Marketing

O cafezinho agora é gourmet

Crescimento do consumo dos cafés especiais se deve não só a uma sofisticação do consumidor, mas também a um pesado trabalho educacional e de marketing

Quanto mais o café agradar em requisitos como suavidade, pureza e sabor, mais ele tem chances de ser classificada como gourmet, ou especial (.)

Quanto mais o café agradar em requisitos como suavidade, pureza e sabor, mais ele tem chances de ser classificada como gourmet, ou especial (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

O tradicional cafezinho dos brasileiros vem deixando de ser uma simples bebida para espantar o sono ou ajudar na digestão. Cada vez mais o café passa a ser apreciado e estudado, como costuma se fazer com os vinhos graças a um trabalho educacional e de marketing desenvolvido por cafeterias  e pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic)

Apesar de o País ser o segundo maior consumidor de café do mundo atrás dos Estados Unidos, o hábito de tomar cafés especiais é algo novo por aqui, mas que vem crescendo. Segundo pesquisa da Abic, apenas 1% da classe A consumia café gourmet em 2003. Em 2009 esse número subiu para 9%, sendo a categoria de café que mais cresceu percentualmente - 15% contra 5% do consumo geral.

"Há cerca de 10 anos não havia café gourmet no Brasil, mas o consumidor passou a conhecer mais e exigir melhor qualidade e já temos cerca de 80 marcas desse tipo de café no Brasil", afirma Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic que, garante, esse número de marcas existentes cresce a cada mês.

Mercado no Brasil

Investir em cursos e treinamento de pessoal para o reconhecimento da qualidade dos cafés e descobrir novos sabores e receitas com a bebida foi a saída encontra por cafeterias que, mediante a crescente concorrência, precisam variar seus cardápios sem abrir mão do seu café especial. Quanto mais a bebida agradar em requisitos como suavidade, pureza e sabor, mais ela tem chances de ser classificada como gourmet, ou especial.

O primeiro passo para que o café seja considerado gourmet é o trato. Por isso, a Abic tem em São Paulo o Centro de Preparação de Café que promove cursos e treinamento para quem quiser trabalhar ou simplesmente saber mais sobre o grão. Este é o caminho seguido pelo Fran's Café, que vai inaugurar a Universidade do Espresso para treinar toda a sua rede de franqueados a como cuidar do café.

A rede Fran's Café é uma das pioneiras no segmento de café gourmet no Brasil. A cafeteria que abriu sua primeira unidade em Bauru, em 1972, muito antes do boom dos cafés especiais, hoje conta com 132 franquias e pretende abrir mais 20 até o fim de 2010. A marca tem em sua sede uma equipe de nutricionistas e baristas responsável por pesquisar produtos e trazer novidades para o cardápio que muda duas vezes ao ano.  "Mas todos que trabalham aqui, em qualquer setor, têm a missão de ficar atentos às novidades e fazer sugestões para o nosso cardápio", afirma Henrique Ribeiro, sócio-direto do Fran's Café.

O grão que virou estabelecimento

O sucesso do Fran's abriu caminho para novos negócios no segmento. Há três anos donos de uma fazenda no Sul de Minas, notaram o promissor mercado do café gourmet e lançaram a sua própria marca, a Villa Café. O crescimento mais que dobrado ao ano foi tão satisfatório que no início de 2010 a marca de grãos virou uma cafeteria em Belo Horizonte, cidade que receberá mais duas unidades do estabelecimento até o fim do ano.


A principal intenção ao abrir a cafeteria foi ter mais contato com o cliente, contato esse que se ampliou semana passada com a abertura da loja virtual do Villa Café. "Mais perto dos consumidores vamos entender melhor suas necessidades e preferências, além de podermos conquistar novos clientes", explica Rafael Duarte, diretor da marca.

Marketing do café

O crescimento desse mercado se deve também aos crescentes investimentos em produtos e no marketing interno do café. A própria Abic conta com eventos, sessões de degustação em supermercados e lojas especializadas, distribuição de material educativo como folhetos e cartazes, campanha na mídia e realização de concursos para promover os melhores grãos para divulgar o café gourmet.

A maioria das marcas não conta com publicidade, mas sim com posicionamento interno e investimento nos pontos-de-venda. "Às vezes compramos espaço na mídia, mas preferimos fazer ações promocionais dentro de nossas lojas", explica Henrique Ribeiro, do Fran's Café. O empresário afirma ainda que confia muito no marketing boca a boca. "Investimos no nosso pessoal e em atendimento para que o cliente fique satisfeito, isso é o mais importante", finaliza.

A prova de que esse mercado vem crescendo e se destacando no Brasil, foi a chegada de uma das mais famosas cafeterias do mundo ao País, a Starbucks. A marca norte-americana inaugurou sua primeira unidade brasileira em dezembro de 2006 e hoje já conta com 24 lojas, todas próprias. A Starbucks trouxe para o Brasil o posicionamento que mantém no resto do mundo: ser um terceiro lugar na vida do cliente, um lugar entre os dois principais: o trabalho e a casa. A rede Vanilla Café tem posicionamento parecido.

A rede de cafeterias quer ser cada vez mais acolhedora para que seja uma extensão da casa ou do trabalho do consumidor, por isso algumas de suas 24 lojas contam com salas de reunião que ficam à disposição dos clientes. "Investimos na qualidade e no atendimento para termos um ambiente diferenciado", afirma Sérgio Freire, superintendente de marketing e novos negócios da Platinan Franquias, detentora das marcas Bon Grillê e Vanilla Caffè. Com esses investimentos a rede quer chegar a 100 lojas até o final de 2012 e aproveitar o bom momento para fazer este mercado ainda maior.


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