Classe C: quem bate o martelo não são as marcas, mas as pessoas (Eduardo Monteiro/EXAME)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2011 às 12h45.
Última atualização em 10 de novembro de 2017 às 10h21.
São Paulo – Inspiração, hábitos saudáveis, construção de uma boa imagem e promoção de igualdade social. De acordo com o estudo "Emerging Consumer: 8 verdades sobre nossa visão distorcida", da WMcCann, esses são alguns dos motivos pelos quais a classse C navega pela internet.
A pesquisa, baseada em 3.050 entrevistas feitas em 26 cidades de cinco países (Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México), abordou os diferentes usos da internet para gerar renda, crescer profissionalmente, criar os filhos, cuidar da beleza e da aparência, construir uma boa reputação social, melhorar as finanças, incrementar a saúde e o bem‐estar, mudar o status quo e o que está errado na vizinhança.
Segundo o estudo, os consumidores emergentes que usam a internet formam uma nação com mais de 80 milhões de usuários na América Latina. A presença da banda larga em seu meio já é uma realidade, com uso médio semanal de internet bastante elevado.
A pesquisa concluiu oito pontos:
1 Marcas inspiram, mas quem bate o martelo são as pessoas
Em relação a beleza e aparência, enquanto marcas são o agente que melhor proporciona inspiração, as pessoas comuns e seu endosso são a melhor fonte para validação (para ter certeza de que está na moda).
2 Comprar bem é a bela, gerenciar é a fera
O brilho ofuscante de uma compra bem feita deixa os consumidores emergentes “cegos” diante das outras possibilidades da internet para ajudar em suas finanças. Gerenciar o dinheiro, por exemplo, assusta e afasta as pessoas.
3 A internet está tornando o sonho de Che Guevara real
O aumento do uso da internet promove igualdade social de forma mais rápida do que o aumento na renda e da qualidade da educação.
Atualmente, o nível de maturidade no uso da internet pela classe média tradicional e pela classe média emergente é bastante parecido. Ambos os segmentos estão na adolescência do uso, sendo as atividades mais frequentes a comunicação, o lazer, a interação e o compartilhamento.
4 "Faça você mesmo": uma cultura em formação
O consumidor emergente está desenvolvendo um alto nível de autonomia e independência no mundo digital. Isso mostra que há uma cultura do “faça você mesmo” em formação, pois ele tem a percepção de que diversas ferramentas estão disponíveis para tudo de que precisa.
Com esses dados, percebe‐se que as marcas ainda não encontraram um modo de se fazer indispensáveis na internet.
5 Internet é a terra do “jogo bonito”
O uso original para o qual as plataformas digitais foram construídas está sendo bastante modificado.
Quando perguntados se as redes sociais são apenas sobre relacionamentos mesmo, os entrevistados informaram que também as utilizam para realizar negócios, para a carreira e a família, e que os blogs pessoais são também utilizados para construir uma boa imagem. E é assim também com várias outras plataformas digitais.
6 Marcas ainda têm espaço
Os muitos propósitos ainda não atendidos plenamente na internet são portas abertas para que as marcas construam vínculos mais fervorosos com o consumidor emergente.
Os entrevistados disseram que gostariam de ter mais informações sobre nutrição e hábitos alimentares, de como manter o corpo são e produtivo e ter o organismo em perfeitas condições.
Esses são alguns dos inúmeros propósitos que ainda não estão totalmente satisfeitos.
7 Melhores pais, melhores filhos
Para os consumidores emergentes, a sensação de segurança no exercício da paternidade é vital. Por isso, fizeram da internet um lugar para trocar preocupações e aprendizados.
Além disso, existe a ideia de que uma infância saudável está diretamente ligada a pais mentalmente saudáveis.
Quando questionada sobre as atividades mais frequentes para criar os filhos, a classe média típica se preocupa mais com o controle (42%) e, posteriormente, com a segurança funcional, a segurança emocional e a segurança no consumo.
Já o consumidor emergente preocupa‐se ao mesmo tempo com o controle e a segurança emocional (40%) e, em seguida, com a segurança funcional e com a segurança no consumo.
8 Internet e sedentarismo não combinam
Os consumidores emergentes veem o digital como um aliado para a adoção de hábitos mais saudáveis. Existe a busca por uma vida mais ativa, não somente pela saúde em prateleiras, comprando produtos que fazem bem.
Uma questão sobre os tipos de atividades relacionadas à saúde e ao bem‐estar revelou que 43% da classe média típica usa a internet para fazer escolhas mais saudáveis, e que 42% usa para adotar comportamentos mais saudáveis.
Em relação ao consumidor emergente, 38% usa a internet para adotar comportamentos mais saudáveis, e 37%, para fazer escolhas mais saudáveis.
O caminho para ser relevante
Pelos dados obtidos, o estudo conclui que a classe média tradicional e o consumidor emergente já não são tão diferentes na internet. O consumidor emergente já pensa no digital, e o seu propósito é que guia todo o uso.
Não são as tecnologias e as redes sociais que determinam como se navega pela internet, mas as intenções que as pessoas têm. Ser relevante no mundo digital, portanto, é muito mais uma questão de criar conteúdos significativos para quem se deseja atingir.