike antes de ir trabalhar com seu amigo de longa data em 2005. Na ocasião, ele estudou o plano de negócios da Disney para lançar a empresa. Seus mentores incluem o CEO da Walt Disney, Bob Iger, o CEO da Verizon, Hans Vestberg, e o ex-CEO da American Express, Ken Chenault.

Além disso, muitos dos primeiros projetos do SpringHIll têm origem na educação e na vivêndia dos sócios. Caso de “The Shop”, um talk show que acontece em uma barbearia. O programa, que contou com convidados como o ex-presidente Barack Obama, a lenda do futebol Tom Brady e o cantor Drake, está agora no YouTube depois de ter sido exibido na HBO.

A próxima linha de cuidados masculinos da SpringHill, inclusive, leva o nome do programa “The Shop”. O jogador se envolveu diretamente no desenvolvimento dos produtos, participando de grupos focais de funcionários do sexo masculino na empresa e discutindo suas rotinas de higiene. Para o sabonete facial, buscou inspiração em uma de suas marcas preferidas, a Neutrogena.

Comédia romântica?

Inspirado pelo sucesso de "Quarterback" na Netflix, James viu a oportunidade de lançar uma série similar. Após obter a adesão da NBA e da Netflix, a série de basquete, que contará com a participação de Jayson Tatum, Jimmy Butler, Domantas Sabonis e Anthony Edwards, está sendo produzida em parceria com Omaha Productions e Higher Ground Productions, dos Obamas.

Recentemente, James também expressou o desejo de se envolver mais no lado criativo da SpringHill após sua aposentadoria. Atualmente, atuando em diversos campos, desde produções cinematográficas até programas de TV, ele vislumbra futuras colaborações, incluindo uma docuserie com seu filho Bronny, jogador da Universidade do Sul da Califórnia. O astro da NBA ainda revelou interesse em explorar mais a carreira de ator e que seu próximo projeto cinematográfico desejado é uma comédia romântica.

Poder da marca pessoal

LeBron James e a SpringHill são exemplos de como o poder de uma marca pessoal pode alavancar negócios de diversas maneiras, uma vez que cria confiança e credibilidade, tornando o indivíduo uma referência em seu campo de atuação. Isso atrai a atenção de clientes, parceiros e investidores em potencial, pois eles se sentem mais propensos a se conectar e fazer negócios com alguém reconhecido e respeitado.

Além disso, uma marca pessoal bem construída ajuda a diferenciar-se da concorrência, destacando as habilidades, valores e personalidade únicos do indivíduo. Isso facilita a construção de relacionamentos duradouros e fidelização de clientes, uma vez que as pessoas preferem fazer negócios com aqueles que conhecem, confiam e se identificam.

A presença consistente nas redes sociais e em outros canais de comunicação também contribui para a visibilidade da marca pessoal, aumentando as oportunidades de networking e exposição. Ao cultivar uma imagem positiva e autêntica, o indivíduo pode atrair mais oportunidades de negócios, parcerias estratégicas e até mesmo abrir portas para colaborações e projetos inovadores.

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