Gisele Bündchen: modelo é garota-propaganda da fabricante de lingeries Hope (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2011 às 17h44.
São Paulo - Diretor de criação da campanha que colocou Gisele Bündchen para ensinar as mulheres como deveriam se portar em casos de "risco" com os maridos, Adilson Xavier, da Giovanni+Drafitfcb, ainda tenta entender o que está acontecendo.
O publicitário, que atende pelo cargo de presidente e diretor nacional de Criação da agência, concedeu uma entrevista nesta sexta-feira, 30, em que disse que é supreendente e, em alguns momentos, "ridícula" a polêmica criada em torno das peças. Segundo ele, a sociedade brasileira "está perdendo o bom humor".
"Bota um homem fazendo isso; não ia ficar depreciativa. Então por que não pode com mulher?", questionou. "Por que não pedem para tirar a novela do ar quando fazem esse tipo de coisa, ou os programas de humor?"
A parte boa, diz, é que o debate coloca o tema em pauta e acaba derrubando o que chamou de "dramaticidade" dos reclamões. "A gente vive apregoando a beleza feminina brasileira e, quando a gente mostra, as pessoas se ofendem", reclamou. "Ninguém quer ser feio, ser pouco atraente."
Ele ainda lembrou que trata-se de uma marca que vende lingerie, portanto seria no mínimo estranho mostrar a modelo de roupa. "Temos que entender qual o produto que estamos mostrando."
O envolvimento do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária ainda não é oficial, pois a Giovanni não recebeu qualquer posição do órgão.
O Conar tem aparecido em destaque ultimamente por ter de julgar campanhas aparentemente inofensivas - como a dos Pôneis Malditos da Nissan -, mas apesar de o órgão representar a sociedade, Xavier não acredita que a publicidade esteja se distanciando das pessoas. Para ele, trata-se de "excesso de sensibilidade". "Tem muita gente reclamando de qualquer coisa", critica.
Outro ponto destacado pelo publicitário é o número baixo de reclamações. As cerca de 20 pessoas que se incomodaram, na sua concepção, não refletem um universo com milhões de mulheres que é o Brasil.
O problema deste caso, segundo ele, é o envolvimento de uma secretaria do governo, que deu visibilidade a ONGs sobre os direitos da mulher. "Se são pessoas que só tratam disso, então é claro que elas iam prestar atenção."