(andresr/Getty Images)
Colunista
Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 12h10.
Você provavelmente já se pegou maravilhado com aquelas pessoas que, não importa o desafio ou a mudança, sempre parecem transitar com tranquilidade por diferentes situações e contextos, ajustando-se como camaleões, independentemente das adversidades.
O que as faz assim? Inteligência, sagacidade, profissionalismo e experiência podem ser alguns dos seus palpites. Mas, a habilidade que nos permite superar as adversidades e sobreviver (e, até mesmo, colher frutos) em meio ao caos, na verdade, é muito mais simples e inata. Somos adaptáveis por natureza.
A teoria da evolução, base da biologia moderna, aponta justamente a capacidade de se adaptar como a responsável pela sobrevivência dos indivíduos e manutenção das espécies no planeta. Como destacou Charles Darwin, quem sobrevive não é, necessariamente, o mais forte, e sim o mais adaptável.
As páginas da história estão repletas de exemplos de civilizações que prosperaram ou declinaram graças à capacidade de se adaptar. Considere as rotas comerciais da Antiguidade — prosperavam as civilizações que se adaptavam às mudanças geográficas, climáticas e políticas.
Quando eram nômades, os humanos eram valorizados pela força física. Com a domesticação dos animais e o uso de ferramentas mais aprimoradas, o vigor físico passou a ser menos relevante, as habilidades necessárias mudaram.
Até mesmo o surgimento da escrita foi visto como ameaça na Antiguidade, quando os gregos acreditaram que as habilidades intelectuais ficariam comprometidas, uma vez que não seria mais necessário memorizar informações, e os cérebros “se acomodariam”. No fim, a escrita somente aprimorou a experiência e serviu como base para as civilizações.
Estamos de novo em um momento de disrupção, com o surgimento de novas ferramentas que põem em xeque a relevância de determinadas habilidades profissionais no longo prazo. Mas a temida ameaça do “novo” é, muitas vezes, apenas reflexo do nosso medo do desconhecido.
Como nos mostra a história, à medida que novas ferramentas surgem, o ser humano se adapta e recria seu espaço no novo ambiente. Em um mundo dominado por algoritmos e avanços tecnológicos, no qual a inovação é a linguagem franca dos negócios, a adaptabilidade faz com que profissionais visionários se sobressaiam perante os outros.
No The Future of Jobs Report de 2023, o Fórum Econômico Mundial aponta que 23% dos postos de trabalho passarão por transformações significativas nos próximos cinco anos. Ao passo que algumas posições tendem a desaparecer, outras têm se modificado ou surgido graças à automação e aos avanços tecnológicos.
Já o estudo do McKinsey Global Institute, intitulado O Futuro do Trabalho Pós-Covid-19, sugere que, conforme avançamos na Quarta Revolução Industrial, a adaptabilidade não é apenas uma habilidade desejável, mas uma necessidade.
O relatório destaca como automação, digitalização e outras inovações estão redefinindo empregos e habilidades profissionais. Aqueles que conseguem se adaptar às mudanças, aprendendo novas habilidades e transitando entre funções conforme necessário, serão os mais bem-sucedidos no mercado de trabalho do futuro.
Mais impressionante ainda são as organizações que sobrevivem ao longo de décadas, atravessando crises econômicas, disrupções no setor e transformações nos modelos de trabalho.
Peter Drucker (1909-2005), considerado o “pai” da administração moderna, defendia que “a empresa tem duas funções básicas: desenvolver o marketing e a inovação”. Para inovar, é preciso ser adaptável.
Estabelecida a importância da adaptabilidade, como os profissionais modernos podem cultivar essa habilidade essencial? Considere estas dicas:
Vivemos uma era sem precedentes, na qual a mudança é a única constante. Neste mercado dinâmico e em transformação, não sobreviverão as empresas que vendem mais ou os profissionais mais eficientes, e sim aqueles que ajudam a resolver um problema da sociedade. Se os problemas mudam, cabe a nós nos adaptar.