A reputação não se resume ao currículo: pequenas atitudes e comentários moldam a imagem que permanece sobre cada profissional (Foto/Thinkstock)
Estrategista de Comunicação
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 16h51.
Reputação é como a sombra: você jamais a controla, mas ela sempre te acompanha.
Em tese, você pode até acreditar que comanda a sua com um currículo brilhante, posts bem-produzidos ou frases de efeito no LinkedIn. Só que, no final, quem decide sobre ela é o outro.
Pois reputação, com o perdão do clichê, “é aquilo que dizem de você quando você não está ali para se defender”. E ponto.
Nessa construção, cada gesto ou atitude serve de tijolo: a reunião em que você fala menos e escuta mais; o projeto entregue com consistência; o comentário elegante em meio à pressão. E igualmente o comentário fora de hora; o sarcasmo que pega mal; o preconceito que você deixa escapar.
É nesse instante aparentemente banal que seu nome começa a se cristalizar. E aí vem o desafio que poucos têm coragem de encarar: se alguém ligasse agora para um ex-colega de trabalho seu pedindo referências suas, quais primeiras três palavras surgiriam na conversa?
Sim, uma simples resposta que pode valer mais do que dez páginas de currículo, mais que um MBA caro ou até mais que um “endorsement” digital. No jogo influência, essa percepção é destino, e não detalhe.
Segundo a Nexus, 80% dos empregadores mudaram de opinião sobre um candidato depois de consultar suas referências com terceiros. Exatamente: oito em cada dez. E há mais: 30% dos entrevistadores, ao consultar essas mesmas referências, descobriram dados falsos sobre o profissional recrutado pelo caminho.
Ou seja, os números confirmaram o que a experiência de quem desconfia já sussurrava.
Outra pesquisa, essa da Apollo Technical, ressalta que indicações internas reduzem quase pela metade o tempo de contratação – de 60 para cerca de 35 dias – e aumentam a chance de fit cultural em até 6,6%.
Eu traduzo: a conversa de corredor sobre você tem mais efeito que o PowerPoint mais bem diagramado. Uma palavra dita sem filtro pesa toneladas. É no “boca a boca corporativo” que sua reputação é escrita.
Carreiras não são destruídas por grandes escândalos apenas. São minadas por pequenos adjetivos venenosos, muitas vezes repetidos até virarem rótulo. Três deles são notórios assassinos de reputações:
Rótulos assim funcionam como hashtags invisíveis coladas ao seu nome. E, diferentemente das redes sociais, o “algoritmo social” é implacável: uma vez associado a você, esse carimbo ecoa mais alto que qualquer resultado entregue.
Mas calma! Se alguns adjetivos paralisam, outros alavancam, projetam. Funcionam como senha de acesso em salas às quais você nem sabia ter convite. Não se trata de marketing pessoal artificial, e sim de consistência percebida, repetida e validada pelos outros:
Reputação, no fim do dia, não é uma campanha, um logo ou um slogan. É um acúmulo, um detalhe repetido tantas vezes que se transforma em identidade. Está no jeito como você agradece numa reunião, na clareza ao dar feedback, na generosidade quando ninguém está filmando.
Aquilo que você deixa em quem cruza com você. Não uma vez, mas sempre. E quando os detalhes se alinham à sua intenção, você não precisa correr atrás da sua imagem: ela passa a correr à sua frente.