Com a economia dos Estados Unidos estagnada, o caminho de crescimento da AMD passa pelos mercados emergentes, especialmente o Brasil (Norbert Millauer/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2012 às 11h39.
Rio de Janeiro - Sair de 10% de participação de mercado para 50% em dois anos é um objetivo ambicioso, talvez até impossível. Mas esta é a meta da AMD no Brasil e, a julgar pelo aumento que a empresa de processadores teve entre 2010 e 2011, o plano tem tudo para ser factível. Afinal, a multinacional norte-americana cresceu mais de 300% em um ano, deixando a posição de lanterninha do mercado, com 10%, para 32%, depois de passar por uma reestruturação e implementar novas estratégias de marketing.
Com a economia dos Estados Unidos estagnada, o caminho de crescimento da AMD passa pelos mercados emergentes, especialmente o Brasil. Até 2006, a empresa seguia a líder Intel em termos de tecnologia e era tímida em suas ações de marketing. Seis anos depois, a companhia se mostra ao mercado com um perfil que entrega desempenho a um custo benefício atraente para a nova classe média, sedenta por equipar sua casa com computadores, note e netbooks.
AMD muda estratégia no Brasil para ter 50% do mercadoDesde então, o foco da AMD tem sido na experimentação do produto em uma série de pontos de contato com a marca. Sem verba para fazer comunicação de massa, estar perto do comprador no ponto de venda é uma estratégia que tem resultado em até 40% de conversão para a companhia. O Vison Day é um dos principais motores deste aumento nas vendas, quando todo fim de semana há uma série de ações de demonstração do produto em lojas de departamento, varejo e eletroeletrônicos.
Vai onde o consumidor está
Para os mais entendidos em tecnologia, a AMD realiza uma série de ações. A principal delas é o AMD Experience Point, na região da Santa Ifigênia e no Infocentro, dois pólos de informática em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Na capital paulista, há uma loja de experimentação dos produtos da marca para os consumidores e um ambiente de treinamento para os revendedores da região. Já no Rio, um quiosque faz a interface com estes públicos.
Somente com estes dois projetos, a AMD espera aumentar em 66% as vendas para integradores e revendas que atuam na região da Santa Ifigênia e no Infocentro. “Queremos proporcionar uma experiência e demonstrar a nossa diferença”, afirma Roger Melo, diretor de marketing da AMD Brasil. Além dos pontos físicos, a companhia vai até o seu público com caminhão itinerante.
O Caminhão Volante AMD já percorreu quatro cidades e fez relacionamento com cerca de mil pessoas, que interagiram com os produtos da marca por meio de um simulador de corrida igual aos dos pilotos de Fórmula 1. Como patrocinadora da equipe Ferrari, esta é uma das ações de ativação que a companhia realiza, além de levar clientes para o GP Brasil. Outro patrocínio que a marca faz questão de ativar é o da Seleção Brasileira de Gamers.
Mudança de estratégia
Regularmente, os jogadores de videogame profissionais dão dicas para os consumidores comuns sobre o desempenho dos produtos da AMD. Os revendedores também desempenham papel fundamental na estratégia da companhia, uma vez que participam de programas de incentivo para vender cada vez mais computadores equipados com os processadores da marca.
Com uma estratégia de preço abaixo da concorrência, viável porque a companhia não tem fábrica própria e tem uma estrutura de custos controlados, os processadores AMD estão dentro desde netbooks vendidos a R$ 799,00, até mega computadores profissionais, passando pelos consoles Wii e Xbox. Mostrar a sua presença em todos estes ambientes é um desafio. Por isso, a marca tem apostado em ações de comunicação digital, principalmente nas redes sociais.
Com um posicionamento de marca alinhado ao humor, a AMD já realizou webséries e concursos culturais com Os Barbichas e agora aposta na irreverência do personagem O Melhor do Melhor do Mundo para conquistar mais fãs para a sua fan page no Facebook, que saiu de zero para 130 mil membros em seis meses.
AMD muda estratégia no Brasil para ter 50% do mercadoPara dar conta do crescimento da companhia, a AMD sabe que precisa trilhar cada vez mais novos caminhos. Um deles é conquistar o varejo. Um projeto chamado de Update do Visual vai reformar e promover melhorais de infraestrutura e no visual de revendedores em troca, claro, da preferência pela marca. O outro desafio é a tecnologia.
Com a disseminação dos tablets e smartphones, e a consequente diminuição nas vendas de notebooks e até de netbooks em médio prazo, a AMD vê seu mercado encolher. A saída passa pelo ingresso neste mercado, mais complexo. “A indústria vive um ponto de inflexão”, reconhece Roger Melo (foto). Por isso, a marca estuda para entrar neste segmento. “Não descartamos esta hipótese. O desafio é fazer uma tecnologia de alta performance numa ambiente menor e mais barato”, afirma o diretor de marketing.