CEO e sócio-fundador da Trígono Capital listou as principais lendas que rondam as small caps (Reprodução/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 07h30.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 14h52.
O ano de 2024 promete ser de queda de juros e as empresas de menor capitalização, conhecidas como small caps, têm atraído a atenção dos investidores. No entanto, essas companhias costumam ser marcadas por concepções que não necessariamente condizem com a realidade. Pelo menos é isso o que a Trígono Capital defende e tem atuado para desmistificar.
Frederico Mesnik, CEO e sócio-fundador da gestora, aponta que ao longo da sua carreira se deparou com equívocos sobre as small caps que não condizem com os seus 35 anos de experiência com o mercado financeiro. Entre um dos principais “mitos” que ele destaca está a suposta falta de governança dessas companhias. “Acabamos de ver problemas da Vale (VALE3) com Brumadinho, a Braskem (BRKM5) com o sal-gema em Maceió, a inconsistência contábil na Americanas (AMER3). São todas empresas grandes e não houve casos do tipo com as pequenas.”
À EXAME Invest, o executivo listou quais as principais lendas que rondam as small caps e que os investidores precisam se atentar. Confira a seguir.
A primeira lenda sobre as small caps vem justamente do índice que em teoria é composto somente por empresas que, por definição, teriam uma capitalização de R$ 300 milhões a R$ 2 bilhões. Mas a realidade não é exatamente essa.
“O índice SMLL conta com empresas como brMalls (BRML3), Azul (AZUL4), Bradespar (BRAP4), entre outros nomes, [cujas capitalizações] superam esse conceito. O único ‘índice’ que reflete puramente as companhias small caps e também micro é o TRIG11”, diz Mesnik.
Recentemente, a gestora fez um levantamento para avaliar o desempenho das empresas de baixa capitalização. Para isso, segundo Mesnik, foi feita uma comparação entre o Ibovespa e o ETF TRIG11. No entanto, o índice SMLL não foi considerado, já que ele comporta tanto empresas pequenas quanto medianas.
Segundo ele, considerando os resultados de 60 mil movimentações, sendo 30 mil aplicações e 30 mil resgates de abril de 2008 a setembro de 2023, o Ibovespa apresentou uma volatilidade de 27%, enquanto o índice TRIG11 teve 24% no mesmo período. “O desempenho das small caps que compõem o o nosso ETF foi superior ao índice Bovespa em 94% das janelas de comparação.”
Mesnik afirma que um equívoco que sempre é atrelado às companhias menores é de que elas são mais frágeis — “que se um vento forte bater, elas vão quebrar”, diz. No entanto, o co-fundador da Trígono explica que embora elas sejam mais cíclicas, são empresas com maior liquidez quando se avalia a divisão do ativo pelo seu passivo, além de melhores múltiplos preços sobre os lucros (P/L) e dividend yield.
“As small caps são menos suscetíveis aos juros por serem menos alavancadas do que as grandes empresas, e são mais sólidas”, diz. Além disso, o especialista lembra que, no período em que a gestora fez o levantamento, houve eventos nacionais e internacionais que geraram muita volatilidade nos mercados. “Porém o tempo de estresse do TRIG11 tem menos amplitude do que o de outros índices, como o Ibovespa.”
Não é porque uma empresa tem uma capitalização maior que necessariamente o investidor terá mais segurança de retornos. “Eu lembro da Magazine Luiza (MGLU3) que os gestores pegaram logo no começo e subiu muito. Depois de subir muito, os investidores foram atrás, porém pegaram o final da fila e o papel despencou na cabeça deles”, diz Mesnik.
O gestor destaca que numa janela de dois anos os papéis da varejista acumulam uma queda de cerca de 90%. “Muitos investidores têm medo do desconhecido, além de acreditarem que conhecem bem os fundamentos das empresas grandes apenas porque elas são mais ‘vistas’ que as small caps.”
Por fim, outra lenda sobre as empresas small caps que Mesnik desmistifica é em relação à liquidez. Ele destaca que o índice SMLL tem uma média de liquidez diária na casa dos R$ 30 milhões, enquanto o TRIG11 tem por volta de R$ 22 milhões. “Desde a crise de 2008, a liquidez das empresas small caps cresceu seis vezes. Isso é muito e ainda há margem para mais crescimento”, diz.