Papel de líder: definição do portfólio de projetos e das métricas de performance é crucial para os resultados do negócio (Andriy Onufriyenko/Getty Images)
Colunista
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 09h00.
Quando assumi a liderança da Stoque, empresa de automação digital de processos e documentos, em 2019, recebi a importante missão de impulsionar o desenvolvimento de tecnologias e a transformação digital da empresa. De lá para cá, entendi que conduzir a gestão estratégica e dos processos de tecnologia traz desafios adicionais para executivos que, como eu, não possuem formação ou experiências anteriores na área de tecnologia.
Em conversas com pares, pude notar muitas semelhanças na jornada de executivos que compartilham desse desafio e também na forma como eles são superados. Neste artigo, reuni algumas experiências pessoais vividas nesses quatro anos à frente da Stoque e quais aprendizados elas me trouxeram.
1. Alinhamento estratégico
Em primeiro lugar, é fundamental que haja alinhamento entre a estratégia do negócio e os projetos de tecnologia. Os recursos são escassos e a demanda por melhorias tecnológicas é quase sempre infinita.
Para que haja um equilíbrio sustentável e um bom direcionamento dos investimentos, é necessário que o time executivo e o CTO façam acompanhamentos constantes e ajustes de expectativas. Isso parece óbvio, mas nem sempre é executado.
2. Planejamento e mensuração de resultados
Outro aspecto crucial é a definição do portfólio de projetos e das métricas de performance, para que estejam diretamente relacionadas aos resultados da empresa.
Algumas iniciativas de desenvolvimento de tecnologia podem ter uma mensuração complexa, mas isso não deve ser um empecilho. Busco classificar as iniciativas e as métricas de tecnologia em dois grupos. Temos iniciativas de proteção de valor, como segurança da informação e algumas iniciativas de modernização de infraestrutura. E temos iniciativas de geração de valor, relacionadas à digitalização e automação.
3. Gestão de talentos
Um terceiro ponto crítico diz respeito à gestão de talentos, especialmente para empresas que não têm uma origem digital. Esse perfil profissional muitas vezes possui perspectivas diferentes em relação à colaboração, desenvolvimento de carreira, remuneração e cultura organizacional, estimulada pelo ambiente de empresas tech onde costumam transitar. Isso exige da gestão um cuidado especial, para equilibrar expectativas e evitar eventuais conflitos ou distorções entre áreas dentro da organização.
4. Abordagem flexível
Por fim, destaco a importância da adoção de uma abordagem flexível, capaz de equilibrar as demandas emergentes com a execução de projetos transformacionais de longo prazo.
O ambiente de negócios está em constante mutação, exigindo que as empresas se adaptem rapidamente às novas necessidades e tendências, de olho em oportunidades presentes.
Ao mesmo tempo, é preciso direcionar esforços às iniciativas de longo prazo, que têm o potencial de impulsionar a empresa para a vanguarda do mercado. Essa abordagem flexível é o que nos permite abraçar a mudança, sem deixar de nos mantemos firmes em nossa visão de futuro.
Apesar de desafiadora, minha trajetória como executivo tem trazido lições valiosas. Ao mesmo tempo que me benefício da minha formação em negócios, me sinto desafiado dia após dia pelas situações que fogem da minha vivência até aqui, ao lidar com a gestão de tecnologia.
Nesse período, ao aprimorar o alinhamento estratégico, estabelecer métricas de desempenho relevantes, gerenciar talentos com sensibilidade e adotar uma abordagem flexível, pude superar obstáculos e levar a empresa em direção ao sucesso na era digital.
Para os executivos que vão assumir posições semelhantes, encorajo-os a abraçarem esse desafio, buscando aprendizado constante para superar os conflitos e encontrar equilíbrio entre a gestão da tecnologia e os objetivos estratégicos do negócio.