Investimentos: dúvidas sobre o ambiente fiscal e alta da inflação impactaram os investimentos no mês de agosto (primeimages/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 31 de agosto de 2021 às 19h07.
Última atualização em 31 de agosto de 2021 às 21h09.
Em um mês marcado pela alta volatilidade dos ativos, o Tesouro Selic 2025 liderou o ranking dos melhores investimentos em agosto na renda fixa, com rentabilidade média de 0,44%. Entre os investimentos analisados, ele foi o único que ficou acima do CDI, que registrou variação de 0,40%, no período.
Juliana Machado, analista de fundos de investimento do BTG Pactual digital, explica que, no cenário de alta da taxa básica de juro, produtos de investimentos atrelados à Selic entraram no foco do investidor devido ao carrego.
"O carrego é ter o título em carteira. Isso porque a parcela do título que é remunerada pelo indexador, ao acompanhar a Selic, traz ganhos. O investidor tem ganhos com a alta da taxa de juro", resumiu.
Os fundos de renda fixa de duração baixa apareceram na segunda posição em agosto, com retorno de 0,39%, próximo à rentabilidade do CDI. Já na terceira posição dos investimentos analisados ficou a poupança, com rentabilidade de 0,24% no oitavo mês do ano. Os demais investimentos da lista tiveram rentabilidade negativa.
Já entre os melhores investimentos de renda variável, que não englobam a compra direta de ações, os destaques positivos foram os fundos de ações com investimento no exterior, que ficaram no topo do ranking, com alta de 0,82%. Na segunda colocação entre os investimentos mais rentavéis no mês ficaram os fundos multimercado com investimento no exterior, com rentabilidade de 0,39%.
Veja abaixo o ranking dos melhores investimentos por categoria de ativo:
Investimento | Desempenho em agosto (em %) | Desempenho em 12 meses (em %) |
Tesouro Selic 2025 | 0,44 | 2,09 |
Fundos de renda fixa - duração baixa - grau de investimento | 0,39 | 2,89 |
Poupança | 0,24 | 1,96 |
Fundos de renda fixa - duração alta - grau de investimento | -0,08 | 12,28 |
Tesouro prefixado 2023 | -0,42 | -1,52 |
Tesouro IPCA+ 2024 | -0,78 | 2,59 |
Tesouro prefixado 2025 | -2,24 | -5,24 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035 | -3,46 | 0,93 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045 | -5 | 0,96 |
Tesouro IPCA+ 2035 | -5,12 | -0,86 |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2050 | -5,44 | -0,56 |
Tesouro IPCA+ 2045 | -9,46 | -10,08 |
Índice | Desempenho em agosto (em %) | Desempenho em 12 meses (em %) |
CDI | 0,40 | 2,68 |
*A rentabilidade dos fundos vai até o dia 30 de agosto, dado mais atual disponível na Anbima.
*O desempenho mensal dos títulos e da poupança se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento
Investimento | Desempenho em agosto (em %) | Desempenho em 12 meses (em %) |
Fundo de ações investimento no exterior | 0,82 | 22,88 |
Multimercado investimento no exterior | 0,29 | 8,07 |
Multimercado livre | 0,18 | 6,36 |
Fundo de ações valor/crescimento | 0,18 | 15,02 |
Fundo de ações livre | -0,41 | 16,17 |
Fundo de ações índice ativo | -1,29 | 16,77 |
A rentabilidade dos fundos vai até o dia 30 de agosto, dado mais atual disponível na Anbima.
Índice | Desempenho em agosto (em %) | Desempenho em 12 meses (em %) |
Ibovespa | -2,48% | 17,23% |
O pior investimento na renda fixa no mês foi a aplicação no Tesouro IPCA+ 2045, com queda de -9,46%. Juliana Machado explica que, diante de dúvidas sobre o ambiente fiscal do país e a maior volatilidade, os títulos prefixados sofrem mais na marcação ao mercado, que é o ajuste do valor do ativo pelo seu preço de mercado em determinado dia.
"Se o investidor observar as curvas DI, elas abriram. Estamos vendo o mercado de juros apertado em termos de nervosismo, mostrando o aumento do prêmio de risco. Os investidores aceitam emprestar, mas querem um prêmio maior. Eles colocam isso no preço. Se o prêmio de risco aumenta, o preço do título cai", explica.
É uma relação inversa que funciona com os papéis de renda fixa.
Já na renda variável, os piores investimentos foram os fundos de ações índice ativo (-1,29%), enquanto o Ibovespa fechou em queda de 2,48%.
Para todos os investimentos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro. Também é importante mencionar que o ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações, sem descontar o imposto de renda (IR) e taxas cobradas por fundos, gestoras e corretoras.
Nas aplicações em fundos de ações, há cobrança de IR de 15%. Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.
Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. A poupança não tem cobrança de IR.