Cristiano Corrêa, Jerson Zanlorenzi, Juliana Machado e Sandra Blanco dão dicas aos novos investidores (primeimages/Getty Images)
A bolsa brasileira conta atualmente com 4,2 milhões de investidores pessoa física – sendo que 1,5 milhão deles passaram a investir nos últimos 12 meses. Como toda nova atividade, investir pela primeira vez pode ser um desafio. A boa notícia é que os principais erros e deslizes podem ser evitados.
E, tomada a decisão de investir, é preciso continuar atento. Para ajudar o investidor a dar os primeiros passos – e não sair do bom caminho nos seguintes – a EXAME Invest conversou com alguns especialistas sobre as principais dicas na hora de começar a investir.
Conheça alguns erros de investimento para evitar e investir melhor:
Investir sem primeiro poupar torna o processo muito mais difícil. De acordo com Sandra Blanco, estrategista de investimentos da corretora Órama, esse é um dos pontos que muitos se esquecem quando são levados pelo entusiasmo do mundo dos investimentos. “O importante é não gastar 100% do dinheiro disponível, e, sempre que possível, separar uma fatia para investir”, afirmou.
É importante calibrar o horizonte de tempo ao investir. A ideia de que é possível alcançar rendimentos altos em pouquíssimo tempo gera pessoas frustradas que podem ser mais propícias a desistirem dos seus investimentos. Para Cristiano Corrêa, coordenador do curso de administração e professor de finanças do Ibmec, “o investimento é, antes de tudo, um compromisso [com horizonte de longo prazo]”.
Por ser um assunto com muitos termos técnicos e jargões, as pessoas podem se assustar ao tentar entender o universo dos investimentos, mas Juliana Machado, analista de fundos do BTG Pactual, defende que é necessário vencer esse medo. Para a analista, o caminho mais saudável é ter clareza sobre seus objetivos: o que motivou o investimento e quais são os resultados esperados. As metas funcionam como uma espécie de guia de rota.
“Quando as pessoas escutam ‘estratégia de investimento’ e ‘diversificação’ tendem a acreditar que é um processo difícil ou muito trabalhoso. Não é, basta você compreender onde quer chegar e os motivos que te fizeram seguir aquele caminho. É muito importante saber responder isso para si mesmo”, disse Juliana.
Para Blanco, da Órama, é essencial ter um plano de aprendizado, onde o objetivo é escolher fontes confiáveis para se informar, de forma constante. “É importante sempre buscar informações, porque você não vai aprender tudo o que é necessário em apenas um curso, ou em único vídeo. Estou no mercado há quase trinta anos e aprendo todos os dias”, comentou a estrategista.
Outra opção é contar com a orientação de um profissional, como um assessor de investimentos – etapa considerada essencial por Corrêa, do Ibmec. "Hoje, a grande maioria das corretoras possuem o acesso à figura do assessor de investimento que pode ajudar essa pessoa a conhecer um pouquinho mais, a entender, mesmo às vezes sendo difícil começar”, argumentou.
Momentos de risco abrem uma janela de oportunidade que nem sempre os investidores iniciantes conseguem aproveitar. Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, acredita que o segredo é manter a cabeça fria, mesmo quando as ações passam por fortes quedas.
“É preciso parar e organizar a sua estratégia, se lembrando que tem grandes empresas na bolsa que passaram por diversas crises e estão bem hoje. Inclusive, muitas delas saíram até mais forte de crises passadas. São momentos de ‘seleção natural’ das melhores dentro de cada setor”, disse.
O efeito manada acontece quando muitas pessoas investem em algo que está valorizando, na expectativa que a tendência de alta continue – tanto que investir na alta e vender na baixa é um dos erros clássicos de quem está aprendendo a lidar com ativos.
Um exemplo que se aplica ao momento atual é a guinada do investidor para produtos de renda fixa em um momento em que a Selic já está elevada. “As pessoas se voltam muito para os produtos de renda fixa, mas o momento em que fazem isso não é o ideal. O investidor deve procurar o investimento no início ou mesmo antes do ciclo de alta dos juros, para não perder toda a rentabilidade que os fundos ligados à parte de renda fixa têm sobre o CDI”, afirmou Zanlorenzi.