Magazine Luiza (MGLU3): ações disparam mais de 20% apenas na segunda semana de novembro (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 10 de novembro de 2023 às 18h39.
Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 18h43.
Novembro tem sido de ganhos para as ações da Magazine Luiza (MGLU3) no Ibovespa, que acumulam alta de 20,81% apenas nos dez primeiros dias do mês. Ainda que o cenário pareça favorável à companhia, que divulga o seu balanço do terceiro trimestre na próxima segunda-feira, 13, os analistas não parecem empolgados.
Na visão de especialistas ouvidos pela EXAME Invest, parte do movimento ascendente da Magazine Luiza nos últimos pregões deve-se, principalmente, à expectativa de queda futura — o que no jargão do mercado é chamado de short squeeze. Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, explica que o salto recente fez parte de uma tomada de riscos por parte dos investidores.
“Há um pouco de movimento técnico de short squeeze em MGLU3. Basicamente, o papel estava bastante ‘vendido’. E quando há uma melhora do cenário macroeconômico, esses investidores, que estão apostando na queda dos papéis, recompram a ação para não estarem posicionados ou para reduzir a exposição a esse evento”, afirma.
A exemplo disso, o cenário macroeconômico serviu de trampolim para as ações da Magalu saltarem 23,78% na terça-feira foi a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O papel já tinha repercutido na última semana a decisão do Banco Central para cortar a taxa Selic para 12,25% ao ano. No dia seguinte da decisão, as ações subiram 12,03%.
Esse impacto, como lembra Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, deve-se ao fato de a taxa básica de juros influenciar diretamente tanto na demanda por crédito quanto nos custos de capital de empresas como a Magalu. “Os membros do Copom sinalizaram que mais cortes de juros na magnitude de 0,50 pontos percentual (p.p.) estão contratados, o que beneficia as empresas mais cíclicas do setor de varejo”, esclarece.
A temporada de balanços do terceiro trimestre segue a todo vapor, mas poderá frear a trajetória de alta das ações da Magazine Luiza. A exemplo disso, sua concorrente, a Casas Bahia (BHIA3), divulgou números que decepcionaram investidores e analistas, com resultados mais baixos do que já eram esperados.
Com um cenário ainda desafiador para a companhia, a expectativa dos analistas é que o balanço da Magalu não siga um caminho diferente da rival. “Ainda que os cortes de juros possam beneficiar a empresa, o ambiente está mais competitivo, o que pressiona mais os resultados. Para os balanços que serão divulgados, a expectativa é de retração das receitas na casa de 3% a/a e de 8% do Ebitda, dada a menor demanda no terceiro trimestre”, avalia Costa.
Falando em competitividade, o fim do ano é a principal época para o varejo brasileiro. E não é à toa: black friday e Natal impulsionam o consumo em todo o país. Ainda assim, as perspectivas não são muito otimistas nem para a Magazine Luiza, nem para a Casas Bahia.
Na visão de Ferrer, ambas companhias não terão balanço suficiente para estarem bem estocadas e fazerem um promocionamento que as façam atuar como protagonistas nas compras de fim de ano. “Acredito que elas serão mais coadjuvantes. A minha posição é para o setor de e-commerce, com o Mercado Livre (MELI34), que eu acredito ser o grande cavalo para o segmento”, finaliza.