A poupança está rendendo tão pouco que a diferença para a inflação é a maior em 17 anos (MichaelJay/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2021 às 07h50.
Que a poupança não é uma escolha adequada para quem deseja multiplicar o patrimônio já é algo conhecido. Com uma fórmula que limita a rentabilidade, a caderneta tradicionalmente perde para o CDI, o índice de referência da renda fixa.
Mas o retorno está tão baixo que tem levado o investidor a uma perda do poder de compra -- ou seja, em relação à inflação -- que não se via desde o início do século.
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Vamos aos números: a rentabilidade anual da poupança no mês de fevereiro, descontada a inflação ao consumidor acumulada no período, foi de -3,21%. A queda do poder aquisivo não era tão grande desde setembro de 2003, ou seja, fazia 17 anos e cinco meses. Os dados são da consultoria Economatica.
Essa queda é explicada pela fórmula de rentabilidade da poupança, a mesma desde 2012. Em momentos em que a Selic, que é a taxa básica de juros, está igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o retorno será dado pelo cálculo de 70% da Selic acrescido da Taxa Referencial, a TR.
Como a Selic está em 2% ao ano desde agosto do ano passado, enquanto a TR está zerada, a rentabilidade anualizada da poupança fica naturalmente abaixo de 2% -- ela foi de 1,82% em fevereiro. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (o IPCA) ficou acumulado em 5,20% nos 12 meses até fevereiro, o que deu o retorno negativo de 3,21%.
Foi o sexto mês consecutivo de rendimento negativo da poupança, o que faria supor que poucos brasileiros vão deixar seu dinheiro parado. Mas há mais de 1 trilhão de reais depositado nas cadernetas de milhões de brasileiros, um valor que só cresce apesar do rendimento baixo por causa do efeito multiplicador em cima de base gigantesca.
Nos dois primeiros meses deste ano, foram retirados líquidos (ou seja, saques menos depósitos) mais de 24 bilhões de reais, o que costuma ser comum porque se trata de época de ano de pagamento de muitas contas, como IPTU, IPVA, matrículas escolares e outras despesas de ensino. Mas houve também quem descobriu que é possível multiplicar o patrimônio com outras classes de ativos.