O organizador do evento dedicado às figuras do Carnaval acredita que os modelos patenteados estão banalizando o evento (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 12h02.
São Paulo - Uma das marcas do carnaval de Olinda, os bonecos gigantes fizeram ontem seu 24º encontro pelas ruas da cidade histórica em meio a uma polêmica. O organizador do evento, Silvio Botelho, de 52 anos - 37 dedicados aos bonecos gigantes - teme sua descaracterização. Além de patentear a marca “bonecos gigantes de Olinda”, o empresário pernambucano Leandro Costa realizou por três anos consecutivos na segunda-feira de carnaval, véspera do tradicional encontro, a “Apoteose dos Bonecos Gigantes”.
Ao contrário dos gigantes criados e confeccionados por Botelho, que primam por reverenciar e retratar valores da cultura local, os de Leandro levaram anteontem às ladeiras da cidade figuras do terror cinematográfico americano, como Chucky e Freddy Krueger, além de personalidades como Michael Jackson, Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff.
“É a banalização dos bonecos gigantes”, reagiu Botelho, temendo que em breve até personagens de Walt Disney, como Mickey e Pato Donald, virem personagens gigantes do carnaval de Olinda. Leandro Castro diz não querer polemizar e explica que seu trabalho tem um conceito diferente, com enfoque empresarial.
Patente 'inócua'
Embora reconheça o evento promovido por Botelho como “o grande encontro dos bonecos tradicionais”, a prefeitura diz não ter ingerência em um carnaval de rua marcado pela espontaneidade e não vê problema na rivalidade. Para a secretária municipal de Cultura e coordenadora do carnaval, Márcia Souto, os bonecos gigantes são patrimônio da cidade e estão acima de qualquer coisa.
“Essa patente é inócua. Os bonecos gigantes de Olinda são de domínio público”, garantiu. “A vida e o tempo vão mostrar que os bonecos gigantes de Olinda são estes aqui”, afirmou, apontando para cem bonecos, de mais de três metros de altura, que se preparavam para deixar o Largo do Guadalupe com três orquestras de frevo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.