Elevador Agilo, da Böcker, foi usado pelos ladrões no roubo de joias no Louvre, em Paris, antes de a quadrilha fugir em menos de dez minutos (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 25 de outubro de 2025 às 16h15.
Última atualização em 25 de outubro de 2025 às 16h16.
A Böcker, fabricante alemã de elevadores de carga, aproveitou a repercussão do roubo ao Museu do Louvre, em Paris, para lançar uma campanha de oportunidade. O crime, que ocorreu no último domingo, 19, e ganhou projeção global, utilizou um equipamento da marca na ação da quadrilha que levou joias avaliadas em € 88 milhões.
Ao identificar sua plataforma nas imagens divulgadas pela imprensa, a empresa decidiu capitalizar a visibilidade inesperada e a 'publicidade gratuita' gerada pelo episódio, reagindo rapidamente com uma nova campanha nas redes sociais. A peça, publicada no perfil oficial da marca no Facebook e no Instagram, traz a imagem do elevador Agilo usado pela quadrilha para acessar uma das janelas, retirar as joias e deixar o museu em menos de dez minutos.
A publicação exibe o slogan “Quando você precisa agir rápido” e destaca a mensagem técnica: “O Böcker Agilo transporta seus tesouros de até 400 kg a 42 m/min — silencioso como um sussurro.”
Em entrevista à Reuters, a diretora de marketing da Böcker, Julia Scharwatz, contou que viu a foto pela primeira vez ao lado do marido, Alexander Böcker, CEO da companhia. “Ficou claro para nós: meu Deus, isso é um ato deplorável e usaram o nosso equipamento para isso.” A executiva afirmou ainda que a repercussão começou imediatamente: “Inúmeras pessoas — funcionários, parceiros e clientes — entraram em contato. Pensamos: uau, precisamos fazer algo com isso.”
Alexander Böcker contou à AFP que a equipe só tomou a decisão após a confirmação de que ninguém havia se ferido. “O crime é, claro, absolutamente condenável, isso está completamente claro para nós”, disse. “Foi uma oportunidade para usar o museu mais famoso e mais visitado do mundo para obter um pouco de atenção para nossa empresa”, afirmou o executivo, defendendo o tom bem-humorado adotado na campanha.
A empresa confirmou ao The Guardian que o elevador havia sido vendido em 2020 para uma empresa na região de Paris, responsável por alugá-lo a terceiros, e que o equipamento foi roubado pelos criminosos durante uma demonstração.
A repercussão da campanha foi imediata. Comentários nas redes sociais classificaram a ação como “gênio do marketing” e exaltaram o tom irônico da comunicação. “Seu slogan leva a coroa”, escreveu um usuário. O alcance superou de longe a média dos posts da companhia.
“Eu imaginava que poderia viralizar, mas que viralizaria desse jeito foi extraordinário. Nossas postagens no Instagram normalmente atingem 15 a 20 mil pessoas, e agora estamos em 1,7 milhão. É uma loucura”, afirmou Scharwatz ao jornal britânico.
Segundo ela, 99% das reações foram positivas. Mesmo assim, houve críticas. Em comentários citados pelo The Guardian, um usuário classificou a campanha como “de mau gosto”, argumentando que “os franceses estão chocados e tristes, enquanto uma empresa alemã usa o episódio na publicidade”.
Os criminosos chegaram ao Louvre no domingo, 19, pouco depois da abertura do museu e, em apenas oito minutos, fugiram com algumas das joias mais valiosas da França — peças que pertenceram à realeza e a governantes imperiais. Entre os oito itens levados estão diademas, colares, brincos e broches adornados com milhares de diamantes e outras pedras preciosas.
O museu reabriu na quarta-feira, dias após o que vem sendo classificado como o roubo mais chocante do país. A diretora da instituição admitiu falhas na segurança, afirmando que parte do sistema interno era “antigo” e incapaz de identificar a quadrilha a tempo.
O ministro do Interior, Laurent Nuñez, disse à rádio Europe1 ter “total confiança” de que os responsáveis serão capturados. Promotores afirmam acreditar que os suspeitos agiram a mando de uma organização criminosa.