Sara, sócia fundadora da Dahlia: entre suas apostas estão papéis da Eneva, Weg, Petz e Santos Brasil (Germano Lüders/Exame)
Marília Almeida
Publicado em 7 de outubro de 2021 às 12h02.
Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 06h14.
Avanço da vacinação, crise hídrica e inflação são apenas alguns dos pontos que devem ser considerados quando se analisa o que esperar para a bolsa de valores nos próximos meses e em 2022.
Para ajudar o investidor a tomar decisões neste cenário de incertezas, Fabiana Arana, sócia do BTG Pactual, recebeu três gestoras no encerramento do BTG Invest Talks, evento gratuito realizado pelo banco de investimentos para falar sobre suas perspectivas e apostas.
Veja abaixo os principais pontos do painel que reuniu Priscila Araújo, sócia e gestora de renda variável da Macro Capital, gestora de fundo multimercado criada em 2019; Beatriz Fortunato, sócia fundadora e gestora da Studio Investimentos, que tem um fundo de ações; e Sara Delfim, sócia fundadora da Dahlia Capital.
Delfim, da Dahlia, citou pontos que chamam a sua atenção. Um deles é o fato de a economia americana estar se recuperando, tanto que o BC americano começa a reduzir estímulos que concedeu durante a pandemia. Sobre as empresas brasileiras na bolsa, citou que seus balanços estão saudáveis e mais eficientes do que eram em 2015, na última recessão. Ambas as características tornam o investimento em ações atrativo agora.
Assim como Delfim, Fortunato está otimista em relação ao mercado de renda variável. "O problema fiscal vem sendo endereçado e isso faz com que os juros longos fiquem mais comportados, o que beneficia as empresas".
Araújo, da Macro, reforça o otimismo com as empresas na bolsa apontando que por mais desafiador que seja o cenário vale lembrar que muitas empresas líderes de mercado ganham participação em momentos desafiadores. "Por exemplo, no setor de vestuário, que é muito fragmentado e sofre mais com a alta dos juros e da inflação, empresas bem geridas, com maior acesso a capital, têm maior poder de fogo neste momento. A crise não foi homogênea e a recuperação também não vai ser".
As gestoras concordam no otimismo em relação a bolsa, mas será que as ações estão baratas?
Delfim, da Dahlia, acredita que sim. "Temos empresas bem posicionadas no mercado, que geram caixa e não podem valer agora menos do que valiam antes da pandemia. As empresas estão gerando o dobro de caixa, pagando o dobro de divivendos. Não faz sentido que valham menos por ruídos de curto prazo se os fundamentos das companhias continuam bons".
Durante o painel. as gestoras abriram suas apostas. Fortunato, da Studio, diz buscar empresas com motor próprio, que podem ganhar market share mesmo quando há pouco crescimento no país, e cita o caso da Localiza. "A locadora de carros foi a ação que mais deu retorno a acionistas desde a abertura de capital, pois construiu vantagens competitivas difíceis de replicar". Também está no radar da gestora companhias com poder de preço, como Hapvida (HAPV3) e Natura (NATU3). "Ambas têm produtos relevantes e marcas com atributos que permitem cobrar um preço acima do mercado".
A Dahlia também aposta em papéis de empresas que terão um bom desempenho com o país crescendo ou não, diz Delfim. "Um exemplo é a Eneva (ENEV3), que atua no setor de gás natural. É uma empresa com uma boa gestão, que multiplicou o preço do seu papel por três desde que compramos. Também apostamos na Weg (WEGE3), que atua no segmento de eletrificação de carros, energia gerada a partir de queima do lixo. É uma empresa em constante renovação. Também gostamos da Petz (PETZ3) e da Santos Brasil (STBP3)".
Araújo, da Macro Capital, indica olhar para empresas de tecnologia. "Em momentos de instabilidade do mercado a tendência é ir para o seguro e o garantido. Mas existe uma vertente de empresas com foco em crescimento que é a transformação digital, uma tendência indiscutível. Vale separar o joio do trigo e verificar quem são ganhadoras no segmento no médio e longo prazo".
Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso.