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Selic a 2,75% ao ano: é hora de rebalancear a carteira?

Especialistas comentam se vale a pena aumentar a posição em renda fixa, em quais ativos, e de que forma a elevação da taxa impacta a bolsa

Alta da Selic: inflação elevada faz com que muitos papéis da renda fixa ainda deem retorno negativo para o investidor  (Jonathan Kitchen/Getty Images)

Alta da Selic: inflação elevada faz com que muitos papéis da renda fixa ainda deem retorno negativo para o investidor (Jonathan Kitchen/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 18 de março de 2021 às 08h01.

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, surpreendeu o mercado e subiu a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 2,75% ao ano. A alta já estava no radar dos investidores, mas o consenso era a de que a elevação seria um pouco mais branda, de 0,5 ponto percentual, para 2,5% ao ano.

A alta não só veio acima do esperado como foi acompanhada de um anúncio para a próxima reunião, nos dias 4 e 5 de maio. Nela, o Copom se compromete a elevar a taxa em mais 0,75 ponto percentual. 

Neste cenário de alta dos juros – foi o primeiro aumento desde 2015 – quem se destaca é a renda fixa, que oferece remuneração atrelada à Selic. Isso significa que, se a taxa de juros sobe, os rendimentos tendem a subir também. 

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No entanto, não são todos os produtos que devem surfar essa alta. “Os títulos de curto prazo tendem a ser afetados negativamente; mas a variação é pequena, com um impacto financeiro baixo para o investidor. Por outro lado, quem está posicionado em títulos de longo prazo deve ganhar dinheiro”, explicou Bruno Carvalho, diretor de renda fixa do BTG Pactual digital (do mesmo grupo controlador da EXAME), em live.

Isso porque, no universo da renda fixa, o preço de um ativo no mercado se comporta de forma inversamente proporcional à curva na taxa de juros. É ela que relaciona prazo e rentabilidade de um determinado ativo. Então, se a curva de juros sobe, o preço do ativo cai – e vice-versa.

Como a elevação de 0,75 ponto percentual foi maior do que o mercado esperava, a tendência é que a curva de juros dos ativos de curto prazo suba para se adequar ao novo cenário – o que diminui a rentabilidade do papéis no presente.

Já a curva de longo prazo deve cair, uma vez que o mercado já sabe o que vem pela frente. Isso aumenta os rendimentos dos títulos de vencimento mais longo no momento atual. Esse ajuste no valor de face do papel é chamado de marcação a mercado.

Vale lembrar que a flutuação só atinge o investidor que negocia o título no mercado antes do prazo de vencimento. Quem carrega o papel até o final recebe a taxa contratada. 

Outro ponto a se considerar é o retorno real do título, considerando a inflação. Embora a Selic tenha subido, a inflação acumulada dos últimos 12 meses está ainda maior, chegando aos 5,20% (até fevereiro). O resultado é que muitos papéis da renda fixa ainda dão retorno negativo ao investidor, mesmo com a alta da taxa de juros.

Considerando todas as variáveis, a dica dos especialistas é apostar em títulos que paguem um prêmio em relação ao papel. “É um bom momento para recalibrar a carteira observando alguns ativos que tiveram aumento de rentabilidade por causa da Selic e pagam um prêmio, garantindo um retorno real ao investidor”, argumenta Alan Ghani, analista de renda fixa da Exame Invest Pro.

Sandra Blanco, consultora de investimentos da corretora Órama, lembra ainda que o investidor não deve correr para se desfazer de posições logo na sequência do anúncio do Copom. 

“É preciso analisar as opções de ativos considerando perfil de risco e horizonte de investimento. Estamos no início do ciclo de alta, ainda dá tempo de fazer ajustes com planejamento”, afirma.

O conselho vale principalmente para opções mais arriscadas, como a bolsa. Embora o senso comum aponte que a alta nas taxas é ruim para a renda variável, a realidade pode não ser bem assim.

“Uma elevação de 0,75 ponto percentual indica que o Banco Central está confiante na retomada da economia, o que pode dar força para a bolsa subir”, afirmou em live Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e de derivativos do BTG Pactual digital.

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