Bettina Rudolph, investidora e empresária da Empiricus. (Reprodução/Divulgação)
Vanessa Barbosa
Publicado em 30 de maio de 2019 às 11h02.
Última atualização em 30 de maio de 2019 às 11h04.
O Conselho Nacional de Regulamentação Publicitária (Conar) julgou no dia 21, semana passada, o caso do comercial da Bettina e da Empiricus, dois meses depois de ter aceito a denúncia contra a propaganda. No julgamento da representação 063/19, o Conar determinou que a Empiricus tire do ar a propaganda da Bettina e mais cinco outras peças consideradas irregulares pelo órgão.
Na propaganda, uma jovem contava sua história de sucesso e como havia transformado R$ 1,5 mil em R$ 1 milhão em três anos. “Oi. Meu nome é Bettina. Tenho 22 anos e 1.042.000,00 reais de patrimônio acumulado”, era a chamada do vídeo, que fazia propaganda das publicações da Empiricus e, repetido à exaustão na internet, acabou se transformando em meme e atraindo a atenção das autoridades. Diante da impossibilidade de o caso ter acontecido na realidade, a empresa explicou que se tratava de uma funcionária e que ela havia feito mais depósitos para chegar ao milhão.
O exagero no comercial fez o Procon também abrir processo contra a Empiricus, alegando propaganda enganosa, o que resultou em multa de R$ 40 mil à empresa.
Além da propaganda da Bettina, o Conar considerou abusivos também outros cinco comerciais da Empiricus: “Dobre seu salário em tempo recorde”; “+251 todos os dias na sua conta”; “Receba todo mês R$1.823,53 de aluguel”; “Milionário com ações” e “O dobro ou nada”. A decisão, de pedir a sustação dos comerciais, agravada por advertência ao anunciante, foi tomada por unanimidade dos conselheiros do Conar.
A Empiricus já vem há algum tempo em uma disputa com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec) e com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) justamente pela agressividade de seus anúncios, que ultrapassariam os limites de publicidade estabelecidos pelos reguladores, especialmente no que se refere à promessa de ganhos.
Em meio a essa polêmica, a empresa mudou sua finalidade e, de empresa de análise independente, passou a ser uma empresa de publicações, o que a desobrigaria de cumprir as regras da Apimec e da CVM.
A Empiricus chegou a recorrer à Justiça, obtendo uma liminar suspendendo a fiscalização da CVM, decisão que foi depois cassada pela CVM. O regulador quer receber cópia de todos os materiais publicados pela Empiricus para avaliar se há desrespeito às regras dos analistas de investimentos.
Participaram da reunião do Conar que definiu a suspensão dos anúncios os conselheiros Adriana Pinheiro Machado, Antonio Toledano, Augusto Cesar Fortuna, Eliane Quintella, José Francisco Eustachio, Luiz Fernando Constantino, Milena Seabra, Paulo Zoega, Rafael Davini Neto e Vanessa Vilar.
Não é a única polêmica envolvendo anúncios relacionados a investimentos. Na semana passada, a Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac), divulgou nota repudiando a publicidade da plataforma de investimentos do Santander, a PI Investimentos.
Na peça publicitária, montada de maneira irônica, um homem reclamava por receber do assessor financeiro oferta de consórcio. Além da Abac, a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Valores exigiu da PI a retirada do ar das peças também irônicas, que considerou lesivas ao setor de distribuição de valores mobiliários.