Marketing

9ine quer se mostrar cada vez mais independente

Ronaldo passará um ano ao lado de Martin Sorrel para ampliar seu conhecimento em gestão de marcas

Ronaldo: ex-jogador e empresário passará um ano ao lado de Martin Sorrel para ampliar seu conhecimento em gestão de marcas (Getty Images)

Ronaldo: ex-jogador e empresário passará um ano ao lado de Martin Sorrel para ampliar seu conhecimento em gestão de marcas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 11h57.

São Paulo - Localizada na arborizada Avenida São Guálter, no alto de Pinheiros, em São Paulo, em um imóvel com decoração arejada, a agência 9ine não foge à regra. Os tradicionais bilhar e pebolim estão lá. A exceção são obras dos badalados artistas brasileiros Osgemeos em homenagem a um dos famosos sócios, Ronaldo, e à empresa.

O ex-jogador detém 45% do negócio, igual participação do grupo WPP. Os outros 10% são de Marcus Buaiz, empresário ligado à área de entretenimento.

Só pelos nomes citados, o negócio já nasceu grande. Os números começam a dar uma amostra do potencial da agência, que é uma incógnita para muitos do mercado.

Em menos de um ano, a 9ine conta, entre os agenciados, com o lutador de MMA (Mixed Martial Arts) Anderson Silva; os jogadores Neymar, do Santos, Lucas, do São Paulo, e Falcão, de futsal do Santos; Danilo Couto, surfista de ondas grandes; e Pedro Barros, jovem skatista.

Do ambiente corporativo, levou a conta da Duracell, pertencente ao portfólio da Gilletti, e as áreas esportivas do Extra e GSk, que comercializa o Respire Melhor.

“Está indo muito bem. Acho que o início está sendo ótimo”, afirma Evandro Guimarães, diretor de operações da agência. A parceria fechada na última semana entre o Flamengo e a P&G  também  teve o dedo da agência.

O que é a 9ine, afinal? “Nós somos uma agência de publicidade. Não somos uma agência de marketing esportivo”, explica o diretor.

Como diversas outras agências do mercado, que optam por especialização a exemplo de segmento de varejo, automotivo e imobiliário, a 9ine optou por uma área: o esporte.


“Agência de publicidade com especialização em esportes. Quando o WPP se uniu ao Ronaldo, vimos que não tinha agência com foco e visibilidade em esportes”, explica.

O executivo garante que a empresa tem todos os departamentos de online a offline, embora reconheça que o número de profissionais é pequeno, 20 no total, muitos deles provenientes da Ogilvy.

A dependência da Ogilvy Brasil, porém, é cada dia menor, de acordo com Guimarães. “A estrutura hoje é totalmente independente. Temos o nosso próprio espaço físico. E a ideia é cada vez mais andar com as próprias pernas e não precisar de nenhum suporte que não seja puramente necessário”. O auxílio das agências do grupo WPP é mais na parte operacional, até porque a 9ine busca um perfil mais estratégico.

Imagem esportiva

A atuação da agência com os atletas se baseia em um trabalho sob a perspectiva de marca. “Nós vemos comportamento e valores que eles têm. Analisamos também que tipo de valores são associados a eles, por uma ferramenta própria. A partir daí conseguimos avaliar oportunidades de patrocínios e também a necessidade de melhorar a imagem”.

Os exemplos provêm do agenciado mais antigo: Anderson Silva. “Queríamos dar ao Anderson a visibilidade que ele tem nos Estados Unidos ou mais. Ele é a antítese do lutador brigão e possui características que são interessantes de se explorar. Fizemos um trabalho para amplificar a visibilidade dele e deu resultado. Antes ele tinha contratos muito baixos e só relacionados à área de atuação”. Para o lutador de MMA, a 9ine negociou patrocínio com o Burger King, Corinthians e Nike. E Guimarães promete novos em breve.

Para os jogadores de futebol, que têm contratos de imagem com o clube, tem a diferença de não ser uma gestão integral para a agência. Ou seja, tanto a 9ine quanto o clube podem fazer os contratos.

Segundo o executivo, a agência não fixou limites no número de atletas, mas a ideia é atuar com poucos. “Este trabalho demanda muito investimento”, diz. Com isso, e a procura em alta, a agência acaba recusando vários pedidos.


Olhar para as marcas

As presenças corporativas mais fortes da agência foram com as ações envolvendo o encerramento da carreira do Ronaldo. Para GSK, o ex-jogador usou no jogo de despedida o dilatador nasal. Era o início de uma ação direcionada aos esportistas, complementar à campanha realizada pela Grey.

“Podemos trabalhar tanto de forma complementar em uma questão de esportes como trabalhar como full service quando o cliente solicitar”, acrescenta o executivo. E, para Duracell, o filme produzido pelos filhos do atleta em linha com o conceito “Momentos que duram mais”.

Para o Extra, o objetivo da agência é dar visibilidade ao patrocínio da marca à Seleção Brasileira de Futebol. “A gente desenhou uma plataforma de atividades de agora até 2014 e em breve devemos ter novidades de ações que iremos implementar.”, complementa Evandro.

O comportamento exemplifica a posição da agência em trabalhar com clientes que vejam no esporte uma ferramenta de investimento.

“Este ano é estratégico. Queremos fidelizar clientes, investir em infraestrutura”, acrescenta. De acordo com ele, a intenção de Ronaldo, presidente da 9ine, de levar a agência para Londres ainda é distante.

“Possível é, mas não tem perspectiva no curto prazo”. Certo somente é que o ex-jogador está arrumando as malas. Ele passará o ano de 2012 aprimorando o inglês e estagiando ao lado de Sir Martin Sorrell, o todo poderoso do grupo WPP, para desenvolver e conhecer mais sobre o mundo da comunicação e da gestão de marcas.

“Apesar de estar há pouco neste mercado, rapidamente ele já entendeu a dinâmica. O Ronaldo é um cara muito esperto”, disse.

Dona Maria, copeira da agência, confirma a presença do profissional. “Quando ele não está, a agência fica meio apagada. Quando ele chega, refloresce de novo.”

Segundo Guimarães, Ronaldo participa ativamente do cotidiano da empresa e tem descartado muitos “negócios da China” oferecidos à 9ine. A agência recebe em torno de cinco propostas por dia prometendo retornos vultuosos. Seguindo o modelo WPP, o diretor desconversa sobre os objetivos financeiros. “Quero ganhar muito dinheiro”.

Acompanhe tudo sobre:9ineAgências de publicidadeCelebridadesEmpresasestrategias-de-marketingFutebolRonaldoWPP

Mais de Marketing

Jaguar, Saint Laurent, Burberry...Por que as logomarcas estão ficando tão parecidas?

Ayrton Senna ganha edição exclusiva de Funko Pop! em parceria com a Candide

Drive In-terlagos exibe série 'Senna' com telão, orquestra e passeio pelo autódromo

Como as empresas de mídia estão tentando atrair novos anunciantes