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Vale mais a pena investir em renda fixa no Brasil ou nos EUA?

Entendas as diferenças para tomar a melhor decisão para o seu perfil e momento de vida

Os Estados Unidos atraem emissores e investidores de todo o mundo, aumentando a diversificação e a liquidez do mercado. (josecarloscerdeno/envato)

Os Estados Unidos atraem emissores e investidores de todo o mundo, aumentando a diversificação e a liquidez do mercado. (josecarloscerdeno/envato)

EXAME Solutions
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Publicado em 16 de setembro de 2024 às 17h00.

Você sabia que dá para investir em renda fixa recebendo os rendimentos em dólares? Pois é, isso é possível.

A renda fixa é aquele tipo de investimento em que você empresta um valor e recebe de volta com juros de forma previsível, pois concede crédito para uma instituição, seja ela um governo ou empresa.

Sabendo disso, vamos entender as diferenças entre renda fixa no Brasil e nos Estados Unidos.

Renda fixa em dólar

A primeira diferença entre investir em renda fixa no Brasil e nos Estados Unidos é a moeda. Para investir em renda fixa americana é necessário que você faça um câmbio, transformando assim os seus reais em dólares, e o seu retorno, por conta disso, também vai ser dolarizado.

Isso significa que além dos juros pagos pelos seus investimentos, o valor que você vai resgatar no final também vai ter o efeito da variação cambial. “E uma forma de buscar proteger o seu patrimônio de desvalorização da nossa moeda e até da inflação, já que muitos preços praticados no Brasil sofrem efeitos diretos do dólar também”, explica Paula Zogbi, da fintech Nomad, que oferece serviços financeiros globais para brasileiros.

Nomes diferentes

Outra diferença entre a renda fixa brasileira e a americana são as nomenclaturas. Nos Estados Unidos, tantos títulos de dívida de governos, que no Brasil são representados pelo tesouro direto, quanto as dívidas de empresas, que conhecemos como debentures, levam o mesmo nome: "bonds".

Os bonds do governo americano também são conhecidos como “treasuries”, os de outros governos levam o nome de “bonds soberanos”, e os de empresas privadas são os “corporate bonds”. Também existem os CDs, sigla para certificados de depósito. Eles são bem parecidos com os CDBs brasileiros, títulos de renda fixa emitidos por bancos em que você empresta para uma instituição financeira financiar suas próprias operações.

Abrangência do mercado

Os Estados Unidos atraem emissores e investidores de todo o mundo, aumentando a diversificação e a liquidez do mercado.

Emissores do mundo inteiro oferecem títulos nos Estados Unidos, tanto empresas quanto governos. Na plataforma de renda fixa da Nomad, por exemplo, é possível encontrar inclusive bonds de empresas brasileiras e do nosso governo, só que denominados em dólares. “Isso aumenta as possibilidades de diversificação do seu patrimônio e acrescenta liquidez a esse mercado”, detalha Paula.

Ela explica que caso o investidor queira negociar renda fixa no mercado secundário antes do vencimento, o número maior de participantes tende a facilitar que se encontre uma contraparte para a operação.

Só para dar uma ideia, de acordo com dados da SIFMA, o valor total dos títulos de renda fixa em circulação nos Estados Unidos foi de aproximadamente 53 trilhões de dólares em 2023, correspondendo a 40% de todo esse mercado. O Brasil representa apenas 2%.

Em relação ao mercado secundário, todos os bonds são marcados a mercado, explica Paula. “Isso significa que você pode vender antecipadamente se precisar, sempre lembrando que a remuneração contratada só é garantida caso você mantenha até o vencimento”, afirma. “Nos CDs a liquidez é menor, então o mais aconselhável é casar o prazo do investimento com a sua expectativa para quando você vai precisar desse dinheiro na sua conta.”

Falando em prazo, normalmente os CDs têm prazo mais curto, entre 3 e 24 meses. Os bonds podem ser de prazo curto também, mas existem bonds que são até perpétuos, sem vencimento. Nesse caso a remuneração vai ser sempre paga por meio de cupons. Aliás, essa é outra diferença entre o mercado brasileiro e o americano.

Pagamentos

Nos Estados Unidos, a maioria dos bonds realiza pagamentos regulares para os investidores. Em geral, a cada seis meses. Os que não fazem isso são chamados de zero cupom.

Normalmente, a taxa desse cupom é pré-fixada, mas existem bonds que remuneram uma taxa fixa acima de alguma variável, como por exemplo o CPI americano, que é um índice de inflação.

Risco de crédito

Outra diferença entre a renda fixa americana e a brasileira está no risco de crédito, que é a possibilidade do emissor da dívida não conseguir pagar o investidor.

Existem instituições mais e menos confiáveis nesse quesito, tanto no Brasil quanto no exterior. A boa notícia é que há empresas especializadas em dar notas de crédito para cada emissor de dívidas, para que o investidor tenha mais consciência de quem tem chances maiores de dar o famoso calote.

Essas notas são chamadas de rating, e essas empresas são conhecidas como agências de classificação de risco, sendo as mais famosas a Moody's Investor, a Fitch Ratings e a Standard & Poors. Normalmente, quanto menor o rating, maiores os juros pagos.

Vale pontuar que existem investimentos considerados praticamente livres de risco de crédito. Esse é o caso das treasuries. “Significa que no mercado americano você consegue encontrar títulos com risco de crédito mais baixos que no brasileiro, o que também é uma forma de buscar maior proteção para o seu patrimônio”, comenta Paula.

Aliás, por falar em risco de crédito, vamos a uma semelhança entre os mercados de renda fixa americano e brasileiro.

Assim como no Brasil existe o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para os CDBs, os CDs americanos contam com a proteção de um órgão chamado FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), que assegura investimentos de até 250.000 dólares por pessoa por instituição em caso de falência.

Tributação da renda fixa

Outro ponto importante de conhecer é a tributação. Para investir fora do país é preciso fazer uma transferência de dinheiro para o exterior, e nesse ato de enviar recursos para fora é preciso pagar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é de 0,38% do valor enviado.

Já o Imposto de Renda (IR) sobre investimentos no exterior incide a uma alíquota única de 15% sobre os rendimentos - equivalente a menor alíquota disponível para os investimentos em renda fixa no Brasil, quando eles são tributados. Lembrando que no Brasil a renda fixa que não é isenta de IR parte de um imposto de 27,5% que é regressivo e, portanto, vai diminuindo com o tempo do investimento, até chegar a 15%.

Visto tudo isso, você ainda tem dúvidas se vale a pena investir na renda fixa brasileira ou americana?

“A resposta é que provavelmente vale a pena investir nas duas”, diz Paula. “Os bonds e CDs podem ser uma boa forma de complementar a sua carteira de investimentos com um retorno previsível em dólares. É uma diversificação de riscos e de retornos para evitar que todo o seu dinheiro sofra efeitos de oscilações que possam acontecer exclusivamente no mercado brasileiro.”

Para escolher o título que mais combina com o seu momento, a recomendação é observar sempre o prazo de vencimento e a classificação de risco - e só depois de filtrar ativos que sejam compatíveis com a sua necessidade e o seu perfil, veja as melhores taxas disponíveis.

Acompanhe tudo sobre:branded-contentInvestir Nomad

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