Entre os postos abertos há oportunidades para praticamente todas as áreas de atuação em marketing, comunicação e vendas (Ryan McVay/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2011 às 13h59.
Rio de Janeiro - O aquecimento do comércio eletrônico brasileiro abre cada vez mais oportunidades para os profissionais. Hoje, no entanto, o mercado enfrenta o desafio de encontrar pessoas qualificadas para ocupar as vagas oferecidas, que pagam salários de até R$ 12 mil.
As escolas tradicionais de graduação e formação profissional ainda não conseguem formar profissionais para atender a crescente demanda, deixando a tarefa a cargo das empresas.
Manter a sustentabilidade do negócio é outra dificuldade para os varejistas na internet. De acordo com uma pesquisa realizada pela Ecommerce School, entre janeiro e agosto de 2011, há 23 mil lojas virtuais no Brasil.
Mas, deste total, apesar do crescimento de 24% das vendas do e-commerce no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período anterior, de acordo com a e-bit, apenas 30% estão ativas, ou seja, investem em divulgação e realizam ao menos 10 vendas por mês. A estimativa é que, até 2014, o número chegue a 45 mil e a proporção de lojas ativas se mantenha.
Entre os principais obstáculos para o desenvolvimento ainda maior dos varejistas virtuais estão a falta de conhecimento e planejamento. “Um grande erro é a escolha da plataforma, que deve caber no orçamento e não gerar um custo fixo elevado. Hoje há desde opções gratuitas, até as que custam R$ 200 mil. Saber definir é fundamental para o sucesso”, conta Mauricio Salvador, fundador, coordenador e sócio da Ecommerce School, lembrando que é possível abrir uma loja online com menos de R$ 50,00 por mês.
Empreendedorismo domina o e-commerce brasileiro
Seguindo a perspectiva de 45 mil lojas em funcionamento até 2014, a previsão é que sejam gerados 34 mil empregos diretos e mais 50 mil indiretos no comércio eletrônico nacional no período.
Entre os postos abertos há oportunidades para praticamente todas as áreas de atuação em marketing, comunicação e vendas, como diretores, gerentes, assistentes de e-commerce, analistas de métricas, links patrocinados, SEO, fotógrafos, designers, gerentes e analistas de marketing digital.
“O próprio Google vem criando profissões, como analistas de métricas, de SEO e de links patrocinados. Já os profissionais especializados em experiência do usuário são importantes, para gerar conteúdo, fotos e vídeos online”, ressalta Salvador. A expansão das mídias sociais também demandará cada vez mais cargos específicos. Caso de gerentes, coordenadores e assistentes de mídias sociais, assim como diretores e coordenadores de conteúdo.
Mas, apesar do aumento de oportunidades oferecidas, o empreendedorismo impera no varejo eletrônico brasileiro e a baixa barreira financeira de entrada faz com que muitas pessoas abram lojas virtuais para revender produtos. Segundo o levantamento, 50% dos 282 profissionais de e-commerce entrevistados, em parceria com a e-bit, afirmaram ser sócio-proprietários das empresas.
Indicações são meio mais efetivo para contratação
O cenário de empreendedorismo também pode ser explicado pela dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. A maioria dos pesquisados (79%) afirmou que os profissionais não atendiam a todas as habilidades necessárias, enquanto 22% não sabiam onde encontrar currículos específicos. Para 20%, os salários pedidos eram mais altos do que poderiam oferecer e 9% dos candidatos já estavam empregados em outra empresa.
“O profissional de e-commerce precisa ter uma visão geral do negócio e entender de tudo um pouco, desde a parte comercial, até a financeira, de operação e logística. Há muitos profissionais focados em apenas um assunto e as empresas acabam tendo de desenvolver outras habilidades nestas pessoas. Hoje, todos os profissionais de e-commerce em nível gerencial médio estão empregados, o que acaba gerando uma rotatividade no mercado”, conta o executivo da Ecommerce School.
Na hora de prospectar profissionais, as indicações ainda são o meio mais efetivo. Dos executivos que contrataram nos últimos seis meses, 64% chegaram aos candidatos por meio de amigos, parentes ou colegas de trabalho. As redes sociais vêm apresentando uma importância crescente: 11% encontraram os profissionais por meio de sites como LinkedIn e Twitter.
Salários acima de R$ 5 mil
Com o alto índice de rotatividade no mercado, a solução para manter um funcionário são os bônus mais agressivos no atingimento de metas, principalmente no caso de empresas de médio e grande portes. A pesquisa indicou que 21% dos profissionais de e-commerce recebem entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, 19% entre R$ 5 mil e R$ 8 mil, 7% de R$ 8 mil a R$ 12 mil e 8% acima de R$ 12 mil. A maior parte (28%), no entanto, recebe entre R$ 1 mil e R$ 3 mil e 5% chegam a ganhar menos de R$ 1 mil.
Em relação ao grau de entendimento dos gerentes de e-commerce, o atendimento ao cliente é a atividade mais dominada pelos profissionais, com 21% tendo afirmado ter “muito conhecimento”. Em seguida, aparecem técnicas de vendas (20%) e marketing digital (19%). O atendimento também é considerado como uma atividade prioritária para quem deseja trabalhar como gerente de e-commerce, citado por 79% como “muito importante” e 14% como “importante”.
“Os profissionais de e-commerce consideram muito importante ter conhecimentos no atendimento ao cliente e no marketing digital. Por outro lado, quando avaliamos as atividades que mais conheciam, a parte de expedição, logística e gestão financeira mostrou-se uma fraqueza, o que acaba se refletindo no mundo real. Hoje, o maior índice de reclamações no e-commerce é por causa de logística”, lembra Salvador, autor do livro “Como abrir uma loja virtual de sucesso”.