Marketing

1º de Maio faz a festa das marcas populares

Com custo de R$ 5 milhões, megaeventos da CUT e da Central Sindical levam patrocinadores para perto da população

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2011 às 12h42.

São Paulo - Cerca de 2 milhões de pessoas devem passar o domingo divididas entre as duas megafestas que seis centrais sindicais estão organizando para comemorar o Dia do Trabalhador, neste domingo (1º), em São Paulo.

Em comum, os eventos defendem bandeiras como o fim do fator previdenciário, a redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salários e a valorização das aposentadorias. A CUT quer ainda o fim do imposto sindical.

Juntos, os eventos têm um custo estimado em R$ 5 milhões de reais - cerca de R$ 2,5 milhões cada -, que serão parcialmente pagos com patrocínios públicos e privados.

A Petrobras destinou R$ 300 mil reais para cada festa. O valor é a cota máxima de patrocínio ao 1º de Maio Unificado - comemoração da Força Sindical e mais quatro centrais - UGT, CGTB, Nova Central e CTB. Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Eletrobras também contribuíram, com cotas que variam de R$ 100 mil a $R$ 300 mil.

Na avenida Marquês de São Vicente, local escolhido para a festa unificada da Força Sindical, shows da Banda Calypso, de Zezé di Camargo e Luciano, Luan Santana e Bruno e Marrone esquentam o dia, que terá também atos de personalidades políticas. O 1º de Maio Unificado, como é chamado o megaevento, terá ainda o sorteio de 20 carros 0Km.

No Vale do Anhangabaú, a CUT espera reunir cerca de 30 mil pessoas para a comemoração, que tem como tema a integração e os movimentos sociais do Brasil e da África.

A agenda de eventos, que começou no dia 25 passado, tem entre os destaques a participação do ator americano Dany Glover, ativista de causas humanitárias da África. Sem sorteios, a central concentrará as atividades em manifestações e debates culturais.

O patrocínio de empresas estatais e privadas é uma constante na organização de ambas as festas anuais. Para as empresas, a grande concentração de populares é um forte incentivo.


Neste ano, além das estatais, marcas como Brahma, Bradesco, Casas Bahia e Itaú também investiram na data. No caso da Brahma, por exemplo, o patrocínio dá direito a exclusividade: será a única marca de cerveja vendida nos eventos. Além do retorno em vendas, há também um ganho em exposição que não pode ser ignorado.

“Considerando que ambos os eventos têm grande credibilidade junto ao seu público-alvo, que é enorme, a associação de uma marca popular a eles é muito vantajosa”, conclui Belmiro Ribeiro da Silva Neto, professor do departamento de marketing da FGV-EAESP. 

Data histórica mundial de manifestações e luta dos trabalhadores pelos seus direitos, o 1º de Maio parece ter perdido muito do caráter de politização que motivou seu surgimento no Brasil.

Para o consultor político da CAC, André César, o esvaziamento do caráter ideológico do 1º de Maio, longe de ter algo a ver com a intervenção de marcas patrocinadoras ou com estratégias comerciais, é resultado de uma transformação no próprio quadro histórico do país e dos movimentos sindicais.

“A democracia é uma realidade, e o acesso dos trabalhadores aos bens de consumo e serviços é muito maior do que há 30 anos. Além disso, há ainda uma diminuição da classe trabalhadora sindicalizada. Não são, portanto, os patrocínios público-privados que vão mudar a cara ou a ideologia dessas centrais. Elas já estão vivendo um processo nesse sentido, e precisam de recursos para viabilizar essa data”, diz César.


João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, defende que a data continua sendo importante para os trabalhadores e que possui um viés festivo e comercial grande, mas lembra que não é só no dia 1º de Maio que a busca pelos direitos trabalhistas acontece: “É, sim, um evento comemorativo, mas a luta se dá no dia a dia.”

Segundo Jurura, a interferência de estratégias mercadológicas dos patrocinadores no motivo original do evento não significa uma ameaça ao movimento social, mas sim uma chance de viabilizar a comemoração da data: “O trabalhador é também um consumidor. Interessa para as empresas estarem vinculadas a um evento como o 1º de Maio Unificado. Foi uma opção que nós fizemos para poder fazer sorteios e levar shows para a nossa programação, mas o fato de ter empresas ajudando no financiamento não interfere nas bandeiras que levantamos.”

Marcos Bedendo, professor de gestão de marcas da ESPM, afirma que nem todos participam da festa por acreditar em uma ideologia ou, de fato, buscar melhorias. É aí, segundo ele, que está o target dos patrocinadores.

“Estar próximo de consumidores durante um momento de lazer e diversão acaba por atingir o público num momento em que ele está mais receptivo e bem-humorado”, diz. “Grande parte do público procura o evento pelos shows de música e pela diversão que ele pode proporcionar. É para essas pessoas que as marcas estão anunciando”, defende o professor.

Acompanhe tudo sobre:estrategias-de-marketingPatrocínioSindicatos

Mais de Marketing

Como as empresas de mídia estão tentando atrair novos anunciantes

Black Friday 2024: quanto tempo duram os descontos?

Burger King envia Pix para milhões de consumidores em ação de Black Friday

The Town 2025: Eisenbahn substitui Heineken como cerveja oficial do festival em São Paulo