Colunista
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 08h30.
Com a chegada de um novo ano, a área de gestão de pessoas das empresas está vivendo uma transformação sem precedentes. Impulsionados pela inovação tecnológica, mudanças culturais e um novo entendimento das necessidades humanas no trabalho, estamos redefinindo o que significa treinar e desenvolver talentos para o futuro.
Nesta jornada, minha experiência em instituições de vanguarda como Harvard e minha colaboração através da Conquer em projetos de Treinamento e Desenvolvimento com organizações globais me proporcionam insights únicos das últimas tendências e do que está por vir.
Abaixo, estão cinco tendências cruciais para 2024 que líderes e profissionais de RH precisam conhecer. Elas são o resultado de uma análise cuidadosa do mercado, feedback direto dos líderes de negócios e uma visão profunda das dinâmicas no local de trabalho. Confira:
A palavra que dominou 2023 foi “eficiência”. Uma pesquisa rápida me mostrou que, só aqui na EXAME, a eficiência e seus sinônimos estiveram no título de quase 70 matérias.
Mas aí entra um desafio: 45% dos brasileiros estão sempre estressados no trabalho, segundo a Gallup. Como ter equipes eficientes de verdade se essa porcentagem não cair?
A chave é o que eu chamo de Produtividade Sustentável. Ao contrário da produtividade a qualquer custo, que já existiu antigamente, hoje as pessoas se importam com a sua saúde mental e buscam de forma intencional a felicidade no trabalho.
Na produtividade sustentável, os resultados são atingidos com constância, mas sem que isso prejudique a saúde e os relacionamentos do colaborador.
A demanda para treinamentos de produtividade sustentável para 2024 está altíssima, e certamente será uma das grandes tendências do ano.
Um dado atual da Gartner me chamou muito a atenção: 63% das empresas confiam nos seus colaboradores, enquanto 53% dos colaboradores confiam em suas empresas.
O segredo para fechar esse gap está em cocriarmos mais com os nossos times. Trazer mais inclusão nas discussões, atividades, estratégias e decisões.
Em treinamento e desenvolvimento, com as metodologias corretas é possível cocriar com os colaboradores de diversas formas: pesquisa de necessidades, workshops de cocriação para novos programas, utilização do conhecimento de indivíduos para a construção de treinamentos, entre outros.
Cocriação não é só um caminho para gerar confiança. Segundo a Deloitte, empresas com maior envolvimento dos times nas decisões são duas vezes mais propensas a inovar.
A melhor forma de escalar cultura e resultados em uma empresa é desenvolvendo o time de liderança. Você desenvolve os líderes, e os líderes desenvolvem o negócio.
Foi-se o tempo em que a gestão de pessoas era exclusiva do RH e os líderes das áreas eram somente líderes técnicos. Veja quatro perguntas para te ajudar a entender se a sua liderança está potencializada:
Como o líder faz as coisas acontecerem? O líder que domina a nova ambidestria define e acompanha metas e indicadores, sabe quando ajustar a rota e delega com foco nos resultados e na motivação do time.
Como constrói e mantém relações de confiança? Também pede e dá feedbacks com frequência, favorece a segurança psicológica e demonstra autenticidade e vulnerabilidade;
Como aprende e aplica novos conhecimentos? Tem consciência dos seus pontos de melhoria e defende o erro como aprendizado;
Como influencia seus liderados? Por último, motiva as pessoas com insights e desafios, se comunica com clareza e é guardião da cultura da empresa.
Essas reflexões orientaram o time aqui da Conquer, na criação de um programa de desenvolvimento fora da curva para a Coca-Cola, que nos procurou para treinar 7 mil líderes em 10 países da América Latina.
Reskilling é uma prática da área de T&D (Treinamento e Desenvolvimento) que significa requalificação.
É quando uma empresa vê que precisa que seus times adquiram habilidades diferentes e, então, passa a treiná-los para migrarem para outras áreas.
Empresas estão adotando essa estratégia por três motivos:
Ou seja, o reskilling ajuda a empresa a aproveitar pessoas que já conhecem como ela funciona e as desenvolvem com habilidades estratégicas e raras no mercado.
O jeito mais fácil de entender a última tendência é fazendo o seguinte exercício: esqueça os cargos e liste as tarefas-chave que seu time executa toda semana.
Na empresa skills-based, ou orientada por habilidades, o trabalho é visto como uma coleção de habilidades e tarefas, ao invés de cargos.
Pode parecer algo fora da realidade do Brasil, mas é uma tendência forte lá fora. Prova disso, um estudo da Deloitte comprova que empresas skills-based são 98% mais propensas a reterem os melhores talentos.
E, quando “quebramos” o trabalho como no exercício que propus, também conseguimos como ele será impactado pela IA (Inteligência Artificial).
Isso faz com que o desenvolvimento de pessoas seja mais estratégico e focado em habilidades essenciais que a IA não consegue automatizar, como liderança, inteligência emocional, antifragilidade e colaboração.
Não deixe a intuição ditar os rumos do seu time.
Conforme o trabalho muda, nós também precisamos mudar o trabalho. E isso passa por estimular novas práticas que atravessem todas essas tendências.
Por isso, minha dica final hoje é que você abra caminho para sua equipe mudar e evoluir com estratégia e intencionalidade: criando mais tempo, energia e motivação para o aprendizado.