Cena de Hair, musical que abre a temporada do BTG Pactual Hall no dia 24 (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 13h04.
Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 14h49.
O antigo Teatro Alfa, em São Paulo, fechado desde 2022, será reaberto neste mês de outubro. O BTG Pactual (mesmo controlador da Exame) assumiu os naming rights do espaço, que passa a se chamar BTG Pactual Hall.
Localizado no Beyond The Club, na Zona Sul de São Paulo, e aberto ao público, o teatro reestreia no próximo dia 24 com o musical Hair e, em 5 de novembro, com Vozes Negras – A Força do Canto Feminino. As vendas já estão abertas.
Além do BTG Pactual, o empreendimento é resultado de uma parceria entre Aventura, KSM Realty, Realty Properties e Beyond The Club. A gestão será da Aventura, que projeta programação contínua com musicais, shows, dança, literatura, moda, games e outros formatos.
Para o banco, o projeto é uma plataforma estratégica de marca. “A cultura é um dos pilares que sustentam a identidade do BTG Pactual. Associar nosso nome a um espaço que celebra e valoriza a arte reforça o compromisso do banco com a economia criativa”, afirma André Kliousoff, CMO do BTG Pactual.
Ele diz que o movimento integra um território definido pela marca. “A música brasileira é um patrimônio econômico e um soft power do país. O teatro se soma ao Prêmio da Música Brasileira e a iniciativas de capacitação e mentoria.”
O BTG Pactual Hall terá 1.110 lugares e, em 2026, ganhará uma segunda sala para 200 pessoas. No mesmo ano, a Aventura lançará cursos gratuitos de formação para profissionais da economia criativa.
Segundo Kliousoff, o retorno buscado é de imagem e posicionamento. “O principal ganho é de marca, de construção de vínculo com o público e com a cadeia produtiva da cultura”, diz. O banco usará o espaço também em ativações e projetos ligados à música, incluindo ações de incubação e aceleração de artistas.
Clientes do BTG também terão benefícios na compra de ingressos: nas produções patrocinadas pelo banco, como Hair, o desconto será de 50%; nos demais espetáculos, de 30%, além de acesso à pré-venda exclusiva.
Para Oscar Segall, sócio da KSM Realty, o BTG Pactual Hall reforça a proposta do Beyond The Club. “É um teatro renovado, com programação ampla e de qualidade, que nossos sócios poderão vivenciar de perto”, afirma.
O teatro passou por uma reforma de R$ 12 milhões, que incluiu retrofit completo de estrutura, poltronas, luz, som, sistemas hidráulico e elétrico, além de camarins e carpetes. O espaço vai funcionar como um equipamento multiuso.
“Vai ter teatro declamado, teatro musical, shows, dança, literatura, moda e até games. A ideia é operar de manhã, de tarde e de noite, de segunda a segunda”, diz Luiz Calainho, sócio-fundador da Aventura, que também está à frente da L21 Corp, holding que reúne 17 empresas em diferentes frentes da economia criativa, entre rádios, portais, festivais, conferências, teatros, casas de show, agência de influência e produtora fonográfica.
Como mostrou a EXAME, juntas, essas frentes movimentam cerca de R$ 280 milhões por ano e alcançam 48 milhões de pessoas, entre espectadores, ouvintes, leitores e participantes de projetos com marcas.
Além de centro cultural, o BTG Pactual Hall foi concebido como plataforma de comunicação para marcas, com jornadas e ativações desenhadas sob medida — modelo que a Aventura já aplica em outros espaços, como o Teatro Riachuelo Rio, o Teatro Adolpho Bloch, a Ecovilla Ri Happy, a Arena B3 e, a partir de dezembro, o Teatro YouTube.
Cinco marcas já estão associadas ao projeto: BTG Pactual, Heineken, Atlas Schindler, Dexco e B3, com novas negociações em andamento.
“Não é só visibilidade no local. Envolve redes sociais, ativação, engajamento e relacionamento. O BTG, por exemplo, terá lounge e camarote. A Heineken terá o Heineken Deck, uma varanda dentro do teatro”, afirma Calainho, que defende o papel das marcas no setor. “As empresas fazem parte do show. É fundamental que patrocinem cultura no Brasil.”
