NFL e ESPN: parceria transforma a transmissão esportiva em plataforma global de engajamento. (Rick Doyle/Getty Images)
Conselhiro da Fundação Porto Seguro
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 10h00.
A gente já viu, nos últimos anos, um movimento claro: creators entrando no jogo das transmissões esportivas — da CazéTV à Kings League, com Neymar, Ludmilla e companhia.
Mas agora, o jogo virou de vez.
Não é mais sobre influenciadores entrando na mídia. É sobre uma liga esportiva comprando uma participação nela.
A NFL anunciou um acordo inesperado: vai adquirir 10% da ESPN, sua principal parceira de mídia.
O negócio coloca a ESPN como hub central de praticamente tudo da liga — jogos, conteúdo digital, fantasy — enquanto a NFL entra no capital da gigante do entretenimento.
Um movimento que mexe nas peças do tabuleiro: quem produz o espetáculo agora também ajuda a comandar a transmissão para o mundo.
Poucas coisas no entretenimento ainda reúnem milhões de pessoas ao mesmo tempo, no mesmo lugar, físico ou digital. O esporte ao vivo é uma delas.
E esse poder tem muito valor. Para emissoras, ele significa audiência garantida. Para marcas, significa atenção qualificada. E para as ligas, significa acordos bilionários que se renovam e crescem a cada ciclo.
Nos últimos 15 anos, o valor global dos direitos de mídia esportivos subiu quase sem parar, movido por duas forças:
Os números falam por si:
No centro de tudo, uma lógica simples: quanto mais fortes e engajados os fãs e comunidades forem, mais valioso é o direito de falar com eles.
Mais do que uma liga, a NFL está se posicionando como uma plataforma de comunicação. E faz isso onde é mais poderosa: no conteúdo e no jogo ao vivo.
Para os fãs de futebol americano, a expectativa é enorme. Com o acordo, a ESPN deve concentrar a maior parte das transmissões da liga, oferecendo uma experiência mais completa, integrada e imersiva.
Mais dados, mais tecnologia, menos fricção. Tudo a favor de um momento que é sagrado para quem acompanha: o jogo que ele esperou a semana inteira para assistir.
E não são só os fãs que ganham. Marcas e anunciantes também entram em campo, com oportunidades para criar conexões mais precisas, relevantes e sem interrupções forçadas. No esporte, quem faz parte da experiência — e não apenas do break — é quem vence o jogo.
Esse acordo inédito não é só sobre mídia. É sobre estratégia. Vamos às principais vitórias da liga:
● Alcance global – Mais lares, mais telas, mais mercados. A NFL usa a ESPN como trampolim para escalar seu conteúdo e seus jogos ao vivo para o mundo todo.
● Receita com equity – Ao trocar ativos por participação, a NFL não só garante presença na mídia, mas adiciona de US$ 2 a 3 bilhões ao seu patrimônio líquido. É crescimento de audiência e de balanço ao mesmo tempo.
● Experiência de fã elevada – Com tecnologia, canais digitais e flexibilidade de programação da ESPN, a entrega de conteúdo ganha conveniência, inovação e qualidade.
● Ecossistema ampliado – NFL Fantasy integrado à plataforma ESPN cria um hub oficial e robusto, fortalecendo a relação diária com o fã e abrindo novas avenidas de monetização.
No fim, o recado é claro: não basta vender ingressos ou direitos. É sobre construir pontes permanentes com quem faz o jogo existir: o fã.
No esporte, assim como nos negócios, quem controla o ponto de encontro entre o fã e a experiência controla o jogo.
A NFL entendeu isso e, com este movimento, não está apenas negociando transmissões, está comprando um lugar na sala de estar, no bolso e no coração de milhões de pessoas.
No novo tabuleiro da indústria, não existe mais linha clara entre quem produz e quem distribui. As marcas precisam virar plataformas, e a NFL saiu na frente.
E a provocação final: será que veremos algo assim no Brasil?
Porque no fim, não é sobre audiência. É sobre pertencimento.