(Dying to Live/ Youtube/Reprodução)
Vanessa Barbosa
Publicado em 16 de outubro de 2018 às 10h34.
Última atualização em 16 de outubro de 2018 às 10h37.
São Paulo - Uma campanha sobre doação de órgãos que tem como protagonista a figura de Jesus está dividindo opiniões na Austrália.
O anúncio retrata a cena da crucificação de Cristo, onde dois soldados romanos com sotaque australiano fazem piada sobre nem todas as pessoas irem para o "paraíso eterno" ao final da vida e perguntam a Jesus se ele gostaria de doar seus órgãos, ao que ele responde "obviamente, eu faria isso, eu sou Jesus".
Na sequência, os soldados romanos pedem que ele entre em um site do governo australiano para registrar seu consentimento e se tornar um doador de órgãos e tecidos.
Os guardas também trazem Maria e José para sublinhar a importância de avisar aos familiares sobre esse desejo. No final, os soldados ainda pedem para tirar uma selfie com Jesus, que aceita e sugere que eles usem a hashtag “#blessed” (#abençoado) nas redes.
Com dois minutos e meio de duração, a campanha publicitária "O que Jesus faria? Doe seus órgãos", criada pelo grupo de doação de órgãos Dying to Live, baseou-se em pesquisas que apontaram que 70% dos australianos estão dispostos a doar seus órgãos e tecidos, mas apenas 36% são doadores registrados.
Apesar da importância da questão tratada no anúncio, a abordagem humorística sobre a morte de Jesus dividiu opiniões. O fundador da Associação de Amizade Islâmica da Austrália, Keysar Trad, disse que o anúncio "mostrou irreverência em relação a uma figura venerada", e que, por isso, "ofenderá alguns muçulmanos e alguns cristãos", relata o jornal The Daily Telegraph.
Usuários de mídia social também ficaram divididos sobre o anúncio, com alguns questionando por que não retratar o profeta islâmico Maomé em um anúncio semelhante. "Certamente há melhores maneiras de promover essa digna causa compassiva sem insultar as crenças dos cristãos. Talvez os cineastas tenham outras agendas ocultas", diz um dos usuários no Youtube.
O idealizador e diretor do anúncio, Richard Bullock, disse que a ideia era gerar um debate acalorado, para fazer as pessoas falarem sobre doação de órgãos. “Eu queria deliberadamente provocar uma conversa nas casas ao redor do assunto. Isso é realmente difícil, já que ninguém quer falar sobre morte e doação de órgãos na mesa de jantar”. E ele conseguiu.