Parte das produções que passam pelo teatro também será viabilizada pela Lei Rouanet, principal política federal de incentivo ao setor. Segundo Calainho, o mecanismo tem efeito multiplicador sobre fornecedores e serviços ligados aos espetáculos. “Para cada real incentivado, um real e sessenta e cinco voltam em impostos para a cadeia produtiva”, afirma.
A reabertura do BTG Pactual Hall também marca a expansão da atuação da Aventura em São Paulo. A produtora carioca estreou na capital paulista em 2009, no mesmo palco, com o musical A Noviça Rebelde. Agora, passa a gerir um espaço próprio de grande porte, reforçando presença no mercado e ampliando sua estrutura de produção e formação.
Segundo a empresa, o objetivo é manter uma programação contínua, com diferentes formatos e linguagens. “Já na estreia, vamos trazer espetáculos que destacam tanto a cultura brasileira como a internacional. Nosso compromisso é acima de tudo com a qualidade e não com o título do espetáculo”, afirma Aniela Jordan, sócia-fundadora e diretora artística da Aventura.
Para a executiva, a retomada do antigo Teatro Alfa carrega responsabilidade histórica. “Costumo dizer que este teatro sempre foi o espaço do ‘sim’. Em meio a tantos espaços com a opressão do ‘não’, este sempre se destacou pela tolerância e pela liberdade em suas produções”, diz. Segundo ela, a nova fase busca preservar esse legado. “Quando ele fechou em 2022, sempre existiu a vontade de um dia ocupar o espaço e dar continuidade à sua história.”
A primeira produção do BTG Pactual Hall será Hair, musical criado por Gerome Ragni e James Rado, com trilha de Galt MacDermot. Ícone do movimento hippie nos anos 1960, a obra aborda a resistência ao conservadorismo político e aos padrões de comportamento da época.
A nova montagem tem direção de Charles Möeller e Claudio Botelho, com produção da Aventura. O espetáculo estreou em julho no Teatro Riachuelo Rio e agora inaugura a temporada em São Paulo, com elenco de 30 atores e canções como Aquarius e Let the Sunshine In. Os ingressos custam a partir de R$ 20 (meia-entrada).
“A grande mensagem que queremos deixar aqui é ‘deixar o sol entrar’. Como o ponto-chave é Aquarius/Let the Sunshine In, nosso grito é este também: deixar a luz substituir a guerra, a violência e o preconceito neste mundo de hoje, que tanto clama por esse movimento”, afirma Aniela Jordan, da Aventura.
Na sequência, Vozes Negras – A Força do Canto Feminino estreia em 5 de novembro, com direção de Gustavo Gasparani. O projeto, que já teve temporada no Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, chega a São Paulo em formato de série, com seis semanas temáticas sobre a trajetória de cantoras e compositoras negras brasileiras, como Alcione, Elza Soares, Sandra de Sá, Tati Quebra Barraco e Ludmilla.
A cada semana, canções, textos e direção se renovam a partir da homenageada, e os espetáculos funcionam de forma independente — não é necessário assistir em ordem cronológica. As sessões também abrem espaço para debates com convidadas sobre racismo e feminismo negro, sempre com participação do público.
“É o primeiro musical em série que existe no mundo. Descobrimos muito material sobre a vida dessas mulheres que romperam barreiras e transformaram nossa cultura. Cada fim de semana terá um espetáculo diferente, homenageando duas artistas que marcaram sua década”, afirma Gasparani. Para Aniela Jordan, “trazer pensadoras e acadêmicas para o debate racial é urgente e necessário nos dias de hoje”.
Local: Teatro BTG Pactual Hall — São Paulo
Quando: 24 de outubro a 21 de dezembro
Sessões: sextas às 20h; sábados às 16h e 20h; domingos às 15h e 19h
Classificação: 18 anos
Vendas: ingressos já disponíveis
Ingressos — 1º lote
Sextas, 20h, e domingos, 19h
Sábados, 16h e 20h, e domingos, 15h