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Petróleo dispara com guerra entre Israel e Hamas: quais investimentos podem ser impactados?

Desde o começo do conflito, petróleo WIT subiu 6,38%, enquanto o Brent valorizou 4,04%

Guerra Israel-Hamas: petróleo dispara e pode subir mais (Anton Petrus/Getty Images)

Guerra Israel-Hamas: petróleo dispara e pode subir mais (Anton Petrus/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 21 de outubro de 2023 às 08h00.

Última atualização em 23 de outubro de 2023 às 17h16.

Os investidores observam os desdobramentos da guerra entre Israel e Hamas e o impacto no cenário econômico. Um dos maiores reflexos até o momento é a alta do petróleo que, segundo analistas ouvidos pela EXAME Invest, pode gerar um efeito em cadeia na inflação e juros e, consequentemente, na carteira de investimentos.

Em 6 de outubro, um dia antes do início do conflito, o contrato futuro do WTI para dezembro valia US$ 82,79. No fechamento desta sexta-feira, 20, o barril fechou em US$ 88,08 na New York Mercantile Exchange (Nymex), uma alta de 6,38%. Já o contrato futuro do Brent, estava cotado a US$ 82,58. Hoje, fechou em US$ 92,16 na Intercontinental Exchange (ICE), uma alta de 4,04%.

“Sabemos que o petróleo é um componente gerador de inflação. Quanto maior o preço da commodity, maior o custo do combustível. Sendo o transporte rodoviário o principal modal do Brasil, se o custo do combustível subir, isso gera o efeito em cadeia em praticamente todos os produtos, ocasionando um aumento generalizado dos preços”, comenta Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.

Investimentos que podem ser afetados

Com uma expectativa de inflação maior do que a esperada pela frente, os juros futuros (contratos DIs) podem subir. O movimento afeta diretamente os títulos prefixados já que, com o mercado estressado, os investidores irão demandar um retorno maior para os ativos que têm prazos médios e longos. “A demanda por taxas maiores nos ativos prefixados significa que os títulos têm que negociar com preços menores (dado que as taxas são prefixadas). O efeito prático é a possível desvalorização desses títulos”, explica Caio Fasanella, Diretor de Investimentos da Nomad.

Na outra ponta, dólar, títulos americanos e ouro podem se beneficiar. Isso porque quando há um cenário de risk off, os investidores historicamente correm para ativos seguros. Por conta disso, Celso Pereira, também diretor de investimentos da Nomad, orienta que, por hora, o investidor pode optar por aumentar relativamente suas alocações na divisa americana e em ativos de renda fixa de curto prazo.

Além disso, Petrokas comenta que, em cenários de incerteza, o ideal é que o investidor fique de olho em ações mais defensivas, como empresas do setor elétrico e de saneamento, que tendem a ser mais resilientes em cenários de alta volatilidade. “Companhias como Sanepar (SAPR4), Sabesp (SBSP3) e Equatorial Energia (EQTL3) apresentam mais resiliência. Para os mais arrojados, nomes como Prio (PRIO3) podem se beneficiar também caso o conflito piore e isso se reflita no preço do petróleo”, afirma.

Envolvimento do Irã preocupa mercado do petróleo

Apesar da disparada no petróleo, Lais Costa, analista da Empiricus Research, ilustra que o impacto maior nos mercados só aconteceria caso haja um envolvimento direto de outras economias mundiais. Um exemplo seria a imposição de alguma restrição pelos Estados Unidos às exportações do Irã. Isso porque nem Israel, nem o Estado da Palestina são produtores de petróleo. Contudo, o Irã é um dos principais produtores da região e é aliado do Estado da Palestina. Já na outra ponta, EUA apoiam Israel.

“O conflito, que iniciou de forma localizada, pode rapidamente envolver outros países da região e se alastrar demandando o posicionamento de grandes potências. A eventual participação do Irã é particularmente preocupante pois, além de ser relevante militarmente, é um grande produtor de petróleo. Apesar de não haver impacto direto na oferta em um primeiro momento, um conflito no Oriente Médio tem potencial para gerar problemas no mercado de petróleo”, complementa Fasanella.

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