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Conheça oito tendências dos conselhos consultivos

Foco em valor estratégico, uso de dados e ênfase em inovação são algumas das oportunidades latentes em governança corporativa

Conselhos estão desempenhando um papel mais ativo na supervisão das práticas ambientais, sociais e de governança das empresas. (Thomas Barwick/Getty Images)

Conselhos estão desempenhando um papel mais ativo na supervisão das práticas ambientais, sociais e de governança das empresas. (Thomas Barwick/Getty Images)

André Freire
André Freire

Colunista

Publicado em 24 de junho de 2024 às 11h16.

Conselhos consultivos estão se popularizando a cada dia. Com a competição de mercado cada vez mais dura, ameaças e oportunidades como a transformação digital, a inovação, os diversos riscos do negócio e a diversidade, assim como as agruras de processos complexos de gestão e de sucessão de empresas familiares, muitos empresários se sentem isolados dentro de seu núcleo familiar.

Ao mesmo tempo, nunca tivemos uma geração de executivos de C-Level tão preparados, tanto através de suas experiências executivas e de gestão, quanto em formação e certificação como conselheiros, com as escolas de formação reportando número recorde de alunos.

Essa equação de oferta e demanda tem gerado a possibilidade de se criar conselhos consultivos efetivos, mesmo para empresas de menor porte, que nunca pensaram em ter apoio de um colegiado tão preparado, com um custo-benefício muito atraente. Na nossa consultoria EXEC temos aproveitado esse momento para apoiar famílias diversas em seu processo de governança e profissionalização, com auto volume e crescimento dessa vertical em nosso negócio.

Mas quais seriam as tendências emergentes e oportunidades latentes em conselhos consultivos? Listo oito delas abaixo, fruto de discussões com dezenas de empresas familiares para as quais trabalho sua governança:

  1. Uso crescente de tecnologia e ferramentas digitais: os conselhos consultivos estão utilizando plataformas de videoconferência, ferramentas de colaboração on-line e IA (Inteligência Artificial) para melhorar a comunicação, o compartilhamento de informações e a tomada de decisões. Plataformas facilitam a concentração das informações trazendo segurança para a empresa e o fato de estarmos mais conectados através do vídeo abre um precedente de podermos contar com conselheiros que podem estar localizados virtualmente em qualquer país do mundo, não estando mais limitados às barreiras físicas do presencial.
  2. Foco em sustentabilidade e ESG: os conselhos estão desempenhando um papel mais ativo na supervisão das práticas ambientais, sociais e de governança das empresas e organizações. Muitas vezes com o suporte de comitês, esse tem sido um tema recorrente e sempre estão na pauta anual das organizações.
  3. Diversidade e inclusão: há um movimento crescente para aumentar a diversidade e a inclusão nos conselhos consultivos, trazendo perspectivas e experiências mais variadas para a tomada de decisões, assim como apoiar a empresa nas suas práticas de inclusão. Notamos que o tema diversidade é muitas vezes trabalhado com cotas e de forma forçada nas organizações, mas a inclusão quase nunca é pensada e não existe programa sustentável que não inclua um bom mapeamento de inclusão e planos de ação bem montados.
  4. Capacitação e desenvolvimento contínuo: os conselhos consultivos estão investindo em treinamento e desenvolvimento para garantir que seus membros estejam atualizados sobre as melhores práticas e tendências do setor. Conselheiros do futuro seguem aprendendo, não mais sentam na cadeira pelas suas glórias passadas, mas especialmente por estarem conectados com o futuro e se prepararem para ele.
  5. Foco em valor estratégico: os conselhos estão cada vez mais focados em fornecer valor estratégico para as empresas e organizações, indo além do aconselhamento tradicional para se tornarem parceiros ativos no crescimento e sucesso. O conselheiro que pensa que vai gastar quatro horas por mês naquela empresa tem pouco futuro. Hoje a empresa enxerga o conselheiro como um parceiro real, alguém que pode atuar como mentor de um executivo, participar de comitês, acompanhar uma visita a clientes ou prospects e principalmente estar à disposição para consultas fora do horário das reuniões ordinárias.
  6. Uso de dados e análises: os conselhos consultivos estão utilizando dados e análises para embasar suas recomendações e decisões, fornecendo insights acionáveis para as empresas e organizações. Muitos conselhos investem em ferramentas de BI e análises para suportar a tomada de decisão estratégica. O feeling dos conselheiros ainda é importante, mas a ciência tem apoiado cada dia mais esse processo.
  7. Ênfase em inovação e disrupção: os conselhos estão desempenhando um papel fundamental na identificação e apoio a novas tecnologias, ideias e modelos de negócios que podem impulsionar o crescimento e a inovação.
  8. Uso comercial do conselho: empresas familiares, especialmente aquelas distantes dos grandes centros financeiros, muitas vezes têm oportunidades de network limitadas, assim diversas têm usado as conexões de seus conselheiros para abrir portas comerciais, remunerando os mesmos por negócios fechados. Essa prática privilegia na escolha dos membros do conselho aqueles que possuem canal de entrada e networking ativo no mercado-alvo da empresa.
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