Embora seu foco seja o colecionador adulto, alguns pais questionam se um brinquedo deveria estimular modificações corporais (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2011 às 10h38.
Nova York - De cabelo rosa e tatuada no ombro e pescoço, a nova Barbie, lançada pela empresa Mattel numa edição limitada para colecionadores, está mais para a perturbada heroína da trilogia Millenium, de Stieg Larsson, do que para as Barbies mais tradicionais, que existem desde 1959.
Desde que foi lançada pela Internet, neste mês, ao preço de 50 dólares, a boneca criada pela grife tokidoki, de Los Angeles, teve seu estoque esgotado, mas não parou de gerar polêmica.
Embora seu foco seja o colecionador adulto, alguns pais questionam se um brinquedo deveria estimular modificações corporais.
"Ela está ensinando as crianças a quererem tatuagens antes de terem idade para se vestirem desse jeito", disse Kevin Buckner, da Virgínia, a uma TV local.
A Mattel não se pronunciou sobre a polêmica, mas nem toda a repercussão foi negativa. Para alguns adultos, a boneca reflete a moda e a cultura pop atuais.
"Você já viu Lady Gaga, Nicki Minaj, Katy Perry, Rihanna?", argumentou, numa entrevista por email, Candace Caswell, uma mãe novaiorquina de 30 anos, acrescentando que as estrelas pop também têm tatuagens e usam perucas e roupas malucas. "Eles estão capturando um flagrante da cultura pop do jeito que ela realmente é. A Barbie não está criando a minha filha. Eu é quem estou", acrescentou ela.
Para Heather Gately Stoll, do Colorado, o problema não são as tatuagens. "O que é inadequado para as crianças são as medidas dela", afirmou, referindo-se às curvas da boneca. "Se ela pode mudar de personalidade, por que não pode mudar de forma e tamanho?"
A Barbie da tokidoki não é a primeira a ter tatuagens. Em 2009, algumas lojas recolheram a linha Totally Stylin' Tattoos por causa de queixas recebidas, e um ano antes a Mattel havia feito uma parceria com a fabricante de motos Harley Davidson para produzir uma Barbie com asas tatuadas nas costas. A produção da Barbie Butterfly Art foi suspensa em 1999, após queixas dos pais.
Gayatri Bhalla, 41 anos, de Washington, que escreve um blog sobre experiências para meninas pré-adolescentes, acha que tudo não passa de marketing.
"Por um lado, a empresa gosta de ter a Barbie como o brinquedo-ícone dos EUA para as meninas, e usá-la para promover coisas às quais a maioria dos pais não se opõe, como o 'Dia de Levar Sua Filha ao Trabalho'", disse ela.
"Mas eles também criam a Barbie em imagens que a maioria dos pais optaria por não apresentar como modelo para suas filhas pequenas, e uma boneca tatuada no corpo todo recai nesse campo."