Mais de 70% das mães relatam que a alimentação da família será prejudicada pela ausência de renda (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Rodrigo Caetano
Publicado em 10 de maio de 2020 às 08h55.
Última atualização em 10 de maio de 2020 às 11h02.
Uma verdadeira força tarefa entre artistas e empresas está em andamento para oferecer auxílio a mães que vivem em favelas. Idealizado pela Central Única de Favelas (Cufa), entidade que atua em mais de 400 comunidades, o projeto Mães da Favela oferece uma bolsa de 120 reais a mulheres em comunidades, por dois meses. Mais de 80 mil mães já foram beneficiadas.
Para arrecadar fundos, diversos artistas estão contribuindo com suas imagens. Neste domingo, dia das mães, será lançado no programa Fantástico, da Rede Globo, um videoclipe para homenagear as mães da favela. Dirigido por Celso Athayde, fundador da Cufa, com produção musical de Dudu Nobre e composição de Nega Gizza, a peça conta com a participação de Ivete Sangalo, Negra Li, Claudia Leite, Daniela Mercury, Karol Conka, Elza Soares, Fernanda Abreu, entre outras artistas.
Também neste domingo, estão previstas lives musicais para incentivar doações. Às 13h, o sambista Zeca Pagodinho entra em cena em seu canal no YouTube e, às 16h30, será a vez de Anitta, também no YouTube. Eles juntam a outros músicos e atores que já realizaram eventos online em favor do projeto, como Péricles, MC Guimê, MC Dede, Kevinho, Lexa, Dani Russo, Luan Santana e Taís Araújo.
Em outra frente, influenciadores digitais estão leiloando pacotes de posts em seus feeds, sendo que o valor arrecadado será doado para o projeto. Participam da iniciativa Sabrina Sato, Fernanda Mota, Ceará, Mônica Salgado, Lorena Queiroz, Luiza Possi, Andrea Guimarães, Jão, Dalton Rangel, Julinho Casares e Justim Neto.
Até o momento, o Mães da Favela arrecadou mais de 10 milhões de reais para as bolsas mensais, sendo que 4,6 milhões de reais já foram entregues. Além do valor em dinheiro, a iniciativa distribui cestas básicas e outros produtos, como botijões de gás, para famílias em comunidades. Foram 6.443 toneladas de alimentos entregues em 5 mil favelas, beneficiando 496 mil famílias e 1,9 milhão de pessoas. Ao todo, o projeto movimentou mais de 60 milhões de reais em doações.
Aos artistas que apoiam a iniciativa se somam mais de 130 empresas, de diversos segmentos. Entre elas, grandes empresas como Ambev, Natura, Facebook, Uber, 99, BTG Pactual (que faz parte do grupo que controla a Exame) e Unilever; e até clubes de futebol, como o São Paulo Futebol Clube.
As favelas brasileiras concentram um contingente de mais de 13 milhões de pessoas. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, são 5,2 milhões de mães nas comunidades, que possuem, em média, 2,7 filhos. Sete em cada 10 mulheres afirmam que o fechamento das escolas, que obriga os filhos a ficarem em casa, dificulta o trabalho e a geração de renda. Em relação ao trabalho, 37% das mães são autônomas, 15% possuem emprego com carteira assinada e 10% sem carteira assinada. As donas de casa somam 14%.
Para 84% das mães da periferia, a crise do coronavírus diminuiu o movimento ou a as vendas de seus negócios ou da empresa em que trabalham. Para 80%, a renda familiar já está menor e 85% afirmam que o pagamento das contas ficará comprometido. Mais de 70% das mães relatam que a alimentação da família será prejudicada pela ausência de renda.