Shopping Morumbi, em São Paulo. (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 07h00.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 16h40.
Enquanto a pandemia não é controlada no Brasil, os shoppings centers continuam sendo um dos segmentos mais afetados pela crise. Com os consumidores isolados em casa, o setor registrou queda de 33,2% no faturamento em 2020 na comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
A queda de receita afetou toda a cadeia, impactando os fundos imobiliários (FIIs) que investem em shoppings. O maior fundo do segmento, o XPML11, acumula uma queda de 13,23% desde março do ano passado, enquanto o índice IFIX -- que mede o desempenho geral dos FIIs na bolsa -- tem queda acumulada de 2,36% no mesmo período.
Ainda assim, os FIIs de shoppings estão se recuperando mais rapidamente da crise do que as ações de empresas do mesmo ramo. Entre os cinco maiores fundos do segmento, o HGBS11 tem o pior desempenho: queda acumulada de 20,86% desde março de 2020. Já entre as principais ações de shoppings, o tombo é duas vezes o percentual e supera os 40%.
Desempenho dos principais FIIs X Ações do setor | ||||
Gestor/ FII | Rendimento acumulado entre março/2020 e fevereiro/2021 | Empresa/Ação | Rendimento acumulado entre março/2020 e fevereiro/2021 | |
Hedge Investiments (HGBS11) |
-20,86% | BR Malls (BRML3) |
-43,57% | |
Hemisfério Sul Investimentos (HSML11) |
-14,16% | Aliansce Sonae (ALSO3) |
-42,74% | |
XP Vista (XPML11) |
-13,23% | Iguatemi (IGTA3) |
-31,36% | |
Vinci Real State (VISC11) |
-6,53% | Multiplan (MULT3) |
-30,98% | |
BRPP (MALL11) |
-6,26% | General Shopping (GSHP3) |
-21,52% |
Um dos fatores que explica o descompasso é a distribuição mensal de rendimento que os FIIs oferecem. “Por pior que a crise tenha sido para o setor, poucos fundos pararam de distribuir rendimentos. Houve uma queda no valor distribuído, mas a constância de pagamento influencia o investidor a manter o papel”, afirma Arthur Vieira de Moraes, especialista em fundos imobiliários e professor da Exame Academy.
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As ações também distribuem rendimentos por meio de dividendos, mas o pagamento é mais esparso e não acontece todos os meses, como é o caso dos FIIs. Para o professor, isso faz com que o preço das ações demore mais tempo para se recuperar.
Outro ponto que conta a favor dos FIIs é a transparência. “As empresas divulgam informações trimestrais sobre seus papéis, enquanto os gestores de FIIs costumam prestar mais contas ao investidor, divulgando relatórios mensais detalhados para cada produto”, completa Moraes.
O preço dos FIIs de shoppings está se recuperando com base na expectativa de eficácia das campanhas de vacinação, reabertura das economias e retorno do faturamento. Porém, embora o preço das cotas esteja em trajetória de alta, o rendimento que os produtos trazem para os cotistas não está seguindo o mesmo compasso.
“A recuperação em termos de rendimento deve começar a ser mais efetiva a partir do segundo semestre de 2021. Isso porque existe uma janela de alguns meses para que a retomada do faturamento dos shoppings seja repassada aos cotistas”, afirma Danilo Barbosa, analista-chefe de fundos imobiliários na Exame Invest Pro.
O crescimento nominal das vendas em shoppings foi negativo em 33,2% em 2020, mas está dando sinais de melhora. Barbosa destaca que a retomada do setor pode ser observada a partir das datas comemorativas, que costumam movimentar o varejo. Para este ano, a perspectiva da Abrasce é a de um crescimento de 9,5% nas vendas.