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Selic a 15%, mas não por muito tempo: hora de investir nos prefixados?

Expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte juros no começo de 2026

Prefixados: com queda de juros no radar, título pode ser uma boa opção

Prefixados: com queda de juros no radar, título pode ser uma boa opção

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 06h00.

Assim como era amplamente aguardado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa de juros em 15% ao ano. O Banco Central ainda não foi explícito sobre quando a Selic vai começar a cair, mas o mercado prevê que isso ocorra já no começo do ano que vem.

Enquanto a expectativa era de que os juros continuassem ou subindo ou não havia horizonte para o início de um ciclo de alívio, os títulos prefixados eram pouco recomendados. "É um título em que você fixa nele o valor que ele vai valer no vencimento", lembra Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos.

A remuneração do prefixado é "travada" e, a depender do contexto, pode até mesmo perder para a inflação. Com o agravante de que o investidor pode perder dinheiro se optar por sair do ativo antes do vencimento. É o risco da marcação a mercado.

A rentabilidade do prefixado acompanha a curva de juros futuros, que oscila diariamente. E isso interfere diretamente no valor de face do ativo. Quando os juros sobem, o preço do título em si cai — e vice-versa.

“Imagina que você foi à feira, comprou 1 kg de laranja por R$ 5 às 8h. Geralmente, no final da feira, essa mesma laranja está mais barata, e agora vale R$ 3. Isso é uma marcação ao mercado”, explica Christiano Clemente, CIO do Santander Private Banking.

Ou seja, se o investidor decidir vender o seu prefixado na hora da 'xepa', vai receber menos do que pagou quando adquiriu o título.

“É importante notar que esse tipo de título é para quem tem apetite por risco de moderado a arrojado, porque pode ser que o investidor tenha perda se precisar sacar antes do vencimento”, acrescenta Fontes, da Nord.

Momento propício

Sabendo que os juros estão prestes a cair, o investidor do prefixado ganha um pouco mais de visibilidade. Em tese, o valor de face do título tende a ser menos pressionado, já que os juros DI, que terminam a rentabilidade do ativo, tendem a recuar. O risco de perder dinheiro pela marcação a mercado, em um resgate antecipado, diminui. Isso, na ótica do curto prazo.

Num horizonte mais longo, é difícil prever como as taxas irão se comportar e se o título irá valorizar ou desvalorizar, caso o investidor queira vender antes.

"Só não adianta comprar o prefixado depois que o ciclo de corte de juros já começou”, aponta Álvaro Frasson, estrategista macro do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Hoje já não é fácil encontrar um título prefixado que remunere os 15% do atual patamar da Selic. Isso porque o mercado já precificou o corte de juros na curva — aquela que define a rentabilidade do ativo.

“O momento de ir para prefixado é quando o investidor entende que tem muito retorno para o risco que quer correr, ou quando acha que a situação vai estar melhor do que o mercado está olhando”, aponta Clemente, do Santander.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, por mais que a Selic esteja a 15%, isso não quer dizer que será possível encontrar um Tesouro Prefixado a 15%. Isso porque o mercado já precificou o corte de juros na curva e o valor do prefixado é composto pelo diferencial de juro entre o preço de tela da B3 da curva e o prêmio de risco do governo, explica Clemente.

Nem pré, nem pós

Diferentemente do Tesouro Prefixado, o Título IPCA+ é um ativo híbrido: tem uma taxa prefixada (o valor após o +, que corresponde ao juro real) e um valor pós-fixado, no caso, a inflação.

O  Tesouro Prefixado é mais sensível às tendências inflacionárias e pode ter sua rentabilidade neutralizada. Por exemplo: se um título rende 15% e a inflação fica em 5%, o retorno real é de 10%. Se a inflação sobe a 7%, o retorno real vai a 8%.

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Já no IPCA+, o investidor consegue uma proteção, já que o retorno acompanha a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Em ambos, você tem que achar que as taxas de juros vão cair e por isso quer travá-las por um longo tempo. Mas no IPCA+, você tem que achar que a taxa de juros vai cair com a inflação implícita subindo”, diz Fontes.

Em um cenário ideal de queda de juros, “com um Banco Central crível”, a executiva aponta que até 60% da carteira pode ir para prefixados. Mas, com ano eleitoral a vista e problemas fiscais ainda no radar — que podem levar a juros mais altos por mais tempo — a recomendação da especialista é de “no máximo 10%”.

Já Frasson aponta que mesmo o investidor mais arrojado não deveria passar de 15%. Clemente diz entre 15% e 18%.

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