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Temporada de resultados nos EUA: o que explica o otimismo do mercado?

De 11 setores listados nas bolsas americanas, 8 reportaram crescimento de receita, conforme levantamento da FactSet

Até agora, com quase a totalidade das divulgações publicadas, cerca de 80% dos números de lucro por ação vieram acima das projeções de mercado. (Jackyenjoyphotography/Getty Images)

Até agora, com quase a totalidade das divulgações publicadas, cerca de 80% dos números de lucro por ação vieram acima das projeções de mercado. (Jackyenjoyphotography/Getty Images)

Paula Zogbi
Paula Zogbi

Colunista

Publicado em 27 de maio de 2024 às 10h00.

Última atualização em 12 de junho de 2024 às 11h54.

“Se os juros não caem, por que a bolsa continua subindo?” Essa é a pergunta de 9 a cada 10 pessoas em conversas sobre o ambiente atual para o mercado de ações nos Estados Unidos. Em meio a especulações sobre juros altos por mais tempo, cenário que traz pressões para ativos de risco, o S&P500 já valorizou mais de 11% em 2024 até agora e as bolsas americanas seguem batendo recordes históricos. O que explica? É o micro, meu caro Watson.

A temporada de resultados do primeiro trimestre ilustra muito bem o que vem suportando o otimismo dos investidores com a bolsa, mesmo com um macro desafiador. Até agora, com quase a totalidade das divulgações publicadas, cerca de 80% dos números de lucro por ação vieram acima das projeções de mercado. E o crescimento de receita é considerável, de cerca de 5,5% em relação ao mesmo período de 2023 - o que corresponde à maior variação positiva desde o segundo trimestre de 2022.

Em linhas gerais, enquanto as empresas estão crescendo, acionistas podem ter incentivos para continuar investindo. E, embora as projeções das companhias para os próximos trimestres tenham vindo mistas, um resultado em especial ajudou a impulsionar os ânimos nos 45 do segundo tempo.

No dia 22 de maio, finalzinho do período em que as empresas americanas reportaram, a ´título de exemplo, destacamos a Nvidia, que superou as estimativas em praticamente todos os números divulgados, com crescimento de 262% na receita, para US$ 26 bilhões, projeção de aumento para US$ 28 bilhões e destaque absoluto para os data-centers de computação em nuvem, correspondendo a aproximadamente 87% da receita total e indicando mais uma vez um futuro promissor para a tese mais popular do mercado nos dias atuais: inteligência artificial.

O primeiro trimestre foi marcado por investimentos faraônicos nessa frente: a Alphabet, por exemplo, reportou investimentos de US$ 12 bilhões no desenvolvimento de IA, aumento de 90% em relação ao mesmo período do ano passado. E essas perspectivas não estão trazendo resultados apenas para Nvidia, big techs e companhia: são o grande motor do mercado de maneira geral, sustentando, por exemplo, a valorização de mais de 11% das ações de energia no ano até agora e até um boom de 30% do cobre, conhecido por sua alta condutividade elétrica e, portanto, muito usado em data-centers.

E para quem se preocupa que o mercado esteja se apoiando totalmente em uma única tese, de 11 setores listados nas bolsas americanas, 8 reportaram crescimento de receita, conforme levantamento da FactSet, ainda que nem todas as distorções do pós-pandemia tenham sido superadas e algumas empresas relevantes, como Starbucks e McDonald’s, tenham alertado para uma possível tendência de desaceleração no consumo à frente.

Para concluir, o cenário macro é relevante para o rumo do mercado de capitais, mas a dinâmica dos preços das ações sempre será primeiramente conectado à capacidade das companhias de crescer, se desenvolver e entregar resultado aos acionistas, agora e no futuro.

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