Mulher com dúvida: quem deseja comprar CDBs com taxas maiores devem ficar de olho no momento de abertura do mercado secundário (Marijus Auruskevicius/Thinkstock)
Marília Almeida
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 06h00.
Os altos rendimentos da renda fixa vêm atraindo investidores de volta para aplicações mais conservadoras. Segundo dados da B3, o número de investidores que investem em CDBs cresceu 21% no acumulado do ano até junho. O crescimento foi semelhante entre as LCIs e ainda maior quando se trata das LCAs, onde chegou a 50%.
Esta alta demanda pelos títulos bancários fizeram a remuneração paga pelos bancos murchar um pouco. Contudo, é possível conseguir rendimentos melhores, bem como há uma saída para quem está precisando de dinheiro e precisa vender esses títulos antes do vencimento.
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Tanto os títulos com taxas maiores como a possibilidade de vender as aplicações antes do prazo são as duas pontas do mercado secundário de renda fixa, no qual os títulos podem ser comprados e vendidos por pessoas físicas em corretoras, sem a necessidade de intermediação da instituição financeira que emitiu o título. O objetivo é dar mais liquidez a esses investimentos. Ou seja, permitir que sejam transformados em dinheiro de forma mais rápida.
Não existe um espaço específico dedicado ao mercado secundário de renda fixa nas plataformas de compra e venda de títulos. Quem deseja vender um CDB precisa acionar o seu assessor de investimentos e expressar o desejo, explica Fernando Siqueira, chefe de análises da corretora Guide. "Depois de comprá-lo com desconto, a corretora disponibiliza o título na plataforma com uma taxa maior".
Já no caso de quem quer comprar títulos com taxas maiores, vendidos por outros investidores, precisa ficar de olho na plataforma da corretora. Eles costumam aparecer entre os títulos disponibilizados por instituições financeiras no mercado primário. Esses CDBs, LCIs e LCAs com taxas turbinadas costumam acabar rápido, diz Marília Fontes, sócia-fundadora da casa de análises Nord. "O mercado secundário abre de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h. Portanto, aconselho a verificar se existem oportunidades o mais cedo possível".
Se os títulos vendidos ficam misturados aos títulos do mercado primário, como o investidor pode identificá-los? A dica é comparar taxas de instituições financeiras semelhantes. Se o CDB de um banco grande e seguro estiver pagando 120% do CDI, há grandes chances de que seja um título vendido no mercado secundário, já que essa remuneração geralmente é paga apenas por bancos de menor porte, que costumam oferecer mais risco aos investidores. Vale lembrar que CDBs, LCIs e LCAs são títulos garantidos pelo FGC no valor de até R$ 250 mil.
Há uma penalidade para quem deseja ter a comodidade de vender o título antes do prazo e fazer o dinheiro investido pingar na conta, explica Fontes, da Nord. "Para quem comprou um CDB a 120% do CDI A 120% do CDI, a corretora deve pagar de 105% a 110% do CDI. A plataforma usará parte desse desconto para revender o título com uma remuneração maior, equivalente a 130% do CDI". Quanto mais longe do vencimento do título, mais penalizado será o investidor que deseja vender a aplicação, e vice versa".
Como a corretora geralmente cobra um desconto alto para revender o título no mercado, a opção de venda do título só vale mesmo para quem precisa do dinheiro.
Para quem deseja comprar um CDB, mas não sabe se vai precisar do dinheiro até o vencimento do título, Fontes recomenda preferir títulos com liquidez diária. Estas aplicações podem ser vendidas a qualquer momento sem que para isso o investidor tenha de recorrer ao mercado secundário. No final, a remuneração desses CDBs são semelhantes a que o investidor teria caso revendesse o título antes do prazo.