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Esporte aumenta audiência e cobertura especializada

Presença de anunciantes poderia ser ainda maior, não fossem os contratos de exclusividade

Os especialistas dizem que os brasileiros querem acompanhar cada vez mais as competições. Um sinal de mais negócios para todo o mercado publicitário (Placar)

Os especialistas dizem que os brasileiros querem acompanhar cada vez mais as competições. Um sinal de mais negócios para todo o mercado publicitário (Placar)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 09h35.

São Paulo - Como país-sede da Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio, o Brasil entrou para a rota dos grandes eventos esportivos e isso só aumenta a responsabilidade da cobertura feita pela mídia. Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011, que terminaram há pouco mais de uma semana, mostraram a força do esporte no País com o aumento da audiência dos veículos e a repercussão nas redes sociais.

Os especialistas dizem que os brasileiros – grandes fãs de esportes – querem acompanhar cada vez mais as competições. Um sinal de mais negócios para todo o mercado publicitário. O Pan do México também foi parar nas redes sociais, onde milhares de pessoas discutiram a cobertura dos jogos.

A Rede Record e o Terra foram os únicos com os direitos exclusivos de transmissão do Pan de Guadalajara no Brasil. A Record informou um crescimento de 7% na faixa nobre da TV aberta e o Terra afirmou que bateu recorde de audiência, com acesso de 51 milhões de pessoas na América Latina. Outros veículos que não tinham os direitos de transmissão e fizeram a cobertura jornalística do Pan também apresentaram bons resultados de audiência, mas os especialistas apontam que se não houvesse concentração dos direitos de transmissão de grandes eventos esportivos o lucro seria melhor para todos.

“Do ponto de vista de mídia, de negócio, essa exclusividade é muito ruim. O público brasileiro sentiu falta de uma repercussão maior, cobertura mais ampla do Pan, e isso foi manifestado nas redes sociais. O negócio da publicidade também acaba perdendo, porque menos anunciantes puderam estar presentes”, avalia Ana Lucia Fugulin, professora no curso Bootcamp de mídia da Miami Ad School/ESPM.

Para a professora, a mídia brasileira vai dar um ‘show’ na cobertura da Copa do Mundo 2014 no Brasil e das Olimpíadas 2016 no Rio. No entanto, ela observa a questão dos direitos. “O público reclama da concentração, como no Pan. Não tem como tapar o sol com a peneira”. A Globo é a detentora dos direitos da Copa no Brasil. A Fifa já afirmou que a emissora carioca não terá privilégios e terá os mesmos direitos e as imagens das emissoras que detêm os direitos por todo o mundo. Procurada, a Globo não comentou o assunto.


Ana Lucia destaca que esse é um negócio de que ninguém quer ficar de fora. “O esporte é um dos itens em que o público brasileiro tem maior interesse e afinidade. Aqui no Brasil não é só o público masculino que se interessa por esporte. Em períodos normais, a audiência da programação esportiva é composta por 70% de homens e 30% de mulheres. Nesses grandes eventos o interesse é praticamente o mesmo, com 45% da audiência feminina e 55% masculina”. A professora também lembra que 51% dos fãs de esporte preferem assistir programação esportiva ao noticiário.

Negócios

O crescimento do negócio esporte vem de todos os lados, em função da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A previsão é que até lá, os negócios ligados a esportes cheguem a R$ 80 bilhões – o dobro de hoje. Um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) aponta que o esporte movimenta no País cerca de R$ 40 bilhões, ou seja, de 1% a 3 % do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Os dados são de 2008, atualizados para 2010. No mundo, o esporte movimenta de US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão. Para a mídia, não é diferente.

O propmark ouviu veículos de comunicação para saber como eles estão se preparando para esses grandes eventos, incluindo a cobertura da Olimpíada de Londres 2012. Já há vários projetos comerciais e de jornalismo em andamento. O SporTV, por exemplo, vai transmitir a Copa das Confederações 2013 no Brasil, a Copa do Mundo e as Olimpíadas (de Londres e do Rio). O canal afirma que o diferencial para os assinantes, mais do que a exclusividade, está na qualidade, e que está atento aos investimentos n

ecessários em tecnologia e jornalismo. Para a Olimpíada de Londres, o SporTV comercializa seis cotas. “Já foram fechadas cinco, para o Bradesco, BRF – Brasil Foods, Citroën, McDonald’s e Oi. No momento, estamos definindo a última cota”, afirma Fred Müller, diretor executivo comercial da Globosat.


Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado, ressalta que a grande aposta está mesmo nas Olimpíadas e na Copa do Mundo. “Será um projeto amplo e fortemente multimídia. O Estado de S.Paulo e o Jornal da Tarde têm um plano de cobertura extenso e com diversos cadernos especiais, que iniciam ainda este ano e prosseguem ao longo dos próximos anos. Nos meios digitais, o site estadão.com.br já inclui o canal ESPN.

Especiais e aplicativos para tablets e smartphones também estão planejados”, conta Gandour. A preocupação do Grupo Estado é ir além da entrega do conteúdo jornalístico e cobertura. “O projeto viabiliza uma maior participação da nossa audiência, seja através da internet, rádio, jornal e eventos em espaços públicos envolvendo esportes”, comenta Fabio Costa, diretor de estratégia corporativa e mercado anunciante. O executivo informa que as cotas máximas do pacote Olimpíadas e futebol estão entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões.

Mesmo sem os direitos de transmissão do Pan, o UOL informou que o Pan de Guadalajara deu boa audiência, mas que o interesse foi menor do que o interesse registrado no Pan do Rio. “O interesse do público ficou mais concentrado no desempenho dos brasileiros com chance de medalha e nos lances mais emocionantes”, disse Rodrigo Flores, diretor de conteúdo. O executivo informou que já há cotas vendidas para a cobertura das Olimpíadas e Copa. “Tanto o site de Londres-12 como os sites da Copa e do Rio-16 já estão no ar e crescem a cada dia”.

O Terra arrecadou R$ 200 milhões em patrocínios para a cobertura do Pan de Guadalajara e Olimpíada de Londres, dos quais o portal também tem os direitos exclusivos. Os anunciantes no Brasil são Bradesco, Ford, P&G, Sadia e Vivo, com cotas de apoio de Alpargatas, Centauro e McDonald’s. A Record informou valor bruto de R$ 115 milhões para o Pan. Os patrocinadores foram Bradesco, Coca-Cola, Cervejaria Petrópolis, McDonald’s, P&G e Petrobras, além do top de 5’’ com Visa e a cota de apoio com os Correios e Sadia.


Polêmicas

Durante o Pan de Guadalajara, a Globo usou imagens dos jogos fornecidas pela APTN (Associated Press Television News). A Record divulgou nota – que foi lida pela apresentadora Ana Paula Padrão no ar – dizendo que “não compreende por que uma emissora de televisão brasileira tenha utilizado imagens do evento sem procurá-la”. Em nota, a Globo respondeu que usou alguns segundos de imagens da APTN, de quem é cliente. A APTN fez um pedido de desculpas, esclarecendo que “tudo se deveu a um erro do detentor dos direitos”. O material estava embargado para o Brasil e a Argentina. Depois do episódio, a Globo passou a dar notícias dos jogos sem uso de imagem.

As polêmicas envolvendo a cobertura jornalística do Pan não terminaram por aí. Nas redes sociais, milhares de pessoas reclamaram que a Record deixou de transmitir várias competições ao vivo. O vice-presidente de jornalismo da Record, Douglas Tavolaro, disse que, em geral, nas redes sociais, “as pessoas não sabem que o responsável pela captação dos eventos não é a Record, mas o Copag (Comitê Organizador do Jogos Pan-Americanos de Guadalajara) e que nem todas as competições de brasileiros são transmitidas ao vivo. Muitas são disponibilizadas apenas no final da noite ou apenas flashes”.

Segundo o executivo, foram 100 horas de eventos ao vivo na Record e mais de 160 na Record News. “Fomos corretos ao informar sempre o telespectador que certo evento era reexibido ou não estava ao vivo. Não erramos nisso”, conclui Tavolaro. Para Ana Lucia, professora da ESPM, o espectador brasileiro é que acabou prejudicado. “O público teve voz, reclamou do excesso de reprises das competições, e fez uma verdadeira campanha na web”.

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