Bitcoin é um fantasma que está assombrando os gananciosos, disse Barsi (Germano Lüders/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 27 de março de 2021 às 08h04.
Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoas físicas da bolsa brasileira, não tem o mínimo interesse em investir em bitcoin. A afirmação foi feita durante uma live realizada no YouTube nesta semana.
“Bitcoin é um elemento criado que não tem patrimônio. Não tem estrutura e não tem origem. Eu não invisto no lugar em que não há fundamentos. O bitcoin é uma estrutura sem fundamentos”, disse Barsi na live do projeto AGF - Ações Garantem Futuro.
Barsi criticou o fato de alguém investir na criptomoeda sem saber o que ela representa, qual estilo e as garantias para o investidor, mesmo apesar da forte valorização -- a alta foi superior a 300% em 2020. “O bitcoin não existe. Ele é um fantasma que está assombrando os gananciosos.”
Louise Barsi, analista e filha do investidor, também participou da live e acrescentou que a família não tem nenhum preconceito contra o bitcoin, mas que investir na moeda não faz parte da estratégia adotada por eles. Entretanto, no cenário futuro, a decisão pode mudar.
“Se lá no futuro o bitcoin vier a ser tão importante... Nós estaremos em empresas, que, por sua vez, receberão bitcoin e talvez receberemos bitcoin como forma de dividendos e estaremos expostos em bitcoin, mas só quando for algo que não dê para fugir.”
Ela acrescentou que a família Barsi prefere investir em ativos reais. Louise Barsi disse ainda que é comum pessoas não investirem ou terem receio da bolsa por acreditarem que o risco é muito alto, mas, quando se trata de bitcoin, há quem acredite que seja menos arriscado.
“Não tem como falar que a bolsa é arriscada se a pessoa tem na carteira mais bitcoin do que ações de empresas. Isso é um contrassenso. Essa é a nossa crítica. Tem muita gente adicionando complexidade à carteira e não sabe o que está fazendo.”
Além do bitcoin, Luiz Barsi disse ainda que não investe em fundos imobiliários e em nenhum tipo de fundo porque a decisão de investimento fica limitada ao administrador do fundo.
Para ele, o mercado acionário do país poderia ser mais bem estruturado se a decisão de gestão fosse compartilhada. “Se nós tivéssemos uma participação individual, teríamos um colchão de investidores capazes de suportar determinadas pressões vendedoras que ocorrem no mercado.”
Barsi investe no mercado há mais de 50 anos. Ele desenvolveu um método que lhe garantiu um apelido no mercado financeiro: o rei dos dividendos. A estratégia do bilionário é comprar ações de empresas que pagam bons dividendos.
Além disso, ele sempre recomenda que o investidor tenha paciência e pense no investimento da bolsa no longo prazo. Por fim, que o foco seja ações de empresas que tenham bons projetos, já que a pessoa será “um pequeno dono.”