Máscara feita em casa: plataforma possibilita a doação de materiais para ONGs que trabalham com costureiras e comunidades socialmente vulneráveis (Rike_/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 12 de junho de 2020 às 07h00.
Última atualização em 12 de junho de 2020 às 11h10.
Para voltar às ruas, ao trabalho e ao comércio, a população terá de fazer um pequeno sacrifício pós-pandemia: usar máscaras. A demanda pelo produto já é grande. Em abril, o Ministério da Infraestrutura chegou a preparar uma megaoperação para importar da China 240 milhões de máscaras N95, voltadas para profissionais de saúde. A 3M, uma das maiores fabricantes do equipamento de proteção, no mundo, também dobrou sua capacidade de produção, para 100 milhões de unidades por mês.
Nem todo mundo, no entanto, precisa utilizar a N95. “Eu percebi que a maioria das pessoas do meu convívio tinham muitas dúvidas em relação às máscaras”, afirma Geyze Diniz, da Península Investimentos, family office da família Diniz. “Por isso, decidi investir em uma plataforma de informações e que também pudesse conectar produtores e compradores de máscaras, de uma forma mais eficiente. Liguei para o Nizan e ele adorou a ideia”.
Em parceria com a N-Ideias, consultoria de negócios do publicitário Nizan Guanaes, e com o Grupo GS& Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo, Diniz colocou no ar a plataforma Tudo de Máscara, que tem como principal objetivo conectar produtores e compradores de máscaras.
Pelo site da iniciativa, os interessados em adquirir o produto podem pesquisar fornecedores por meio de diversos filtros, como tipo de máscara, quantidade a ser comprada, localidade e se o fornecedor é uma indústria, uma pequena empresa, ou até mesmo uma ONG. O site também reúne uma série de conteúdos sobre o uso correto do equipamento, a melhor maneira de lavar as máscaras, além de informações sobre a covid-19. “Todo conteúdo é baseado em ciência e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde”, ressalta Diniz.
Na outra ponta, fornecedores podem se cadastrar gratuitamente. “É uma forma de ajudar gerando renda”, explica Diniz, que é economista. “Sabemos que existem muitas costureiras e outros profissionais autônomos que perderam o trabalho e podem se beneficiar de uma iniciativa como essa”. Até o momento, existem 241 fornecedores cadastrados na plataforma.
Outra funcionalidade da Tudo de Máscara é possibilitar que empresas ou indivíduos doem máscaras e material para produção para ONGs. A plataforma conecta sete iniciativas do terceiro setor focadas na distribuição e na produção do equipamento em comunidades vulneráveis socialmente. Entre elas, a Costurando Sonhos, que oferece capacitação em costura a mulheres vítimas de violência doméstica na favela de Paraisópolis, em São Paulo.
O projeto Tudo e Máscara também conta com apoio de diversas associações, como o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) e o Sebrae.
A Península está envolvida em outros projetos filantrópicos relacionados ao coronavírus. “Toda família está engajada”, afirma Diniz. Abilio, marido de Geyze, está à frente do programa Estímulo 2020, que viabiliza crédito subsidiado a pequenas e médias empresas. Ana Maria, João Paulo e Pedro Paulo, filhos do primeiro casamento de Abilio, são responsáveis por projetos de educação e alimentos, como a doação de ovos e a produção de marmitas. A família também fez uma doação de 50 milhões de reais para iniciativas de combate à pandemia.