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Mulheres de ouro: os aprendizados que vão muito além de vencer

Além de serem responsáveis por todas as 3 medalhas de ouro do Brasil no Jogos Olímpicos de Paris 2024, atletas colocaram o protagonismo feminino na pauta esportiva

Rebeca Andrade: a maior medalhista olímpica do Brasil é uma das 3 mulheres que ganharam medalha de Ouro em Paris 2024 ( Gabriel BOUYS/AFP)

Rebeca Andrade: a maior medalhista olímpica do Brasil é uma das 3 mulheres que ganharam medalha de Ouro em Paris 2024 ( Gabriel BOUYS/AFP)

Carolina Cavenaghi
Carolina Cavenaghi

Cofundadora e CEO da Fin4she

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 08h50.

Última atualização em 14 de agosto de 2024 às 09h29.

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Bias, Rebecas, Dudas, Anas, Larissas, Martas, Gabis, Rayssas, Tatis… É inegável: as Olimpíadas de Paris 2024 foram delas.

O Brasil levou, pela primeira vez, uma delegação com mais mulheres do que homens e elas mostraram aquilo que vemos e vivemos todos os dias: as mulheres brasileiras são fortes, determinadas e vencedoras.

Das 20 medalhas que trouxemos para casa, 12 foram conquistadas por mulheres ou por equipes com mulheres. E o lugar mais alto do pódio também foi conquistado por elas, não uma, mas três vezes. As três vezes que o hino do Brasil tocou na premiação, as responsáveis foram essas mulheres que representaram o Brasil em sua totalidade.

“A verdade é que podemos fazer o que quisermos onde quisermos se não tivermos o nosso espaço negado.”

Olhar o resultado assim faz tudo parecer fácil, mas a realidade é bem diferente. Se vivemos em um país que impera a desigualdade de gênero em todas as áreas, no esporte não seria diferente. Ser atleta no Brasil já não é tarefa fácil, ser uma mulher atleta no Brasil tem ainda mais desafios.

Foi só em 1932 que nossas atletas puderam participar das Olimpíadas, mesmo ano em que as mulheres conquistaram o direito ao voto.  Infelizmente, essa não é uma realidade só do Brasil. Foi só em 2012 (ontem!) que as atletas femininas conseguiram participar de todas as modalidades presentes nos Jogos Olímpicos.

O dinheiro investido pelas marcas também reflete esta realidade. A diferença do valor de patrocínio da Copa do Mundo feminina de 2023 chegou a 83% em relação à masculina.

Enquanto os jogos no Catar geraram um patrocínio de US$ 1,7 bilhão, a Copa feminina teve um faturamento apenas de US$ 300 mil. Esses dados foram compilados pela "Omdia" e divulgados pela Time. Além disso, boa parte das atletas femininas não têm patrocinador.

Ainda bem que as coisas mudam (mesmo que não na velocidade que deveriam), e este ano tivemos a primeira edição dos jogos com as mulheres representando metade dos atletas. E que atletas.

Para os brasileiros, Rebeca, Bia, Ana Patrícia, Duda, Tati, Marta, Gabi, Rayssa, Larissa e todas as outras trouxeram orgulho, felicidade e, o mais importante, a representatividade. Tantas meninas agora passaram a sonhar com um título Olímpico depois dessas Olimpíadas.

Esse é o principal legado que as mulheres deixaram nessas Olimpíadas porque, como dizia Conceição Evaristo, mais importante do que ser a primeira é não a última.

Mesmo com baixo investimento, com as dificuldades e a desigualdade de gênero, elas foram lá, roubaram a cena e trouxeram medalhas. Que esse resultado e pioneirismo inspirador dessas atletas faça com que novos e melhores caminhos se abram para elas e tantas novas que vem por ai.

O que podemos aprender com a participação do Brasil nessas olimpiadas? Que no esporte não é somente sobre vencer, é sobre liderar, e o mesmo acontece na vida.

Ser a primeira é sempre difícil, ser aquela que abre tantas portas e navega pelo desconhecido.

Vencer não é somente sobre estar no lugar mais alto do pódio, é ser a primeira para muitas de nós.

Invistam em mulheres brasileiras, que são sinônimo de força e de sucesso, porque quando temos a oportunidade de estar em um espaço que deveria ser nosso há muito tempo, nós fazemos história.

Parabéns a vocês atletas, e o nosso muito obrigada por esse show de esperança.

Com carinho,

Carolina Cavenaghi

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