(Halfpoint Images/Getty Images)
colunista convidado
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 08h00.
Nossas vidas profissionais, especialmente após a pandemia, parecem ter se tornado ainda mais intensas, onipresentes e exaustivas - soma-se a isso celulares que mesclaram nossa vivência profissional com pessoal. Em casa, temos filhos que merecem tempo de qualidade e que demandam muita energia, esportes, estudo, leitura e dormir (não é?!).
Além disso, precisamos sair com amigos, entre outros hobbies para acalmar nossa mente e nos ajudar a evoluir como pessoas. E, não menos importante, deixo uma pergunta: o quanto você se dedica, de fato, a seu parceiro(a)?
Ter uma vida a dois saudável, viva, enérgica e onde rema-se junto é essencial para ultrapassar os obstáculos que nela aparecem. E, para isso, sabemos que custa o que é mais escasso hoje em dia: tempo.
Como trazer equilíbrio e conseguir investir tempo, criando momentos únicos com quem realmente importa? Faça uma autorreflexão: tenho tempo exclusivo com as pessoas mais importantes para mim, ou, simplesmente, sou consumido pelo dia a dia e priorizo aquilo que está “pegando fogo” na minha vida?
A resposta não é simples, nem única, mas trago aqui algo que me ajuda, conforta e traz prazer e felicidade: viajar.
Viajar é sair da rotina, e acredito que estimula novos olhares do mundo, gera novas trocas e conversas que vão muito além daquelas do cotidiano - estas que, comumente, ficam restritas ao trabalho, a como os nossos filhos estão e problemas casuais, etc.
E não que rotina não seja algo bom ou importante para ambos, mas ter escapes é essencial para gerar momentos de conexão e resgatar quem o casal era antes de ter filhos. Pode ser, inclusive, por um dia (o famoso “vale-night”) ou até um “vale-horas”: o importante é encontrar um espaço que não faça parte da rotina!
E, apenas um parêntesis: perdi um grande amigo muito próximo há três meses, e isso ficou ainda mais evidente. O que ficou foram os momentos, em especial as viagens que fizemos juntos.
No meu caso, sou casado e tenho dois filhos pequenos de quatro e um ano e meio. Por isso, a importância de ter momentos distintos para a família (nós quatro) e para o casal (eu e minha esposa), é imenso. Ainda poderia somar a isso ter um final de semana no ano somente meu com cada filho, ou somente meu com amigos, por exemplo. Mas estas experiências deixarei para outro momento, e falarei mais sobre como a cada ano eu e minha esposa criamos uma viagem com minha família, e outra somente para nós dois.
À mente, vem: por que viajar somente o casal se já existe uma viagem do mesmo casal, mas com os filhos? Viagem com filhos, ao menos desta idade, exige dedicação total a eles. São deliciosas, superimportantes e, provavelmente, as melhores! Mas, aprecia-se a esposa e momentos a dois? Na minha experiência, não. Quando eles dormem… já não há mais energia. E, para nós: casal feliz, filhos felizes.
Eu e Thay fizemos nossa última viagem a sós há quatro meses, quando ficamos dez dias viajando. Na primeira vez que fizemos isso, quando só tínhamos o primeiro filho (à época com um ano e meio), ficamos dezoito dias fora - foi exagero, não recomendo.
Já em outras viagens, ficamos entre dois e cinco dias. Mas, o tempo menos importa: o principal é entender o que melhor funciona para a dinâmica de cada casal. E, ao colocar os planos no papel, provavelmente a primeira pergunta que vem é: “E os filhos?”.
Entre as expectativas e medos, é normal se perguntar se eles [filhos] ficarão bem sem a nossa presença, além de sentir saudades a ponto de atrapalhar a viagem. E, a questão mais difícil, na minha opinião: “Com quem deixarei meus filhos?”. No nosso caso, ter uma rede de apoio (família e/ou babá) é essencial, portanto, não hesite em ir atrás e usar sempre que puder.
Experimente e dê uma chance a seu relacionamento de (re)viver um momento a dois, tão complexo de se ter hoje em dia. E bons testes e pilotos, assim como na vida profissional, funcionam começando pequeno, com baixo risco e sem culpa se errar. Por que não funcionaria em casa?
Se, por exemplo, sua maior preocupação for a saudade, teste um final de semana em um hotel mais íntimo próximo de onde mora. E nunca se esqueça de aproveitar ao máximo o momento para o qual foi proposto, seja presente sempre que puder!
Hoje em dia, num mundo onde a informação é abundante e, muitas vezes, confusa e sem conclusões claras, vai muito do casal, ou de cada um, fazer o que acredita ser o melhor para a dupla e para os filhos. Uma vez, li que “ninguém erra porque quer, erra porque está tentando acertar”.
E é justamente em cima disso que prefiro agir: melhor errar tentando acertar a não acertar nunca por falta de tentativa ou procrastinação.
Escreva em uma folha de papel as pessoas com as quais gostaria de estar próximo. Família, esposa, filhos, amigos, você mesmo. Quando estiver à toa, ao invés de abrir sua rede social favorita, planeje momentos exclusivos com cada um: escolha um final de semana, um destino despretensioso, e vá! E, principalmente, guarde os momentos em um lugar importante.
Aproveite e tenha uma boa viagem!