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Ivete Sangalo, a dona da festa

Como a imagem da cantora baiana Ivete Sangalo ajudou a pequena Caco de Telha a se transformar numa das maiores organizadoras de shows e eventos do país

Ivete: o próximo passo é produzir um longa de animação 3D (Ivete Sangalo/Divulgação)

Ivete: o próximo passo é produzir um longa de animação 3D (Ivete Sangalo/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Aos 37 anos de idade e 14 de carreira, pode-se dizer que a cantora baiana Ivete Sangalo é uma das celebridades mais bem-sucedidas do país. Ivete já assinou mais de 15 contratos de patrocínio ao longo de sua trajetória, com empresas como TAM, Philips, AmBev e Itaú. Isso sem falar na frenética agenda de shows, que inclui mais de 100 aparições por ano, e na gravação de pelo menos um DVD por temporada (o Ao Vivo no Maracanã, de 2007, é o mais vendido da história no Brasil, com mais de 640 000 cópias). Com tudo isso, estima-se que seu cachê orbite na casa do milhão de reais, um dos mais altos do showbiz nacional. Nos últimos meses, Ivete Sangalo vem emprestando sua imagem para acelerar outro negócio: sua empresa de entretenimento, a Caco de Telha. Com a ajuda da cantora, a empresa esteve por trás de dois grandes eventos realizados neste ano. Num consórcio com a Mondo, do Grupo ABC, de Nizan Guanaes, e com a Panmusic, foi uma das responsáveis pela vinda da cantora americana Beyoncé ao Brasil. (Ivete abriu dois dos quatro shows, realizados no início de fevereiro.) Paralelamente, arrematou a licitação para a organização do Carnaval de Salvador, cujas cotas de patrocínio chegam a 14 milhões de reais. Nos últimos dias, a Caco de Telha anunciou que está em negociações para trazer o cantor pop americano Justin Timberlake ao Brasil. "A Ivete é o nosso melhor cartão de visita", afirma Jesus Sangalo, irmão da cantora e presidente da Caco de Telha. "A produção de seus shows nos cacifou a conquistar eventos maiores."

Criado em 1996 por integrantes da família e amigos próximos à cantora, o grupo Caco de Telha surgiu com um propósito relativamente modesto: gerenciar a então nascente carreira-solo de Ivete Sangalo, já em vias de se desligar da Banda Eva (a cantora detém atualmente 95% da empresa, mas não participa da gestão). Uma de suas primeiras atribuições foi concentrar atividades então relegadas a outras companhias, como a produção dos shows e a gravação de CDs e DVDs. Não demorou para que a iniciativa chamasse a atenção de outros astros da música, como o cantor Nando Reis. Impressionado com o sucesso do primeiro DVD da cantora, gravado no estádio Fonte Nova, em Salvador, em 2003, Reis contratou a Caco de Telha para produzir seu show em Porto Alegre naquele mesmo ano. "Foi nosso primeiro contrato com um artista de projeção nacional, além da própria Ivete", diz Ricardo Martins, vice-presidente da Caco de Telha.


DESDE ENTÃO, A CACO NÃO PAROU mais. Por meio de suas dez empresas, o grupo realiza cerca de 20 eventos por mês, que vão de megaespetáculos a formaturas em faculdades, passando por eventos corporativos, gravação de álbuns e gerenciamento da carreira de 11 bandas - além, é claro, da própria Ivete Sangalo. Estima-se que, atualmente, o grupo seja responsável por organizar mais da metade de todos os grandes eventos em estados como Bahia, Pernambuco e Ceará. Além do show da cantora Beyoncé, a empresa ajudou a levar o Cirque Du Soleil para Salvador e fechou um contrato com o Google para criar um canal no YouTube só para transmitir o Carnaval deste ano na capital baiana. A Caco de Telha acaba de criar uma divisão de cinema para produzir um longa de animação 3D cuja protagonista é praticamente a versão digitalizada da cantora. Batizado de Ivete Stellar e a Pedra da Luz, o filme será o mais caro da história da indústria cinematográfica nacional. (Lula, o Filho do Brasil, que atualmente ocupa o posto, custou 12 milhões de reais.) Graças à multiplicação dos negócios, em 2010 a empresa prevê faturar quase 84 milhões de reais - praticamente o dobro das receitas do ano passado.

Não é de hoje que artistas, escritores e esportistas colocam a fama a serviço dos negócios. Celebridades aqui e lá fora, como a apresentadora Xuxa ou o tenista Roger Federer, usam a imagem para aumentar os ganhos e garantir a perpe tuidade do sucesso. E, não raro, transformam a visibilidade em empresa. O grande desafio, nesses casos, é evitar que criador e criatura fiquem tão dependentes que um não consiga sobreviver sem o outro. É justamente essa a questão enfrentada hoje pela Caco de Telha. Apesar de toda a diversificação, o desempenho da empresa permanece extremamente atrelado ao sucesso de Ivete Sangalo, responsável por cerca de 60% das receitas. A gravidez da cantora em 2009 - e a consequente redução de sua agenda de shows - acendeu a luz amarela dentro da empresa, que estabeleceu como meta reduzir pela metade essa dependência nos próximos dois anos. "Não tivemos redução na receita", diz Jesus Sangalo. "Mas o fato é que essa ligação nos deixa numa posição mais vulnerável."


Do Carnaval ao Cirque Du Soleil

Os principais indicadores do grupo Caco de Telha, criado por familiares e amigos da cantora Ivete Sangalo:

Presidente: Jesus Sangalo

Número de empresas: 10;

Funcionários: 220;
 
Faturamento: 84 milhões de reais(1);

Áreas de atuação: Venda de ingressos para o Carnaval, gestão de carreiras artísticas, gravação de discos e organização de eventos corporativos e formaturas;

Eventos realizados por mês: 20;

Principais clientes: TAM, Riachuelo, L'Oréal, Garnier, Philips, Itaú e Grendene;

Feitos Recentes:  Neste ano, ajudou a trazer a cantora Beyoncé ao Brasil e conquistou o direito de negociar as cotas de patrocínio para o Carnaval de Salvador. Além disso, levou o Cirque Du Soleil para a Bahia em 2009 e fechou um contrato de licenciamento da marca Ivete Sangalo com a Riachuelo no valor de 50 milhões de reais.

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