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Pesquisa revela os ativos preferidos dos investidores brasileiros

Dados compilados pela fintech Guru de 2018 a 2021 mostram que maior parte dos investidores ainda se guia por grandes nomes do mercado

Guru: proposta da fintech é oferecer tudo de renda variável na palma da mão (Thana Prasongsin/Getty Images)

Guru: proposta da fintech é oferecer tudo de renda variável na palma da mão (Thana Prasongsin/Getty Images)

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Karina Souza

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 21h03.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 06h51.

Em meio ao crescimento acelerado do volume de investidores na Bolsa -- segundo dados da B3, o número de pessoas físicas registradas cresceu 92% no último ano, com 1,5 milhão de novos investidores por lá --, ao recorde de IPOs registrados em 2021 e às mais variadas recomendações para quem quer se arriscar na renda variável, a pergunta que fica é: quais são os ativos preferidos pelos mais de 3,2 milhões de pessoas que investem por lá? 

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De acordo com um levantamento feito pela fintech Guru a pedido da Exame, com base em 80 mil carteiras analisadas de 2018 a 2021, os investidores estão procurando por mais segurança na hora de investir na bolsa -- ao menos por enquanto. Entre os ativos de renda variável mais recorrentes entre os investidores, a ação campeã é a da holding Itaúsa (presente em 61,72% das carteiras), seguida por Magazine Luiza (MGLU3), com 40,22% e pelo Maxi Renda Fundo de Investimento Imobiliário (39,40%). Ao todo, a Guru afirma ter mais de 3 bilhões de reais rastreados nas carteiras do aplicativo apenas em renda variável.

“A Itaúsa é uma holding de investimentos, com participação relevante em empresas como Itaú, Alpargatas, Duratex, entre outras. Apesar de ter uma participação relevante em Itaú, a Itaúsa não é uma empresa operacional, a maior parte do lucro da holding é distribuída para os acionistas em forma de dividendos”, diz Felipe Catão, fundador e CEO da Guru. 

No mais, a percepção é a de que investidores optam principalmente por ações de grandes empresas que fazem parte do Ibovespa. Ainda no campo das boas pagadoras de dividendos, está a Taesa, mas o levantamento mostra também empresas com grande potencial de crescimento (como Magalu), ações especulativas (Oi) e fundos imobiliários. 

Além disso, boa parte das ações está entre as mais recomendadas por corretoras. Com base no que as casas recomendaram para setembro, Magalu, Oi e Itaú estão nas listas com boas perspectivas para compra.

Fato é que a pandemia trouxe um “boom” de investidores para a B3, que são, em grande parte, jovens. Um levantamento da B3 mostrou recentemente que metade dos novos entrantes têm entre 25 e 39 anos. O que também, em certa medida, pode colaborar pela busca por empresas aparentemente mais “sólidas” do ponto de vista de retornos financeiros. 

“As pessoas já estão tomando o risco de investir na bolsa e, em muitos casos, por não saberem como isso funciona. Acaba sendo uma escolha mais segura optar por empresas estabelecidas”, diz Rodrigo Wainberg, analista de investimentos da Suno Research. Para o analista, as novatas podem conquistar o próprio espaço ao se comunicarem diretamente com o mercado, realizando eventos ou investindo em propagandas capazes de aproximar a empresa dos investidores. 

Para a Guru, o interesse de pessoas que decidiram investir em renda variável é excelente -- e a empresa estima que o número de novos investidores deve continuar crescendo, ainda que num ritmo menor do que o de 2020. 

Com as altas recentes da Selic, cuja projeção é de chegar a 7,63% no fim de 2021, a fintech vê a procura por ativos de renda fixa aumentar, mas ainda acredita que “a palavra” da diversificação já foi disseminada e que muita gente deve continuar procurando os retornos em longo prazo da renda variável. 

E as criptomoedas?

De olho nos investidores que estão com apetite para o risco, a fintech também pretende disponibilizar mais informações sobre criptomoedas até o final do ano dentro do próprio aplicativo. Segundo dados da crypto.com, a quantidade de investidores nesses ativos cresceu 80% de janeiro a julho e, além disso, o bitcoin está atraindo cada vez mais a atenção de famílias ricas e de bancos. 

Dentro desse escopo, o foco da Guru é trazer para as criptomoedas o que a empresa quis fazer desde o início com ações: simplificar a experiência do usuário. Mirando investidores que ainda não têm o conhecimento -- ou fundos -- necessários para entrar em corretoras como a Binance, a Guru quer fazer com que eles entendam mais sobre o tema para que se sintam confiantes o suficiente para investir. 

Para colocar em prática esses e outros planos, a fintech, que nasceu em 2019 como resultado da união entre dois sócios com experiência no mercado financeiro (Felipe Catão e Tom Bernardes) e por um publicitário (Marcelo Zuppardo), levantou R$ 12 milhões em uma rodada de capital liderada pelo tradicional multi-family office Turim no mês de julho.

A ideia da Guru é ser uma espécie de “Robinhood” -- corretora americana com foco no público jovem -- aqui no país. O principal objetivo não é enfrentar gigantes estabelecidos no mercado, mas sim entrar de vez na competição por quem busca simplicidade na hora de investir e não tem, ainda, montantes enormes para aplicar. 

Por enquanto, a empresa ainda não tem autorização para funcionar como corretora, então, para que os clientes consigam investir na Bolsa usando o app, a guru fez uma parceria com a corretora Ideal CTVM. Dentro dos próximos dois meses, a fintech deve dar entrada no processo para ter uma licença própria -- que demora no mínimo 12 meses para ser aprovada pelo Banco Central. 

Hoje, dentro do próprio aplicativo, a Guru funciona como uma espécie de GuiaBolso, em que é possível cadastrar os principais investimentos e acompanhá-los num único lugar. 

Um exemplo de como funcionam atualmente as telas dentro do app (Guru)

Para sair desse patamar rumo a se tornar uma corretora, a empresa -- que levantou 2,5 milhões de reais no primeiro ano de operação -- agora vai usar os novos recursos principalmente para contratação (60% do valor), além de investir em infraestrutura e tecnologia, esta última totalmente desenvolvida pela empresa. 

Mas, para que consiga de fato atuar como a companhia americana, a Guru ainda aguarda a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários para que o mecanismo RLP  (um serviço que possibilita que a própria corretora se torne a contraparte de ordens de compra e venda na Bolsa de Valores, ao contrário das negociações comuns, feitas entre investidores) seja aplicado também às ações. Hoje, esse mecanismo funciona no Brasil somente para mini contratos futuros de índice e de dólar. 

Enquanto isso não acontece, a empresa foca no curto prazo: engajar e reter usuários para que, quando o modelo for aprovado, já se tenha uma base relevante de investidores. Nesse jogo, a Guru pretende usar a seu favor fatores como o tempo de tela cinco vezes maior do que o das corretoras, segundo a empresa, para transformar atuais usuários em correntistas dentro do aplicativo. 

“Hoje, não vamos focar tanto em downloads, usuários únicos. Nossa meta é a de ter contas ativas com dinheiro, depósito. A meta é chegar a 15 mil contas até o fim do ano. Começamos agora e já temos 1 mil contas em um mês, além de lista de espera. Estamos fazendo tudo de forma muito controlada para testar a nossa própria tecnologia e a usabilidade. Até 2022, nosso plano é o de ter 100 mil contas abertas”, afirma Felipe. 

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